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PERCEPÇÃO E MEMÓRIA: ENIGAMA DE KASPAR HAUSER

Por:   •  23/8/2015  •  Trabalho acadêmico  •  1.903 Palavras (8 Páginas)  •  600 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS[pic 1]

INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E LETRAS

DEPARTAMENTO DE SERVIÇO SOCIAL

PERCEPÇÃO E MEMÓRIA: ENIGAMA DE KASPAR HAUSER

MANAUS

AGOSTO DE 2014

PERCEPÇÃO E MEMÓRIA, O QUE É?

        De acordo com Davidoff (1983), “a percepção define-se como processo de organizar e interpretar dados sensoriais recebidos (sensações) para desenvolvermos a consciência do ambiente que nos cerca e de nós mesmos.” Ou seja, é preciso que se tenha contato com o ambiente para construir uma interpretação através das sensações, pois, percepção implica em interpretação. Sendo assim, as atividades cognitivas compõem a percepção, onde também a linguagem influencia as nossas cognições, moldando a percepção indiretamente, destarte que a percepção – segundo Davidoff (1983) – não necessariamente tem suas aptidões aprendidas, pois certas experiências são vitais para o desenvolvimento perceptivo normal. Ainda assim, ela é uma operação ativa e complicada, visto que percepções humanas dependem de expectativas (motivações e experiências anteriores). Com isso “percepção é o ponto em que a cognição e a realidade se encontram; é a atividade cognitiva mais fundamental da qual emergem todas as outras” (Davidoff, 1983, p.214). Pois é necessário adicionar as informações ao nosso aparelho mental antes que alguma coisa possa ser feita com elas.

        A memória conforme Davidoff (1983) é um “armazém” constituído de sistemas, que necessitam de métodos para inserir e retirar informações. Com isso a natureza da memoria se dar em diferentes processos e estruturas implicados na colocação e retirada de experiências da memória. Assim, os psicólogos acreditam que os sistemas de memória são constituídos por três processos: de codificação, armazenamento e recuperação; onde codificação é a representação do material sob uma forma na qual o sistema de armazenamento também possa lidar, quando uma experiência é codificada, ela será armazenada - muitas vezes sem esforço consciente – o que poderá ser recuperada a informação. Dessa forma, existem três sistemas de memória: o primeiro é a memória sensorial, sendo o sistema de armazenamento onde, as informações que impressionam os órgãos dos sentidos; logo o segundo sistema é a memória de curto prazo, é o centro da consciência, em que, retém todos os pensamentos, informações e experiências de que o indivíduo está tomando conhecimento em qualquer conhecimento dado; o terceiro sistema, memória de longo prazo, é a capacidade de recordar grandes volumes de informação durante períodos substanciais – horas, dias, semanas, anos e, alguns casos para sempre.

O ENIGMA DE KASPAR HAUSER, O QUE É?

        Kaspar Hauser é a história de um jovem que viveu os primeiros anos de sua vida, supostamente isolado num cativeiro, escuro e fechado, não tendo contato com o ambiente social ou sequer com outro ser humano. No entanto Kaspar sobreviveu apenas, por conta de um “homem” que lhe levava pão e água – enquanto dormia – foi esse o mesmo que ensinou Kaspar a escrever uma palavra, pronunciar uma frase e também a andar. Vejamos algumas imagens para melhor compreensão:

Na sequência 1 e 2: O momento em que Kaspar, ainda vive em um calabouço (preso sentado, comendo pão e tomando água) na companhia de um cavalo de brinquedo;

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           A sequência 3 e 4 : parte em o “homem” entra no isolamento, em que estar Kaspar, e passa a lhe dar orientações para escrever e pronunciar uma frase, e também é logo após esse momento que o “homem” vai lhe tirar do isolamento e ensiná-lo a andar;

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Construindo a sequência de 1 a 4, compreende-se que, Kaspar não possui uma interpretação do mundo e da vida que, o impossibilita de ter um melhor processo de organização e interpretação de dados sensoriais, pois, ele apenas atende aos estímulos, onde: bebe água porque sente sede e come pão porque tem fome, além de quando é orientado a escrever, Kaspar escreve, quando é orientado a pronunciar uma palavra, Kaspar pronuncia, e quando o momento cujo objetivo é se equilibrar em pé e andar, Kaspar fica em pé e anda, mas sem saber exatamente o que tudo isso significa. Essas ações de Kaspar só ocorrem, pois ele – como ser humano – contém fundamentos fisiológicos da percepção sendo (detecção, transdução, transmissão e processamento da informação). Dessa forma, compreende-se que Kasper Hauser tinha seus sistemas sensoriais bem limitados, no caso de sua visão, a audição, o paladar – pois só comia pão – e o olfato; além do seu sentido cinestésico e o vestibular, o cinestésico era bastante prejudicado, visto que ele vivia sentado e o sentido vestibular, em consequência de sua situação também era debilitado, sendo que era impossível ter orientação de sua cabeça e corpo na terra.

Sequência 5 e 6, momento de primeiro contato de Kaspar Hauser com o mundo ou melhor, com a sociedade, esse foi o momento que ele foi abandonado pelo “homem”, na cidade de Nuremberga, tendo assim o primeiro contato com a vida social e dessa forma irá construir relações sociais;

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Sequência 7 e 8, neste momento Kaspar irá, interagir com as pessoas, pois é mandado que ele se adapte ao convívio social e ao modo como as pessoas na cidade se relacionam e/ou convivem, ou seja, se adequar as leis da sociedade;

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        Ao construir a sequência 5 a 8, inicia-se o processo de “enquadramento social” de Kaspar, neste momento percebe-se que ao ser abandonado na cidade ele obrigatoriamente terá contato com diversas pessoas. Dessa forma, ele se comunica através das poucas palavras que conhecera – Regensburg e cavalo –, nesse sentido compreende-se a memória de Kaspar, pois, ele armazenou informações que lhe foram inseridas e depois as retirou. Em seguida se demonstra o conjunto dos três sistemas de memória do Kasper: a sensorial, a de curto prazo e longo prazo, demonstradas no momento em que ele escreve seu nome no papel – quando lhe é solicitado –. Com isso, a partir da sequência 7 e 8, inicia um “grande momento” de Kasper Hauser no seio da vida social – a convivência em família – este momento, em que ele começa sua “socialização” com a família de um guarda. Kaspar tem grandes aversões (no sentido de não entender o que estava acontecendo), não sabia o que era sentar ou que era largar o chapéu e muito menos que era comer, pois suas experiências – que estava em sua memória – era apenas comer pão e beber água. Logo, “a linguagem que influencia as cognições, moldando a percepção indiretamente” - de acordo com Davidoff, 1983 – foi utilizada pela família ao demonstrar para Kaspar como se pegava em uma colher e/ou se alimentava. Ainda nesse momento, lhe é repassado o sentido “de vazio e não vazio”, sendo essa uma vivência social muito complicada para Kaspar, pois, “a percepção é uma operação ativa e muito complicada visto que, [...] não necessariamente as aptidões perceptivas são aprendidas, pois certas experiências são vitais para o desenvolvimento perceptivo normal.” (Davidoff, 1983). Tudo isso é  aprendizagem, pois é ela que exige a retenção de hábitos ou de novas informações.

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