Peter Pal Pelbart
Pesquisas Acadêmicas: Peter Pal Pelbart. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: HCruz • 21/9/2013 • 493 Palavras (2 Páginas) • 512 Visualizações
Peter Pal Pelbart, no livro Da clausura do fora ao fora da clausura (1989),
revê diferentes percepções sócio-históricas sobre a loucura, desde a antigüidade grega até as concepções modernas, começando por Sócrates e Platão.
Para Platão, haveria dois tipos de loucura (também chamada “mania” grega):
a loucura humana, ligada às perturbações do espírito pelo desequilíbrio do
corpo; e a loucura divina, que nos tira dos hábitos cotidianos, e que seria
subdividida em profética, ritual, poética e erótica. Principalmente no que se
refere às modalidades de loucura divina, a loucura grega se aproxima da
razão, dialoga com ela, gerando uma relação muito estreita entre sabedoria
e delírio. Pelbart não vê nessa concepção platônica o oposto da visão médica
moderna (para a qual, na interpretação foucaultiana, subscrita por Pelbart,
loucura se oporia à razão, como veremos adiante); tampouco procura identidades entre elas. Se em Platão está presente um sentido para a loucura
humana, que o aproxima da interpretação médica moderna como afetação
ou desequilíbrio do corpo, tal sentido está longe de esgotar a relação de
sua época com a loucura. Além do mais, a idéia de um desequilíbrio do
corpo que afeta o espírito nada tem a ver com a idéia moderna de interioridade psicológica, e menos ainda com a idéia de seu distúrbio. Esta construção de uma interioridade subjetiva, passível de sofrer perturbação, é
essencialmente moderna.
Algumas conclusões importantes são tiradas por Pelbart da visão antiga.
A primeira é que na Antigüidade a palavra delirante não era relegada ao “nãoser”, isto é, não era desqualificada em relação à razão, ao logos; a segunda é
que loucura e pensamento nem sempre foram excludentes ou incompatíveis;
a terceira é que havia uma “dimensão de saber” na “mania” grega, que representava uma outra forma, aliás privilegiada, de acesso à verdade divina.
O logos grego não tinha contrário, o desatino divino só podia ser pensado
como um além da razão, o outro absoluto da razão, com o qual a razão dialogava, completava-se. A conclusão final, à qual o autor nos encaminha ao longo
de todo o livro, é a de que nem sempre o que chamamos de loucura significou,
apenas ou prioritariamente, doença.
O interesse dessa leitura de Pelbart, em conformidade com Foucault, está
em sua intenção explícita de mostrar que cada cultura atribui ao desatino uma
função diferente, e também inventa um modo específico de ser ou estar louco.
Pelbart adverte que a visão de Platão não deve ser
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