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O CORPO E O SINTOMA HISTÉRICO

Por:   •  29/11/2017  •  Resenha  •  1.180 Palavras (5 Páginas)  •  289 Visualizações

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O CORPO E O SINTOMA HISTÉRICO

VI TURMA DE FORMAÇÃO BÁSICA DE GOIÂNIA

MÓDULO I: GTEP DO DEPARTAMENTO DE PSICANÁLISE DO INSTITUTO SEDES SAPIENTIAE

COORDENADORA: PAULA FRANCISQUETTI

ALUNA: GRAZIELLA MTANIOS HANNA

O CORPO E O SINTOMA HISTÉRICO

A psicanálise iniciou-se com a prática clínica da histeria. Charcot é quem concede à histeria um estatuto científico, fazendo dela uma neurose, entretanto ele não escuta o sofrimento das histéricas e sim as convida a fixar-se na cena. Alonso e Fuks colocam que “As histéricas oferecem seu corpo para confirmar o saber médico” (2005)

Charcot mostra que o próprio nome histeria, sendo igual a útero dificultaria o avanço da ciência. Faz dela uma doença neurológica, mental e a separa da sexualidade. Neste contexto se dá a chegada de Freud viaja em Paris no ano de 1885 para aprender com o mestre.

Freud dá voz ao sofrimento das histéricas. É diante da impossibilidade de o discurso médico responder aos sintomas somáticos da histeria de conversão que emerge o desejo de saber em Freud, dando origem à psicanálise.

Ao retornar de Paris, Freud instala-se em Viena como médico de enfermidades nervosas, e incluía dois recursos em sua prática clínica: eletroterapia e a hipnose. Freud descobre na hipnose um instrumento de investigação psíquica do paciente, e procura o amigo e mestre Josef Breuer para estudo mais detalhado do caso já conhecido por ele, de Anna O.

Os "Estudos sobre a histeria", que foram escritos e publicados no período entre 1893-1895 (2007), compõem-se de cinco casos clínicos, quatro escritos por Freud e um por Breuer. O último e mais longo de todos - o caso Elisabeth - é dividido por Freud em três etapas e concluído através de uma discussão sobre o mecanismo da conversão.

Afinal o que é a histeria de conversão? E qual o lugar dos sintomas corporais aí presentes? Considero que é a retomada dessa discussão inicial que pode viabilizar um trabalho de distinção com outras formas de sofrimento que têm no corpo o personagem principal. Uma das singularidades da histeria é a “conversão”, termo que designa a transformação da excitação psíquica em sintomas orgânicos crônicos (BREUER; FREUD, 1893-95).

Elisabeth Von R., filha caçula de três irmãs, tinha 24 anos quando aparecera para atendimento com Freud em 1892 e sofria de dores nas pernas e dificuldade em andar, há dois anos.

Freud coloca na discussão sobre o Caso de Elizabeth Von R. que como médico neuropatologista havia sido capacitado para dar diagnósticos locais e eletroprognósticos, afinal nem sempre havia sido psicoterapeuta. Acrescenta que aquela forma de atuação não lança luz sobre os estudos da Histeria.

Freud pontua que não foi simples chegar a um diagnóstico da jovem, e pondera os motivos que o fizeram colocá-la na categoria dos sintomas histéricos e não orgânicos. “Fiquei impressionado com a indefinição de todas as descrições do caráter das dores fornecidas pela paciente, que era, não obstante uma pessoa muito inteligente. Um paciente que sofra de dores orgânicas, a menos que além disso seja neurótico, as descreverá de forma definida e calma” (FREUD, 1893-1895).

Sendo assim, coloca que foi a imprecisão do discurso de Elisabeth sobre as dores que sentia que fez com que estabelecesse o diagnóstico de histeria. Freud distingue então três maneiras de se falar de uma dor somática:

  1. Doente com mal orgânico: fala da dor tranquilamente com detalhes e precisão;
  2. Hipocondríaco: Recusa qualquer classificação de suas dores dada pelo médico. Acredita que a linguagem não é bastante rica para que expresse todas as suas sensações. Sempre acrescenta novos detalhes e quando é interrompido tem a sensação de não ter sido compreendido pelo médico;
  3. Histeria: fala de suas dores com indiferença – “bela indiferença”, em que Freud coloca que sua atenção está voltada para outra coisa, e que as dores são apenas acessórios a seu verdadeiro interesse.

Nos primeiros trabalhos freudianos a expressão histeria de conversão não é utilizada porque o mecanismo da conversão caracterizava, até então, a histeria em geral. É o que se verifica nos "Estudos sobre a histeria" (Freud, 1893-1895/2007) e, especialmente, na apresentação do caso Elisabeth quando Freud descreve o mecanismo subjacente à conversão.

Freud coloca que o recalque é mecanismo fundamental tanto na histeria de conversão como na histeria de angústia. Em ambos, o primeiro momento é o mesmo: nele se separa a representação do afeto, e a representação se desaloja da consciência. Na histeria de conversão, o afeto transforma-se em expressão no corpo, e, na histeria de angustia, transforma-se em angústia.

Freud identifica como conversão quando na histeria, a representação incompatível é tornada inofensiva pela transformação de sua soma de excitação em alguma coisa somática. Acrescenta que

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