Psicologia Humanista

A alternativa oferecida por Rychlak para a resolução do dilema humanista é de fato uma não alternativa. Ao querer reintroduzir o domínio da legitima causalidade final na explicação cientifica, ele está mantendo a imagem humanista de ser humano mas renunciando à ciência moderna.

Outro exemplo do caos provocado quando explicações finalistas são inadvertidamente tomadas por explicações científicas são os atuais abusos da Psicologia Evolucionista, que pretende explicar a presença de toda e qualquer característica e comportamento do ser humano em função de uma finalidade adaptativa magicamente transformada em causa formal e eficiente dos genes.

Atribuir o termo ciência a outras formas de conhecimento humano não irá alterar o fato de que há um conjunto de conhecimentos, dentro do espectro geral do conhecimento humano, que possui características distintivas, e que continuará a ser almejado em virtude de suas extremas capacidades preditivas e pragmáticas. A psicologia Humanista almejava esta forma de conhecimento, mas fracassou em manter seu projeto de Psicologia dentro de projeto mais amplo da ciência moderna.

O movimento que desembarcou no estabelecimento da Psicologia Humanista começou no âmbito acadêmico norte-americano do pós-guerra. Os dirigentes do movimento iam contra a imagem de homem e de método cientifico defendidas pelo Behaviorismo e contra a imagem de homem e de método terapêutico da Psicanalise.

A oposição ao Behaviorismo contribuiu para o estabelecimento conceitual da Psicologia Humanista.

Quatro principais pontos os humanistas de opuseram contra o behaviorismo.

Primeiro, não concordam com a pesquisas com animais como acesso a uma compreensão adequada do ser humano. Segundo Bugental, uma psicologia baseada em dados animais excluiria aquilo que deveria ser o objeto primeiro da Psicologia: os processos e experiências distintamente humanos.

Segundo, os humanistas exigem que os temas de pesquisas da Psicologia não sejam escolhidos por sua adequação ao método experimental, e sim por sua importância para o ser humano e relevância para o conhecimento psicológico.

Terceiro, opõem à concepção reativa e mecanicista behaviorista. Os humanistas argumentam que a motivação humana é intencional e auto motivada. Por último, estes afirmam que ainda que possível ao Behaviorismo realizasse um catálogo completo dos comportamentos humanos possíveis, isto não ofereceria uma descrição adequada da natureza humana, pois seguindo Gestalt, a pessoa é mais do que a soma dos seus comportamentos isolados. Para os humanistas, o homem é um todo único e indivisível, é uma Gestalt.

A Psicologia Humanista não somente se opôs ao behaviorismo, mas também teve uma reação contra a Psicanálise. Segundos eles a visão da natureza humana em Freud era pessimista, fatalista e excessivamente centrada no lado “negro” do ser humano. Segundo De Carvalho, para Freud, a pessoa permaneceria para sempre fixada em emoções originadas de traumas da infância.

Abraham Maslow acusa a psicanálise de estudar somente indivíduos perturbados: neuróticos e psicóticos. Segundo ele, a Psicologia deveria estudar as qualidades e características positivas do ser humano, psicólogos deveriam estudar o homem sadio, não psicopatologia.

A oposição feita pelo movimento Humanista ao Behaviorismo e a Psicanálise teve como principais influencias: obras do neuropsiquiatra Kurt Goldstein, Psicologia da Gestalt - da mesma maneira que Goldestein, a Gestalt considera o homem como unidade irredutível, “o todo é maior que a soma das partes” - e de alguns dos primeiros teóricos da personalidade.

Pressupostos filosóficos da ciência moderna, podemos dizer que cinco crenças formam a base da ciência moderna, a primeira delas é a crença de que o objeto de investigação existe independentemente do observador – Realismo Ontológico;

A segunda, crença na estabilidade, pelo menos em alguns de seus aspectos, do objeto estudado – Regularidade do Objeto;

Terceira, é a crença de que através do método adequado, podemos vir a conhecer algo sobre o objeto – Otimismo Epistemológico;

Quarta, é a ascensão das leis básicas da lógica clássica na formulação de argumentos válidos. – Pressupostos Lógico;

Quinta, crença de que podemos representar adequada e estavelmente o mundo através da linguagem – Representacionismo;

Maslow coloca alguns pressupostos que fundamentam a Psicologia Humanista, sobre a imagem humanista do objeto da Psicologia.

“1 - Cada um de nós tem uma natureza interna

essencial, biologicamente alicerçada, a qual é, em certa

medida, “natural”, intrínseca, dada e, num certo

sentido limitado, invariável ou, pelo menos, invariante.

2 - A natureza interna de cada pessoa é, em parte,

singularmente sua e, em parte, universal na espécie.

3 - É possível estudar cientificamente essa natureza

interna e descobrir a sua constituição (não inventar,

mas descobrir).”