Liderança e motivação - práticas novas, propósitos antigos
Trabalho acadêmico: Liderança e motivação - práticas novas, propósitos antigos. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: rveloso2567 • 25/2/2015 • Trabalho acadêmico • 9.638 Palavras (39 Páginas) • 238 Visualizações
Liderança e motivação – práticas novas, propósitos antigos
José Lourenço de Sousa Neto (nov/2002)
Resumo
O trabalho a seguir repassa alguns dos principais conceitos sobre liderança, comentando alguns pontos específicos, detendo-nos mais demoradamente na visão atual de liderança como administração do sentido.
I. Introdução
A liderança é um assunto que sempre despertou interesse. Tanto é, que especulações em torno dela remontam a “A República”, de Platão, e mesmo aos diversos livros do Antigo Testamento, da Bíblia, passando por vários autores e obras ao longo dos séculos, conforme citado por Bergamini (1994, p.23). Nos últimos 60 anos esse interesse acirrou-se, especialmente com o advento das teorias científicas da administração e dos estudos organizacionais. Apesar disso, poucos assuntos são tão controversos quanto este, não havendo até agora uma definição de aceitação universal.
Cada nova abordagem critica as anteriores, mas é forçoso reconhecer que todas têm sua validade. Como é de praxe na construção científica, é como se cada escola acrescentasse uma pedra ao edifício conceitual, sem que nenhuma delas detivesse, pelo menos até o momento, a palavra final ou mesmo a condição de abranger todo o sentido do que seja liderança.
Nosso propósito, neste trabalho, é repassar o que tem sido apresentado pelos estudiosos do tema, comentando alguns pontos específicos, detendo-nos mais demoradamente na visão atual de liderança como administração do sentido. Apresentando ao final nossas conclusões sobre o que foi visto. A linha que nos conduzirá é a obra de Cecília Whitaker Bergamini: Liderança. - Administração do Sentido (São Paulo: Ed. Atlas, 1994).
II. O que é liderança?
O dicionário informa:
Liderança: espírito de chefia; forma de dominação baseada no prestígio pessoal e aceita pelos dirigidos (Dic. Aurélio). Função, posição, caráter de líder; espírito de chefia; autoridade, ascendência (Dic. Houaiss).
Líder: Indivíduo que chefia, comanda e/ou orienta, em qualquer tipo de ação, empresa ou linha de idéias; guia, chefe ou condutor que representa um grupo, uma corrente de opinião, etc. (Dic. Aurélio). Indivíduo que tem autoridade para comandar ou coordenar outros; pessoa cujas ações e palavras exercem influência sobre o pensamento e comportamento de outras; pessoa que se encontra à frente de um movimento de caráter religioso, filosófico, artístico, científico, etc.; algo ou alguém que guia, conduz (Dic. Houaiss).
Além de incompletos, se queremos entender como o fenômeno ocorre no interior do grupo e da organização, as definições acima começam com uma falha grosseira, para quem já se ateve um pouco que seja sobre o assunto – confunde liderança com chefia e líder com chefe.
Bergamini lista uma série de conceitos apresentados por vários estudiosos, nos últimos 25 anos, sem que qualquer um deles seja conclusivo. Dois pontos, porém, perpassam todos os conceitos – é um fenômeno de grupo, isto é, não se fala de líder/liderança em se tratando de um indivíduo isoladamente; e trata-se “de um processo de influenciação exercido de forma intencional” (Bergamini, 1994: 15). A autora entende que Hollander apresenta a definição mais abrangente:
O processo de liderança normalmente envolve um relacionamento de influência e duplo sentido, orientado principalmente para o atendimento de objetivos mútuos, tais como aqueles de um grupo, organização ou sociedade. Portanto, a liderança não é apenas o cargo do líder mas também requer esforços de cooperação por parte de outras pessoas. (Hollander , apud Bergamini, 1994: 15).
De forma parecida, Robbins define “liderança como a capacidade de influenciar um grupo em direção ao alcance dos objetivos”, ressaltando que “nem todos os líderes são administradores, nem todos os administradores são líderes”. E chama a atenção para o fato de que
As organizações precisam de liderança forte e administração forte para atingir sua eficácia ótima. No mundo dinâmico de hoje, precisamos de líderes que desafiem o status quo, criem visões de futuro e sejam capazes de inspirar os membros da organização a querer realizar essas visões. Também precisamos de administradores para elaborar planos detalhados, criar estruturas organizacionais eficientes e gerenciar as operações do dia-a-dia. (Robbins, 2002: 304).
Bergamini chama a atenção para uma nova dimensão do conceito de liderança, ao apontar a “administração do sentido” e, ao final da introdução da sua obra, deixa claro o que entende por liderar:
“Liderar é, antes de mais nada, ser capaz de administrar o sentido que as pessoas dão àquilo que estão fazendo”, acrescentando que “essa administração do sentido implica o conhecimento e domínio das características da cultura da organização, ao mesmo tempo em que liderar exige também o conhecimento do sentido que cada um dá à atividade que desempenha”, para finalizar reconhecendo que “no cruzamento dessas duas fontes de significado é que o líder se tem proposto, cada vez de forma mais clara, como elemento-chave dentro das organizações” (Bergamini, 1994: 22).
III. Revisão histórica
Apesar de ser tema estudado desde a antigüidade, como ficou dito acima, as questões centrais para a liderança – motivação, inspiração, sensibilidade e comunicação – permanecem as mesmas de 3.000 anos atrás. Bergamini informa que um estudioso do assunto, após estudar mais de 3.000 livros e artigos sobre o assunto, “concluiu que não se sabe mais a respeito desses assuntos hoje em dia do que se sabia quando toda a confusão teve início” (Bergamini, 1994: 24).
A busca de soluções fáceis levou ao surgimento de uma verdadeira indústria de formação e/ou treinamento de líderes, com pacotes sendo vendidos como solução para os problemas organizacionais na área. A teoria dos estilos de liderança foi a que deu mais azo a tal panacéia, cuja falácia será apontada, quando a estudarmos abaixo.
Exatamente por ser o terreno ainda “escorregadio e ilusório”, além de se evitar acatar como verdadeiros conceitos já desacreditados, ou mesmo aqueles ainda não devidamente consolidados por pesquisas sérias, é que importa rever o que já foi estudado.
III.1 - Teoria dos traços
Marco inicial dos estudos sobre liderança, essa teoria dá ênfase a características pessoais do líder.
“Os líderes deveriam possuir
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