Pressupostos Filosóficos Neotomismo Antonio Aguiar.
Monografias: Pressupostos Filosóficos Neotomismo Antonio Aguiar.. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: marujofsa • 19/11/2014 • 2.038 Palavras (9 Páginas) • 736 Visualizações
PRESUPOSTO FILOSÓFICOS - NEOTOMISMO
Toda a prática assistencial foi, portanto, no período que vai de fins do século XIX até 1960 no Brasil, um trabalho religioso.
Sendo assim, é evidente que a noção de caridade deveria estar no centro dessa prática.
E nós vimos que a noção paulina de caridade teve importância crucial na teologia de Tomás de Aquino.
Não por acaso, assim, será o pensamento de Tomás que estará na base do trabalho social da Igreja.
Contudo, a maneira como Tomás de Aquino influencia esse trabalho e, no bojo deste, o serviço social, é indireta: ela se faz pelo neotomismo.
Duas noções, duas ideias, são destacadas, no neotomismo.
São dois princípios:
o da dignidade da pessoa humana;
o do bem comum.
Esse neotomismo, calcado nesses dois princípios, que será ensinado nas escolas de serviço social a partir de 1936.
Nos séculos XVII e XVIII, o ensino do tomismo está em baixa.
No XIX começa a ser retomado nas universidades.
Mas quem dá o impulso maior – será Leão XIII, em sua encíclica Aerterni Patris.
Nesta encíclica aparece claramente a noção de “ordem e progresso”, transcrita na expressão “tradição e progresso”.
O epicentro intelectual da restauração do tomismo, chefiada pelo Cardeal Mercier.
Aguns aspectos do pensamento tomista:
1) a “visão de pessoa humana”;
2) alguns “conceitos de sociedade e bem comum”;
3) “questão ética”.
Destas três noções, a primeira é a mais importante.
• A união entre o corpo e a alma distingue o humano tanto das “inteligências separadas” – os anjos – quanto dos seres naturais orgânicos e inorgânicos.
Tomás, ademais, fará uma distinção entre inteligência (anjos) e intelecto (humanos).
A união da alma com o corpo torna o corpo humano o mais perfeito entre todos os corpos do universo (que é o conjunto das coisas criadas).
Isso porque, na ordem da criação, a alma vem logo após os anjos; em seguida, os corpos; logo no homem, a perfeição da “inteligência” se manifesta na racionalidade.
O homem é um corpo racional, e é isso o que distingue a pessoa humana. Pela razão, o homem é consciência de si, vontade, e liberdade.
Liberdade implica moralidade, pois a liberdade para escolher isto ou aquilo implica responsabilidade pela escolha efetuada.
E isso significa que a pessoa humana pode não cumprir o seu fim último, que é conhecer e unir-se a Deus.
Desse desvio de percurso nascerão todos os problemas de ordem moral pecado, mal etc.
Mas, realizando-o completamente, a pessoa cumpre o seu fim último e por isso realiza o progresso social, já que o homem é um “animal social”.
Quer dizer, o homem só vive entre outros, na multidão, em coletividade.
A pessoa do homem é um “ser social”, que como tal deve buscar antes de tudo a perfeição do coletivo.
O coletivo, aqui, está e deve estar acima do indivíduo.
Isso significa que o bem comum está acima do bem individual – para realizar este, é preciso realizar aquele primeiro.
Sociedade, para Tomás, não é outra coisa senão a união de homem com vistas à realização de alguma coisa que é comum a todos.
Essa coisa comum é o “bem-estar da sociedade”, desde que esse possa ser partilhado por todos. Compreendemos, então, a oposição da Igreja ao liberalismo. Só há comunidade se há partilha do bem comum.
Mas o que é que garante e preserva essa comunidade? O eterno, o divino, o humano, o natural.
A lei eterna é o plano racional de Deus ao criar o universo e todas as criaturas. Não podemos conhecê-la completamente, mas dela participamos.
A lei divina é a lei revelada aos homens, na Bíblia. A lei natural é aquela presente no corpo humano e em outros; e como ela é necessariamente racional (já que feita pelo Criador inteligente), dela deriva a lei humana – o “direito positivo” do Estado.
O Estado, portanto, sendo fruto da lei natural também presente no homem, é algo natural e não histórico, como afirmava Aristóteles. E em todo Estado há autoridade – do contrário a lei humana não é respeitada e a desordem se instala.
Ocorre, porém, que o natural e o humano se subordinam à sua fonte primeira, Deus; portanto, subordinam-se tanto a divina como eterna e esta sobretudo.
Logo, a autoridade que há em todo Estado deriva de Deus. E quem é o representante direto de Deus na Terra? A Santa Madre Igreja.
Portanto, o Estado deve subordinar-se à autoridade da Igreja.
Ora, a Igreja é uma instância que representa uma “ordem divina” e, portanto, “eterna”.
Assim, não são os homens que devem decidir mudar ou transformar a sociedade, e sim os mandatários de Deus.
Nessa perspectiva, toda aspiração à transformação por exemplo, na forma da revolução fica bloqueada. Eis por que o serviço social, em seus inícios, foi antes de tudo reformista, negando-se a si qualquer aspiração à transformação social.
A partir de 1920, haverá uma instituição católica que buscará fazer uma espécie de “ciência social” da Igreja: a “União Internacional de Estudos Sociais”.
Na verdade, essa instituição foi criada especificamente para oferecer as bases teóricas da prática assistencial católica.
A União foi fundada em Malinas, na Bélgica, e será inicialmente presidida pelo Cardeal Mercier.
Este elaborará
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