O Papel Do Feminino Em Um Corpo Masculino
Trabalho Universitário: O Papel Do Feminino Em Um Corpo Masculino. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Ericklain • 5/4/2014 • 1.242 Palavras (5 Páginas) • 539 Visualizações
Introdução
O tema pesquisado foi indivíduos denominados travestis, que podem ser descritos como pessoas que nascem com o sexo genital masculino, que procuram inserir, em seus corpos, símbolos femininos. Salientes socialmente, pelas manipulações de símbolos sociais, culturais, sexuais e corporais, evidenciam significados que, sem uma análise minuciosa, são de difícil apreensão. Em uma sociedade que ainda impera o preconceito faz-se necessário estudos que busquem compreensões mais humanas sobre o diferente.
Justificamos nossa pesquisa a partir do ponto em que se busca elaborar um trabalho reflexivo que possa beneficiar esses indivíduos, na formação de grupos de discussão e crítica, onde as travestis poderão expor seus sentimentos e angústias, elucidando temas que poderão auxiliá-las em seu dia a dia, para que possam também, dentro de suas realidades, ter melhor qualidade de vida. Ainda pensamos na possibilidade que o psicólogo como agente de transformação social e acesso a indivíduos em situação de exclusão possam, com este trabalho, compreender melhor a identidade dessa parcela da população possibilitando uma ação empática e significativa com as travestis, e contribuindo na elaboração de políticas públicas mais humanizadas.
Considerando a existência de poucas publicações na área, possivelmente dado o preconceito sofrido por esta parcela da população ou ainda desconhecimento ou desinteresse dos profissionais em saúde por esta problemática, este trabalho objetiva a identificação, a descrição e a análise de conflitos psicológicos como, por exemplo, sentimentos e angústias, construindo uma análise social destes indivíduos à luz da psicologia social.
Revisão de Literatura
Desde o início do planeta, a espécie humana vem apresentando uma característica própria, em termos do exercício de sua sexualidade. Segundo Vitielo (1998), se no sentido fisiológico cada indivíduo pode ter sua identidade sexual definida a partir da presença dos órgãos sexuais masculinos ou femininos, o mesmo não ocorre com a mesma precisão com o sexo psicológico. Em relação aos gêneros um dos fatores influenciadores e determinadores são as características dos sexos masculinos e femininos em cada sociedade com suas culturas diferenciadas, que é composto por uma série de normas e regras de comportamento, obrigações e proibições que foram sendo modeladas ao longo dos tempos através da tradição cultural, religiosa, moral e histórica das sociedades. E é na sociedade que serão estabelecidos os papéis sexuais de acordo com o sexo biológico de cada indivíduo, mostrando como deverão se portar perante a sociedade o homem e a mulher.
Vitielo (1998) refere ainda que a partir da diferenciação, dos gêneros, masculino e feminino, o indivíduo receberá um tratamento que varia de acordo com os valores sociais de cada cultura que apontam o que é ser homem ou mulher, encorajando-os de abrir mão das orientações, comportamentos ou atitudes que não são consideradas condizentes com seu sexo biológico, pois a sexualidade de cada ser humano é construída através da interação entre o indivíduo e o ambiente social em que vive.
Segundo Miskolci (2007), desde sua invenção médico-legal no século XIX, a homossexualidade representou uma possível ameaça à ordem. Essa prática sexual estigmatizada passou a ser encarada como desvio da normalidade e a homossexualidade tornou-se alvo de preocupação por encarnar temores de uma sociedade com rígidos padrões de comportamento. Por trás desses temores residia o medo de transformações em instituições como a família. A "inversão sexual" era um ameaça múltipla à sociedade, pois, ao mesmo tempo em que ameaçava à reprodução biológica, à divisão tradicional de poder entre o homem e a mulher na família e na sociedade, ameaçava também à manutenção dos valores e da moralidade responsáveis por toda uma ordem e visão de mundo.
A homossexualidade acontece quando um indivíduo sente atração afetiva e sexual por uma pessoa do mesmo sexo (Brasil, 2004). Ainda em relação à homossexualidade, é importante considerar que até bem pouco tempo era considerada uma patologia, no entanto, foi retirada da relação de doenças pelo Conselho Federal de Medicina desde 1985; e o Conselho Federal de Psicologia estabelece, desde 1999, que nenhum profissional pode exercer ação que favoreça a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas (CFP, 2006).
Abordando outra forma de sexualidade, os travestis podem ser descritos como pessoas que nascem com o sexo genital masculino e que procuram inserir, em seus corpos, símbolos socialmente femininos como cabelos cumpridos, unhas pintadas, pelos descoloridos, maquiagem no rosto, peitos com silicone, etc. Note-se que o recurso a substâncias químicas na forma de hormônios sintéticos permite às travestis se apropriar do conhecimento médico para a consecução do projeto de ajuste corporal à identidade de mulher.
Sant’Anna (2005), apud Próchno,
...