O Verbete Freud

SIGMUND FREUD (1856-1939)

Filho de Jacob Freud e Amalie Nathanson, nascido no dia 6 de maio de 1856 em Freiberg, Morávia, atualmente a República Checa, Schlomo Sigismund Freud, adotando em 1878 o nome Sigmund Freud, é conhecido em dias atuais como o “pai da psicanálise”. De infância difícil, teve de se mudar logo cedo para Viena em função de problemas financeiros familiares, visto que, lá judeus possuíam uma maior aceitação social.

Entrando na Universidade de Viena em 1873, aos 17 anos, inicia seu curso de Medicina, tendo professores como Franz Brentano, Ernst Brücke e Carl Friedrich Claus. Neste mesmo ano, Freud abandona o enfoque filosófico pelo psicológico, tendo orientação de Franz Brentano em sua tese. Chamou a atenção por sua inteligência, sendo muito dedicado aos estudos, formou-se em 1881, com especialização em Neurologia e em 1886 já possuía um consultório próprio.

Em 1882, Freud inicia seu trabalho como professor de medicina no Hospital Geral de Viena, e um ano após este fato, inicia uma pesquisa, conjuntamente com seu amigo Carl Koller, sobre a cocaína, descobrindo suas propriedades anestésicas. Em 1884 redireciona seu interesse ao conhecer a histeria, a partir do contato com Josef Breuer, médico que através da hipnose, curou sintomas histéricos. O método de Breuer se consistia em fazer com que o paciente se lembrasse do trauma que levou ao surgimento do sintoma, algo conhecido como “catarse” que apesar de não ser mais tão utilizada, foi uma descoberta relevante para o surgimento da Psicanálise.

Em setembro de 1886, Freud se casa com Martha Bernays, de quem passou 4 anos noivo. Em novembro deste mesmo ano, Freud apresenta clinicamente um caso de histeria masculina. Em 1891, publica seu primeiro livro chamado “Sobre a concepção das afasias”, dedicando este a Josef Breuer. No ano seguinte, com o aprofundamento em seus estudos, trata, através do método catártico, Elisabeth Von R., Frau Katharina e Miss Lucy. Caminhando, desta forma, a elaboração do método das associações livres.

Dois anos após a publicação do seu livro, Freud elabora a “Teoria da Sedução Infantil”, escrevendo a Wilhelm Fliss, um grande amigo da época, acerca da sedução sexual realizada por adultos contra crianças pequenas. Em 1894, iniciam seus problemas de saúde, tenta, portanto, parar de fumar devido a complicações cardíacas.

No mês de maio do ano de 1895, Sigmund Freud publica, juntamente com Breuer, os “Estudos sobre a histeria”, em que relatam os casos que atenderam ao longo desses últimos anos. Considerando que a psicanálise modificou-se ao longo dos anos, em 1897, Freud explica a Fliss sobre sua renuncia sobre a “Teoria da Sedução Infantil”.

Entre Julho e Agosto de 1899, Freud escreve “A interpretação dos sonhos”, uma das suas obras mais conhecidas. No entanto, ela só é publicada em Novembro de 1900, ano do em que Fliss acusa Freud por “roubo de ideias” quanto a sua teoria da bissexualidade e em 1901, Freud publica “A psicopatologia da vida cotidiana”.

Em 1902 surge a primeira sociedade psicanalítica chamada de Sociedade Psicológica das Quartas-Feiras fundada por Freud junto a outros estudiosos, como Alfred Adler, Wilhelm Stekel e Max Kahane, por exemplo. Sendo que desde sua criação a 1908, muitos outros discípulos freudianos aderiram a ela. Foi, também, em 1902 que Freud recebe o título de professor extraordinário pelo imperador Francisco-José.

Durante os anos que se seguiram até 1905, Freud publica o caso Dora, seu primeiro caso clínico e também mais duas obras, “Os chistes e sua relação com o inconsciente” e “Três ensaios sobre a teoria da sexualidade”. Em 1907, publica “Delírios e sonhos na Gradiva de Jensen” em que defende uma Psicanálise aplicada e foi neste ano que Freud e Carl G. Jung, o seu primeiro discípulo não-judeu, se conheceram em Viena.

Em 1909, junto a Jung, vai a Massachusetts para apresentar cinco conferências, que foram registradas como “As cinco lições de psicanálise”. No entanto, por não gostar do pragmatismo do continente americano e temendo que a psicanálise ficasse conhecida como uma “ciência judaica” deixa Jung a frente do movimento.

Em 1910 cria, junto a Ferenczi, a Internationale Psychoanalytische Vereinigung (IPV), uma associação internacional de psicanálise e publica “Leonardo DaVince e uma lembrança da sua infância”. Entre 1912 e 1913 publica o famoso “Totem e Tabu”, sendo que em 1913, às vésperas da Primeira Guerra, rompe sua relação com Jung por não suportar seus desvios em relação à “doutrina”, relatando sua traição e a de Adler em um panfleto sobre “A história do movimento psicanalítico”.

Vale lembrar que, em 1912, ocorre, sob direção de Freud, Otto Rank e Hanns Sachs, a publicação da revista Imago, voltada para a psicanálise aplicada e em 1914, Freud nela publica “O Moisés de Michelangelo”.

Em 1920, Freud termina de redigir “Além do princípio do prazer”, e também “Psicologia das massas e análise do eu” Neste mesmo ano entrega o resultado de investigação realizada sobre o tratamento elétrico que era utilizado por psiquiatras e neurologistas como terapia das neuroses de guerra, conforme publicado em artigo no ano de 1919 no jornal Der Freie Soldat.

Há no ano de 1923 a primeira manifestação do câncer de mandíbula em Freud, sendo ele submetido a uma intervenção cirúrgica para a retirada do tumor. Alguns meses depois é operado novamente, desta vez tendo que usar uma prótese que era chamada de “o monstro”.

A partir de 1923, trabalha na publicação do último de seus grandes trabalhos teóricos, “O ego e o ID”, porém este só apareceu no ano de 1925, ano em que também publica sua autobiografia. Em 1924 rompe sua relação com Otto Rank.

Em 1927 publica “O futuro de uma ilusão”, sendo este o quarto de seus seis ensaios que abordam temas ligados a constituição da cultura e da sociedade.

Em 1929 escreveu “O mal-estar na civilização” que foi publicado no ano de 1930, que teve como principal tema a divergência inevitável entre as imposições do instinto e as restrições da civilização, sendo possivelmente uma origem nos estudos mais antigos de Freud.

Em 1933 publicou “Novas conferências introdutórias sobre psicanálise” que foi escrito em 1932, o quadro editorial psicanalítico passava por momentos difíceis e Freud resolveu auxiliar com uma nova série de Conferências Introdutórias, e deixou claro que elas, em sua essência, são suplementos e não possuem vida própria.