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Os avós e os netos

Por:   •  5/12/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.583 Palavras (11 Páginas)  •  188 Visualizações

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Relatório

Artigo “Avós já não substituem infantários mas têm papel fundamental na vida dos netos”

Licenciatura em Psicologia – ISCTE-IUL

2º Ano – 1º Semestre – Psicologia do Desenvolvimento do Adulto

Docente: Lígia Monteiro

Discentes:

Inês Guimarães, nº65311

Emanuel Freitas, nº66004

Turma: PB1

30 de novembro de 2015

Sumário

  1. Introdução        
  2. Enquadramento Teórico        
  3. Conclusão        
  4. Referências        

Introdução

São os Avós que estão presentes em muitos dos momentos das vidas dos netos. O papel desempenhado por estes é muito importante, não apenas na educação dos netos como também na ajuda à família. Como tal, no decorrer deste trabalho, iremos abordar algumas questões que se enquadram nesta temática, como a importância de ser Avô, o papel que estes desempenham nas famílias. (Sampaio, 2008)

Este trabalho pretende elucidar-nos sobre o facto das instituições infantis terem um papel cada vez mais ativo na vida das crianças, mas que não substituem o papel dos avós. Alertando-nos também para o impacto das alterações sociodemográficas e económicas nos cuidados e suporte financeiro dos avós aos filhos/netos, para além de outros fatores.

Enquadramento Teórico

O papel dos avós no seio familiar sofreu diversas variações em diferentes momentos. Historicamente observamos claras evidências destes, a partir do período da II Guerra Mundial e Pós-guerra. Este teve uma grande importância, uma vez que, durante a guerra os pais tiveram de “partir” e as mães viram-se obrigadas a procurar emprego. Consequentemente houve a necessidade de aproximação dos avós, para que acompanhassem e educassem os netos. (António, 2010, citado por Mota, 2011, p. 8). Já nos anos sessenta, com a normalização do núcleo familiar, os pais passam a ter um papel primordial na vida dos filhos e os avós passam a ter um papel secundário. Porém, na década de oitenta e noventa os avós voltam a ter um papel ativo na vida dos netos, devido a novas mudanças no ciclo familiar (e.g. a entrada da mulher no mercado de trabalho) refletindo a partir destes fenómenos uma relação intergeracional.

Atualmente, a população portuguesa, evidenciou alterações demográficas, com consequências na estrutura e funcionamento familiar. Verifica-se tal fenómeno no estudo realizado da Pordata, que evidencia que o aumento da esperança de vida, aumento da entrada da mulher no mercado de trabalho conduziu a “uma verticalização das famílias, com a simultaneidade de várias gerações, o que leva uma presença ativa de maior durabilidade” (Rodrigues, 2013). Estas alterações levaram que as famílias (e.g. com filhos) repensassem na educação e na ocupação destes, visto que na maioria das vezes ambos os pais têm um emprego que os ocupa durante grande parte do dia. É então que as instituições, no caso de creches, jardins-de-infância tem um papel fundamental na vida quer dos pais, quer das crianças, pois incentivam a aprendizagem dos filhos. Deste modo, estas instituições começam a ganhar uma importância acrescida, “deixando de ter apenas o papel de ensinar, passando a ter o papel de educar”. (Rodrigues, 2013)

Recentemente um estudo realizado no âmbito da temática dos Avós na Família e Sociedade demonstrou que os avós referiram as creches como instituições importantíssimas de aprendizagem infantis, especialmente na aquisição por parte das crianças de regras e rotinas. Porém, continua ser da incumbência da família e especialmente dos avós, a transmissão de afetos e valores, da mesma forma essenciais para o desenvolvimento estável das crianças (Rodrigues, 2013). Por oposição, é no seio familiar que o apoio é procurado por circunstâncias da vida (quer por falta de ajudas financeiras, por parte do Estado, quer por falta de creches com valores acessíveis) ou por necessidades quotidianas. Normalmente este apoio é mais requisitado aos avós, visto que, grande parte das vezes são estes que estão mais disponíveis. Além disso, Sampaio (2008) esclareceu que a relação dos netos com os avós possibilita a transição mais agradável da criança para a vida escolar, uma vez que os pais vão trabalhar e as avós cuidam dos netos, em vez da creche que aumenta as despesas. Por esta razão, este apoio é essencial para muitos pais que de outra maneira teriam dificuldade em conciliar a sua situação profissional com o seu papel de pais.

A coabitação dos avós no seio familiar pode favorecer aprendizagens recíprocas e complementares para ambas as gerações, quer netos/avós, ou até mesmo pais/filhos. Essa relação intergeracional desenvolvida entre os avós e os netos são repletas de afeto e carinho. (Veled, 2006, citado por Durão, 2012). Na verdade, os avós detêm de uma capacidade de ouvir que sensibiliza os netos, que ao contrário dos pais, na maioria das vezes devido à sua absorção nos problemas não prestam atenção devida aos filhos (Isambert, 1971). Não obstante, os netos referem as relações com os avós como uma “ligação de amor incondicional, respeito, amizade e confidência” (Kemp, 2005, citado por Durão, 2012). No entanto, são sujeitas a variáveis sociodemográficas que interferem nessas relações “proximidade física, quer pelo tipo de relação que os seus próprios pais estabelecem com os avós” (Matthews et al., 1985, citado por Durão, 2012).

De facto, as relações intergeracionais são benéficas, dado que há partilha de saberes de cima para baixo e vice-versa, por exemplo os netos aprendem depressa as novas tecnologias e estes têm desejo de as compartilhar com os avós, ou até mesmo com os avós quando no final do primeiro ciclo dos netos, a curiosidade sobre as perguntas familiares aumentam, que consequentemente induz aos avós a contarem as histórias da família através de recordações, ou a partir mesmo de fotografias antigas (Sampaio, 2008, p.93). No entanto podem surgir conflitos, principalmente entre pais/filhos. Podemos verificar a conflitualidade, por exemplo quando na presença dos pais, os avós intervêm em questões de autoridade, para tal é necessário muita prudência nos comentários, por parte dos avós, porque em caso de discordância, a segunda geração costuma escolher o ponto de vista do parceiro. Mesmo que exista uma relação de congruência entre as gerações, a atitude correta terá de ser a de não opinar qualquer deliberação por parte dos pais sobre os netos. A autoridade dos avós é sempre por cedência, por isso este não deverá infringir as normas impostas pelos pais, uma vez que poderá levar a um enfraquecimento do controle dos mesmos (Sampaio, 2008, p. 91).

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