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O NÍVEL INDIVIDUAL DA CORRUPÇÃO

Por:   •  7/11/2017  •  Trabalho acadêmico  •  1.826 Palavras (8 Páginas)  •  281 Visualizações

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SUMÁRIO

1. Indrodução        04

2. Nível individual da corrupção         04

3. Nível cultural da corrupção        05

4. Nível coletivo da corrupção        07

5. Conclusão        08

        


  1. INTRODUÇÂO

A corrupção, em seu sentido mais amplo pode ser definida como a “deterioração” ou “adulteração das características originais de algo”, estando presente no cotidiano da população em geral, porém em diferentes níveis. Pode ser descrita como um "comportamento desviante" das normas legais e valores morais,

"que se manifesta sob a forma de um abuso de função na política, sociedade ou economia em favor de outra pessoa ou instituição" (RABL, 2008, p. 25).

Por ser notado em todas as civilizações existentes, essa pode ser considerada como uma parte integral da própria humanidade. Todavia, por se tratar de um fenômeno global, que possuí características próprias de acordo com o país onde a mesma ocorre, sendo vista também como um construto social.

No Brasil, as denúncias de corrupção pública têm sido cada vez mais evidenciadas, tornando-se comum noticiais como “Lava-Jato” e “Operação Carne Fraca”. Ao mesmo tempo, parece ter ligação com a própria identificação da sociedade, muitas vezes sendo reconhecida como “o jeitinho brasileiro” de ser. O Código Penal Brasileiro (Lei 2.848/1940) subdivide a corrupção em dois tipos, a ativa e passiva. Corrupção ativa (Art. 333) é definida como:

“Oferecer ou prometer vantagem indevida a funcionário público, para determiná-lo a praticar, omitir ou retardar ato de ofício". Corrupção passiva (Art. 317) é definida como:

“Solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou antes de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou aceitar promessa de tal vantagem”.

Através da análise da psicologia analítica, podemos compreender a corrupção observando o que é próprio da realidade interna de cada ser (em um nível individual), as ideias pré-estabelecidas que são universais (coletivo), e análise subjetiva do inconsciente cultural de cada país (cultural).

2. NÍVEL INDIVIDUAL DA CORRUPÇÃO

Para tratar da corrupção em um nível individual, podemos citar a ética e as estratégias de justificativa que os corruptos utilizam. O indivíduo ignora suas próprias falhas, e usa a corrupção como mecanismo de defesa contra os efeitos aversivos da sombra. Sendo assim, tende a enfrentar os problemas de uma forma egoísta, sendo conivente apenas com o desejo de uma solução simplista para o que lhe é incômodo (mesmo que isso resulte em algo prejudicial ao bem coletivo). Agindo de forma inconsequente, se coloca em um patamar de superioridade diante de toda a população.

Nesse aspecto, a corrupção está relacionada com as características individuais da personalidade do sujeito que prática a corrupção. Ela representa uma tendência arquetípica do ego a transgressão das normas sociais, visando apenas o ganho pessoal. Considerando que a tarefa do ego em relação à sombra é reconhece-la e integra-la, diante de um ato de corrupção ocorre a divisão da sombra mediante a projeção. O sujeito passa a racionalizar seu ato, usando como respaldo discursos construídos socialmente para legitimá-lo sem passar por dilemas éticos. Uma inversão moral significante acontece, chamado de “normalização da corrupção”. Partindo desse princípio, não se esforçam para seguir a nova ética. Isso explica porque alguém pode ser influenciado e agir de acordo com as expectativas e valores compartilhados em um ambiente corrupto. Nesse caso, podemos dizer que diferentes personas estão sendo utilizadas pelo mesmo indivíduo de acordo com o que é requisitado nos diversos contextos, as personas ainda aparecem muitas vezes estando em oposição: a persona do corrupto e a persona ética. Por exemplo, um político pode ser um bom marido, e ao mesmo tempo sonegar impostos. Os sujeitos em questão tendem a continuar valorizando princípios dentro da ética da sociedade, sendo essa uma dissociação neurótica, pois está relacionada desarmoniosamente entre a atitude consciente e a tendência inconsciente. Corrupção é um ato hedonista, no qual o ter é colocado acima do ser.

A individuação não deve ser confundida com o individualismo, pois trata-se de um processo consciente de diferenciação das normas sociais, na qual é preciso construir o caminho do próprio ser para desenvolver sua personalidade. Já o individualismo, para Yung é “dar ênfase as suas peculiaridades, em oposição as obrigações coletivas”. Todavia, a individuação tem objetivo de tornar um “todo”, em uma relação boa para com o meio social.

3. NÍVEL CULTURAL DA CORRUPÇÃO

Para tratar do nível cultura e estudar as subjetividades dos grupos, é preciso elenca-lo como um intermediário entre o inconsciente pessoal e o coletivo, que seria o inconsciente cultural. Joseph Henderson é tido como um dos primeiros a falar sobre isso, na década de 1960. Entretanto foi um brasileiro, chamado Arthur Ramos, que lançou esse conceito na década de 1930, influenciado pelas ideias de Jung, só que ele o chamou de inconsciente folclórico.

A corrupção aparece como um construto social relativo, de acordo com as particularidades de cada cultura, variando no tempo e no espaço. Popularmente, ouve-se que o Brasil é corrupto e tem o seu próprio “jeitinho brasileiro”. Esse jeitinho, como definido por Roberto Damata (1996) é um modo de satisfazer nossas vontades e desejos mesmo que vá de encontro com o bom senso e a coletividade em geral. Entretanto, seria um equívoco associar o brasileiro apenas a atos corruptos, visto que esse “jeitinho” também se encontra interligado com o modo de resiliência diante das adversidades como fome e falta de recursos. Apresentando também um espírito de “coletividade”, onde ocorre a união pelas causas sociais.

A identidade brasileira encontre-se em formação, por conta das condições de infraestrutura, que implica em um ego cultural fragilizado, em processo de desenvolvimento.

Atualmente o conceito utilizado para se referir a fenômenos sociais é o de complexo cultural, que se refere a

[...] um agregado emocionalmente carregado de memórias históricas, emoções, ideias, imagens e comportamentos que tendem a se agrupar em torno de um núcleo arquetípico que vive na psique de um grupo e é compartilhado por indivíduos dentro de um coletivo identificado. (SINGER, 2012, p. 5). ´

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