Psicopatologia - campo das neuroses

NEUROSE

A neurose, também conhecida como psiconeurose ou distúrbio neurótico, refere-se a uma doença funcional do sistema nervoso. O termo neurose diz respeito aos transtornos afetivos e de humor que levam as pessoas a experimentarem sentimentos e reações habituais ou extremas incontroláveis, com o perfeito juízo da realidade.

“O sujeito neurótico internalizou a figura do outro como uma presença dominante, perante a qual o próprio sujeito se posiciona como ente secundário. Isso significa que para o neurótico o outro tem demasiada presença. O neurótico está tão habitado pelo outro que quase sempre precisa tomar providências, tendo que apelar para truques no sentido de conquistar um espaço suficiente para ele mesmo nesse mundo

(Romero, 1997, p.165​)”

DEFINIÇÃO DE FREUD

Para Freud, a neurose ocasiona-se de um conflito psíquico entre o ego (aquilo que o indivíduo é ou foi) e o Id (aquilo que ele desejaria ser ou ter sido), envolvendo a frustração de um impulso instintivo, provocando o mecanismo de recalque no inconsciente do sujeito neurótico e propiciando um distanciamento da realidade. O sujeito neurótico não altera a personalidade em si, mas este é capaz de identificar e compreender esse distanciamento de tal maneira que o sofrimento vem da dificuldade em aceitar e conviver com tal, tornando a sua existência intolerável.

Destaca-se também que, neurose também é entendida como problemas relacionados à fixação da libido e à fixação problemática; em princípio, Freud aprofundou seus estudos sobre a neurose na perspectiva da teoria do trauma, cuja natureza da neurose estava contida em um trauma sexual vivenciado pelo sujeito, porém abandonando essa teoria surge o conceito empírico do complexo de Édipo no entendimento dessa formação, no qual Freud passa a perceber que as neuroses podem ter origem a partir de conflitos interiores, remetendo para os conflitos infantis recalcados, em que a criança tem sentimentos ambivalentes com seus pais.

Sendo assim, o sujeito não está neurótico, ele é neurótico e torna-se, após ter passado pela experiência do complexo de Édipo e castração. A neurose é uma maneira da pessoa se estruturar e sentir os acontecimentos da vida. O indivíduo pode ser consciente de algumas questões que sua neurose produz, mas quase sempre não consegue modificá-la por se sentir incapaz; toda a angústia emocional e o conflito inconsciente são manifestados através de alterações físicas, perturbações mentais, sentimentos de ansiedade e culpa.

Algumas manifestações neuróticas podem ser: depressão, ansiedade aguda ou crônica, tendências obsessivas-compulsivas, fobias e até desordens de personalidade.

Por fim, todas as pessoas têm estruturas neuróticas, porém só passam a ser considerado patológico quando há comprometimento na vida da pessoal.

DEFINIÇÃO DE MELANIE KLEIN

Vivemos à volta de um grande impasse, de um lado o desejo da realização dos nossos caprichos, de outro a realidade. Nossa razão, pode ser utilizada taticamente para resolver este impasse.

“A mente pode ser usada para buscar a verdade, bem como para encobri-la, buscando na mentira um falso caminho para a realização dos desejos fantasiosos. Segundo Bion, a razão é utilizada na maioria das vezes para falsear ao invés de falar a verdade, aliada aos mecanismos de defesa diversos.”

Segundo ​Melanie Klein​ a passagem da posição psicótica para a neurótica acontece na ausência do seio bom sendo o mesmo internalizado. O bebê ao invés de pensar que existe um seio mau e sofrer com isso, compreende que há um seio bom, e apenas está ausente. É adquirida uma capacidade de simbolizar o desejo, sentimento e pensamentos, já não tendo a necessidade de algo concreto para amenizar o seu sofrimento. O indivíduo se torna capaz de tolerar a frustração, conservando o objeto ausente sem a necessidade do concreto. Todo esse processo desenvolve o aparelho psíquico do pensamento.

COMPLEXO DE ÉDIPO

O complexo de Édipo ocorre na fase fálica do desenvolvimento psicossexual entre as idades de três e cinco anos, sendo um ponto importante no desenvolvimento para formação da identidade sexual. Fase esta onde ocorre a internalização da figura paterna, compreensão do indivíduo de que deve aceitar o “não” do pai, e que certas coisas devem ter regras. ​Para a passagem do campo das psicoses para o campo das neuroses é necessário que o indivíduo passe pelo complexo de Édipo superando e internalizando alguns critérios: adquição do nojo/asco; eu amo mais eu não tenho; eu odeio mais não posso matar.

“Conjunto organizado de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob a sua forma dita positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob a sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto. Na realidade, essas duas formas encontram-se em graus diversos na chamada forma completa do complexo de Édipo. Segundo Freud, o apogeu do complexo de Édipo é vivido entre os três e os cinco anos, durante a fase fálica; o seu declínio marca a entrada no período de latência. É revivido na puberdade e é superado com maior ou menor êxito num tipo especial de escolha de objeto. O complexo de Édipo desempenha papel fundamental na estruturação da personalidade e na orientação do desejo humano. Para os psicanalistas, ele é o principal eixo de referência da psicopatologia.”(Laplanche e Pontalis 1992, p. 77)

TIPOS DE NEUROSES

1. Neurose obsessiva.

2. Neurose histérica.

3. Neurose fóbica.

Neurose Obsessiva​:

Sigmund Freud em ‘’​As Neuropsicoses de defesa​‘’ afirmou que a neurose obsessiva está no conflito de origem sexual que move e bloqueia todos os fluxos de energia, devido a fonte de prazer experimentada antes da