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Psicofarmacologia a quem serve?

Por:   •  4/10/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.922 Palavras (12 Páginas)  •  222 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho faz uma abordagem panorâmica entre os textos, “Psicofarmacoterapia: A quem serve?  E O sintoma sem sujeito da psicofarmacologia ”, estabelecendo um paralelo analítico e crítico que versa a problematização do uso indiscriminado e da prescrição dos psicofármacos na sociedade atual, denominada “medicalização”, apresentando não só a psiquiatria e os psiquiatras como agentes principais dessa prática, mas também, os não médicos. Os manicômios, as doenças mentais e o estereótipo causado pelos sujeitos que fazem uso desses medicamentos, o preconceito da sociedade em relação a esse tema e as pessoas que se encontram em estado de sofrimento. O adoecimento mental contemporâneo mundial, o poder da nosologia nas mãos de uma classe elitista médica, a generalização do “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Psiquiátrica Americana” (DSMV), sendo usado como uma espécie de bíblia, como única e verdadeira fonte para o reconhecimento e diagnóstico de transtornos e distúrbios mentais. A exclusão do sujeito e da sua responsabilidade sobre o seu sintoma. O papel da mídia em divulgar pesquisas científicas para leigos. E por fim, a poderosa indústria farmacêutica que parece interpor e sustentar entrelinhas toda essa discussão.

  1. TEXTO: “E PSICOFARMACOTERAPIA: A QUEM SERVE? ”

A saúde do corpo e da alma são bens muito preciosos e indispensáveis para o equilíbrio físico e mental, entretanto a saúde não é só a ausência de doença, mas sim fatores como: saúde física que engloba a condição geral do corpo em relação a doença e ao empenho físico; Saúde mental que se descreve como qualidade de vida emocional e cognitiva de uma pessoa, compreensão da realidade, integração social e emocional; E a saúde social que está relacionada com a capacidade do indivíduo estabelecer comunicação com outros e conseguir desenvolver- se em ambientes sociais que estão englobados de uma maneira individual, possibilitando uma qualidade de vida, estabelecida  pela  Organização Mundial de Saúde (OMS), São Paulo (1946). Portanto, quando o indivíduo perde sua saúde mental é necessário buscar o tratamento adequado para aliviar o seu sofrimento, através de psicofármacos e de psicoterapias.  

O texto “ PSICOFARMACOTERAPIA: A QUEM SERVE? ” Tem como proposta discutir teoricamente a questão da política dos psicofármacos nos manicômios e seus processos. Na página 39, MOURA; GARRITANO, 1993, afirmam que “Deste modo a ação de medicar, é concebida aqui como resultado de um conjunto de procedimentos que chamaremos de Medicalização. “ Esse termo “medicalização” vem sedo muito utilizado nos últimos tempos, daí a importância em nos aprofundarmos no conceito dessa expressão.

De acordo com (HORA, 1997), Medicalização é o processo pelo qual o modo de vida dos homens é apropriado pela medicina e que interfere na construção de conceitos, regras de higiene, normas de moral e costumes prescritos – sexuais, alimentares, de habitação – e de comportamentos sociais. Este processo está intimamente articulado à ideia de que não se pode separar o saber - produzido cientificamente em uma estrutura social - de suas propostas de intervenção na sociedade, de suas proposições políticas implícitas. A medicalização tem, como objetivo, a intervenção política no corpo social. Outro uso frequente do termo é “medicalização do social”, expressão que possui um campo semântico amplo, podendo se referir a uma série diferenciada de fenômenos, o que impõe especificarmos alguns aspectos que podem ser a ele associados. Essa expressão pode ser entendida como a forma pela qual a evolução tecnológica vem modificando a prática da medicina, por meio de inovações dos métodos de diagnóstico e terapêutico, da indústria farmacêutica e de equipamentos médicos; por outro lado, pode ser usado numa referência às consequências que acarreta para o jogo de interesses envolvidos na produção do ato médico [...]

Segundo Coan (2016), professora de neurologia infantil da UNICAMP, os psicofármacos são medicamentos que vão atuar no Sistema Nervoso Central e a Farmacologia é o “estudo dos efeitos de fármacos no afeto, cognição e comportamento”.        

Esse artigo também traz à tona a evolução e o questionamento sobre quem se favorece com o uso dos psicofármacos e as críticas que são feitas, não passam do meio exclusivamente médico (se estão sendo usadas em excesso ou não?). É mencionado no texto, na página 40, um breve histórico da evolução dos psicofármacos, “ A partir dos anos 50, com a chegada dos neurolépticos, a aparência do manicômio torna-se a aparência “clorpromazínica” expressa no rosto e no andar dos pacientes. ”  

“O uso dessa droga permitiu a diminuição do uso de práticas restritivas como isolamentos e camisas de força, além do desenvolvimento de outros medicamentos para tratar depressão e ansiedade. Porém, descobriu-se depois que esse remédio possuía muitos efeitos colaterais irreversíveis, como contrações involuntárias semelhantes ao mal de Parkinson. Então essa droga “curava” um mal para criar um outro mal. E desde então, tem-se tentado encontrar algum remédio que possa ter os efeitos desejado sem ter tantos efeitos colaterais como todos esses remédios que apareceram e foram utilizados na história. ” (ASSIS, 2012)

Devido a muitos efeitos colaterais, as pessoas que faziam usam desse medicamento ficavam com aspectos parecidos e era é possível distinguir quem está fazendo usos desses psicofármacos.

 “No caso do Manicômio destaca-se o medicar. Esta é a palavra de ordem que vem implícita no regime de signos médico-psiquiátrico-farmacológico. Há outras: segregar, controlar, disciplinar, etc. Interessa-nos o medicar na medida em que a instantaneidade do seu efeito demarca e produz segmentariedades: pacientes/não pacientes, médicos/não médicos. ” (Pág. 41)

Os médicos fazem parte de uma única categoria que possui o poder de prescrever medicamentos e que se sentem respaldados pela ciência, não aceitando nenhuma crítica de outra categoria não médica, se defendendo, dizendo que profissionais das outras áreas da saúde não estão capacitados para contesta-los. Em 2013, a Presidente Dilma Rousseff, ao sancionar a lei que regulamenta o exercício da medicina, chamada de “ Ato Médico”, tenta vetar vários pontos que só era da competência médica. A nova lei abriria mão de algumas concessões para outros profissionais da saúde, como diagnóstico e prescrição de alguns medicamentos, não sendo mais privativo dos médicos. (SAMPAIO, 2013). O que não foi possível, no final o Conselho Federal de Medicina conseguiu reverter a situação e mais uma vez o poder continuou nas mãos da classe médica.

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