Linguagem epensamento : S ua multiformidade e interrelação

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA

BACHARELADO EM PSICOLOGIA

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO – DEDC I  

CURSO DE PROCESSOS PSICOLOGICOS BÁSICOS – APL

Docente: Edleusa Garrido

Discente: Emmanuelle Sousa

PENSAMENTO E LINGUAGEM: Sua multiformidade e inter-relação.

Salvador, novembro de 2015.

EMMANUELLE DA SILVA SOUSA

PENSAMENTO E LINGUAGEM: Sua multiformidade e inter-relação

Trabalho apresentado a docente Edleusa Garrido como trabalho parcial de conclusão da disciplina Processos Psicológicos básicos- APL, no 3º semestre do curso de Psicologia.

Salvador, novembro de 2015.

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 4

A MULTIFORMIDADE DA LINGUAGEM E DO PENSAMENTO 5

VIGOTSKI E PIAGET: Sobre a fala e pensamento da criança 7

CONCLUSÃO 10

REFERÊNCIAS 11

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1. INTRODUÇÃO

    O estudo do pensamento e da linguagem é um dos campos da psicologia em que é de suma importância uma compreensão clara sobre os fenômenos estudados e das relações interfuncionais entre eles.

Entretanto o problema da especialização cientifica exacerbada desde os tempos de Vigotski (1896- 1934) – segundo aponta o autor- tem impedido um estudo interdependente desses dois fenômenos distintos de forma sistemática e detalhada. O mesmo autor afirma que existem duas maneiras de lidar com a problemática da interpelação entre pensamento e fala, a primeira excluindo as suas diferenças e tornando linguagem e pensamento a mesma coisa, como Watson um dia propôs afirmando ser o pensamento a fala sussurrada. E a outra maneira é negar a sua interdependência, segundo Vigotski ambos caminhos levam ao erro, sendo encontrados estes no método de análise. É necessário ressaltar as suas diferenças e entender, principalmente no processo de aquisição e desenvolvimento a interdependência entre eles.

Não foi encontrado na bibliografia estudada aonde se inicia os estudos do pensamento e da linguagem, entretanto é clara a importância atribuída a Piaget nesse campo, segundo o próprio Vigotski, Piaget revolucionou o estudo desses fenômenos, e a psicologia deve muito a ele. Este desenvolveu um método clínico de investigação de ideias infantis, e vem sendo utilizado de forma ampla desde a sua publicação. Além de Piaget e Vigotski e as respectivas abordagens teóricas que se apoiam nos estudos desses autores, as Neurociências, o Behaviorismo Radical e tradicionalmente a Linguística tem contribuído significativamente para o avanço nos estudos desses dois fenômenos. Nessa produção desejo abordar a multiplicidade da linguagem e do pensamento, além de apresentar a perspectiva piagetiana e vigotskiana e também as bases biológicas desses processos cognitivos.

1. A MULTIPLICIDADE DA LINGUAGEM E DO PENSAMENTO  

A linguagem está presente em toda a vida do indivíduo, desde o berço até a sua morte, a linguagem está em cada a, possibilitando a cooperação no mundo do trabalho, o conhecimento do mundo e o autoconhecimento, o exercício da cidadania, o aprendizado, a expressão de sentimentos e a imaginação entre outras dimensões da vida humana. Isto porque a linguagem tem a função essencial de comunicação e intercâmbio social, bases determinantes para a constituição humana.

Por seu caráter multiforme e heterogêneo, a linguagem vem sendo estudada por várias disciplinas, como tradicionalmente a linguística, contudo que pode confinar-se com outros campos do saber e assim debruçar-se juntos sob o mesmo objeto de estudo.

Podemos debruçar-nos sobre as diferenças entre as línguas e então a lingüística faz fronteira com a antropologia e a etnologia. Podemos ocupar-nos da variação no espaço, como fazem a dialetologia e a geolingüística, e aí a lingüística acerca-se da geografia. Podemos examinar a variação de grupo social para grupo social e, nesse caso, a lingüística limita-se com as teorias sociológicas[...]Podemos analisar a aquisição da linguagem e aí, dependendo da posição teórica com que se faz a análise, a lingüística confina com a biologia ou a antropologia. Podemos ver a linguagem como um sistema formal e então a lingüística se aproxima da matemática e da computação. Podemos investigar as unidades maiores do que a frase, isto é, o discurso e o texto[...] (FIORIN, 2008, p.30)

Na psicologia é possível notar que diversas abordagens teóricas apresentam não só a linguagem mas também o pensamento de diversas formas, algumas confinam-se e delas emergem outro campo de atuação – como a neuropsicologia- outras complementam-se e algumas até se repelem. Podemos por exemplo analisar como o Behaviorismo Radical enxerga o pensamento e a linguagem através do conceito de Comportamento verbal. Esse conceito engajado por Skinner diz respeito a qualquer comportamento realizado pelo falante dentro de uma comunidade verbal que produz mudanças no comportamento do ouvinte. Além disso, o Comportamento controlado por regras e a descrição de sensações internas são conceitos elaborados por essa abordagem teórica que pretende estudar o comportamento humano e os fênomenos caracteristicamente humanos, sendo apelar para conceitos mentalistas, e assim resumir cada ação humana (seja ela pública ou privada) a Comportamento operante, ou seja, aquele que produz consequências reforçadoras ou punitivas.

“O comportamento verbal compreende eventos concretos, enquanto a linguagem [como os mentalistas vêm] é uma abstração [...] o fato é que, quando dizemos que uma pessoa está usando uma linguagem, o que em geral ela está fazendo é comportamento verbal[...]. (BAUM, 2007 p.145)

Além disso, uma das principais concepções behavioristas quanto a linguagem quebra todos os paradigmas tradicionais de que a linguagem nos torna únicos, e é o que nos distingue aos outros animais não-humanos. O behaviorista, fiel a teoria da evolução encaixa a linguagem na categoria de comportamento verbal e mais amplamente a de comportamento operante que pode ser observável em animas, principalmente primatas.