OS ASPECTOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE RETRATADOS NO CINEMA: UMA ANÁLISE DO FILME O “QUARTO DE JACK”
Por: thelermaniac • 1/6/2022 • Trabalho acadêmico • 4.803 Palavras (20 Páginas) • 150 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DO TRIÂNGULO MINEIRO
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO, LETRAS, ARTES, CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA
ISADORA HELIANDRA DE SOUSA,
MARIA EDUARDA SILVA FERREIRA
ASPECTOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE RETRATADOS NO CINEMA: UMA ANÁLISE DO FILME O “QUARTO DE JACK”
Fatores de risco e proteção ao desenvolvimento infantil e resiliência e promoção de desenvolvimento saudável.
UBERABA, MG
2022
ASPECTOS DA PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE RETRATADOS NO CINEMA: UMA ANÁLISE DO FILME “O QUARTO DE JACK"
Fatores de risco e proteção ao desenvolvimento infantil e resiliência e promoção de desenvolvimento saudável.
Trabalho apresentado à disciplina de Psicologia do Desenvolvimento
Orientadora: Paloma Pegolo de Albuquerque
UBERABA, MG
2022
- Introdução
O presente trabalho de natureza descritiva, visa aclarar as implicações no desenvolvimento infantil ao crescer em um ambiente hostil de sequestro, cárcere privado e violência sexual a partir de uma análise cinematográfica. Isto posto, focaremos nos fatores de risco e proteção, bem como na resiliência frente à exposição a situações de violência e isolamento social.
Como postulado por Berger (2016), o conceito de desenvolvimento humano faz parte da área de estudo da psicologia, já que procura compreender através de estudos científicos, como acontece a transformação, que se inicia já no encontro dos gametas e continua até o último dia de vida.
O desenvolvimento humano é o processo caracterizado pela construção e transformação contínua que se manifesta ao longo do ciclo vital de um indivíduo. Durante a vida, ocorre essa dinâmica por meio das interações entre as características biológicas individuais - crescimento e maturação, e as condições que envolvem o meio ambiente ao qual o indivíduo é exposto - e sociedade, relações sociais e cultura (PAPALIA e OLDS, 2000; ROGOFF, 2006 apud. DI LUCIA et al, 2021)
2. Desenvolvimento
O longa metragem “O quarto de Jack”, baseia-se na obra de mesmo nome da autora Emma Donoghue e foi dirigido por Lenny Abrahanson. O filme é narrado sob a perspectiva de Jack, um garoto de cinco anos, nascido em um cativeiro. Joy — interpretada pela ganhadora do Oscar de melhor atriz, Brie Larson —, sua mãe, foi sequestrada aos dezessete anos, e mantida em um galpão pequeno. Durante esse período, fruto de violência sexual, nasce Jack, vivido pelo ator canadense Jacob Tremblay.
Desde então, Jack e Joy vivem isolados em um pequeno quarto no fundo de um quintal, onde o único contato com o mundo exterior é a visita semanal do velho Nick (Sean Bridgers) o abusador, a TV e a luz advinda de uma pequena claraboia. Já na primeira cena, Joy é acordada por Jack noticiando a chegada de seu aniversário de cinco anos; a mãe então, em um gesto de carinho, sorri e o abraça. Emma Donoghue, em seu livro, postula que:
Para Jack, um esperto menino de 5 anos, o quarto é o único mundo que conhece. É onde ele nasceu e cresceu, e onde vive com sua mãe, enquanto eles aprendem, leem, comem, dormem e brincam. À noite, sua mãe o fecha em segurança no guarda-roupa, onde ele deve estar dormindo quando o velho Nick vem visitá-la. O quarto é a casa de Jack, mas, para sua mãe, é a prisão onde o velho Nick a mantém há sete anos. Com determinação, criatividade e um imenso amor maternal, a mãe criou ali uma vida pra Jack. Mas ela sabe que isso não é o suficiente, para nenhum dos dois (DONOGHUE, 2011, P.2).
No decorrer do filme, Jack e sua mãe passam por um período de privação de recursos, a energia elétrica do quarto é “cortada” e com isso, o aquecedor tem seu funcionamento comprometido, depois vem a escassez de alimentos e vitaminas. Joy então interpreta esses sinais como ameaças à sua sobrevivência e a do filho. Assim, ela se vê obrigada a destruir toda a realidade que havia criado para o filho a fim de escaparem do cárcere. Sendo assim, o garoto que até então nada conhecia além do seu quarto, passa a compreender, pouco a pouco, o universo lá fora. A partir de então o filme passa a narrar as vivências de Jack e sua mãe no mundo fora do quarto, ilustrando as dificuldades vivenciadas por ambos nesse processo de adaptação.
Segundo Reppod et al. (2002, apud. MAIA e WILLIAMS, 2005, p. 92), os fatores de risco são condições ou variáveis que indicam maior probabilidade de ocorrência de resultados negativos ou adversos ao sujeito. Dentre tais fatores estão os comportamentos que podem vir a comprometer a saúde, o desempenho social ou o bem-estar do indivíduo.
Entende-se como fatores de risco ao desenvolvimento infantil todas as modalidades de violência doméstica, a saber: a violência física, a negligência e a violência psicológica, sendo que a última inclui a exposição à violência sexual (MAIA e WILLIAMS, 2005).
Jack vive em um ambiente familiar violento, e por esse motivo encontra-se mais vulnerável a fatores de risco ao seu desenvolvimento. Desse modo, nos utilizamos de cenas como essa:
Jack acorda no meio da noite e começa a observar pelas frestas do armário, sua mãe dormindo ao lado do velho Nick. O garoto, então, abre a porta do armário e caminha até a cama para observar o homem dormindo. De repente, o velho Nick acorda, olha para Jack e diz: - Oi, menino! Joy acorda assustada e parte para cima do homem gritando para que ele se afaste do garoto. Nick a imobiliza e a enforca enquanto ordena que ela se aquiete.
Jack presencia, angustiado, toda essa violência, mas nada pode fazer para ajudar a mãe.
Garmezy (1985 apud. MAIA e WILLIAMS, 2005) classifica os fatores de proteção em três categorias, são elas: a) atributos disposicionais da criança - atividades, autonomia, orientação social positiva, autoestima, preferências, etc.); b) características da família - coesão, afetividade e ausência de discórdia e negligência etc.); e c) fontes de apoio individual ou institucional disponíveis para a criança e a família - relacionamento da criança com pares e pessoas de fora da família, suporte cultural, atendimento individual como atendimento médico ou psicológico, instituições religiosas, etc.
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