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RELATÓRIO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO EM PSICOLOGIA

Por:   •  17/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  4.414 Palavras (18 Páginas)  •  474 Visualizações

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  UNIVERSIDADE PARANAENSE – UNIPAR[pic 1][pic 2]

CAMPUS - CASCAVEL

RELATÓRIO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO

CASCAVEL,

2014

RAFAELA SALVADORI – 19546

RELATÓRIO DE ESTÁGIO ESPECÍFICO

Trabalho contendo assuntos relacionados ao início do tratamento psicoterápico dentro da abordagem psicanalítica.

CASCAVEL,

2014

  1. INTRODUÇÃO:

No presente trabalho foram abordados textos a cerca da psicanálise, conceituando o início de tratamento nesta abordagem, como também os princípios básicos que norteiam uma análise. A cerca disso, pode-se dizer que durante as orientações com a Professora Ana Maria Moreno de Oliveira, realizadas na Unipar – Campus de Cascavel, no decorrer das aulas de Estágio Específico, aprofundou-se o estudo e a análise de diversas temáticas imprescindíveis ao trabalho de um jovem terapeuta, como também se discutiu a cerca dos textos utilizados no presente trabalho. Dentre as temáticas pode-se citar a postura do analista iniciante frente ao seu paciente, a forma de conduzir uma análise, regras básicas de conduta, informações a cerca da técnica utilizada pela psicanálise, como também as principais problemáticas que podem emergir em um atendimento. É importante compreender que se trata de recomendações e há grande probabilidade de surgir diversas intercorrências em um atendimento, além das que são tratadas abaixo. Objetivando assim, sanar maiores dúvidas de um jovem analista, auxiliando no início de sua função a partir dos preceitos da psicanálise.

  1. DESENVOLVIMENTO:

Josef Breuer entre 1880 e 1882 realizou a descoberta do sentido dos sintomas neuróticos e que os mesmos se relacionam com as experiências de vida do paciente. A partir disso, Freud (1915-1916) aponta que a neurose obsessiva e a histeria são formas de doenças neuróticas que a psicanálise baseou-se e realizou seus triunfos inicialmente, a neurose obsessiva manifesta-se através de impulsos internos que parecem estranhos ao indivíduo, cuja realização não lhe proporciona satisfação alguma, e a realização dos mesmos são obrigatórias para ele. Apesar de, o neurótico compreender o processo, não consegue interromper, pode somente deslocar a obsessão, substituir uma ideia absurda por outra mais tênue.

O neurótico obsessivo, em geral, inicia suas atividades com grande energia, é um ser satisfatoriamente ético, corrige seu próprio comportamento, voluntarioso e possui dotes intelectuais elevados. Com as obsessões surge uma grande indecisão que vagarosamente coloca em dúvida tudo o que é certo, perda de liberdade e falta de energia. Sendo assim, Freud (1915-1916) coloca que no início objetiva-se apenas compreender alguns destes sintomas e interpretá-los, no decorrer do tratamento ocorre a remoção dos sintomas obsessivos de forma permanente, como também diversas queixas.

As neuroses traumáticas, diferente das neuroses espontâneas, indicam que sua raiz está fixada no momento de um acontecimento traumático.  Desta forma, a neurose equivale a uma doença traumática, que nasce da incapacidade de lidar com uma experiência afetiva demasiadamente intensa. (FREUD, 1916-1917).

Freud expõe exemplos para facilitar o entendimento a cerca das neuroses. Uma mulher, com graves manifestações obsessivas corria de seu quarto até o cômodo ao lado assumia sua posição ao lado da mesa, soava a campainha para chamar a empregada, fornecia algum recado e dispensava-a, posteriormente corria de volta ao seu quarto. A própria paciente um dia, desvendou o sentido deste ato. Há dez anos a paciente casara-se com um homem que ficou impotente na noite de núpcias, durante a noite ele corria para o quarto dela objetivando tentar novamente, porém sem sucesso. Na manha seguinte, com vergonha da empregada jogou tinta vermelha no lençol, não exatamente onde a macha deveria estar. Assim, ficou claro que a paciente se identificava com o marido, ao correr de um quarto a outro, a cama e o lençol foram substituídos pela mesa e a toalha, ao chamar a empregada mostrava uma mancha que estava a vista na toalha. Ao repetir a cena ela estava corrigindo-a, consertando também a impotência do marido. O segredo profundo em relação à doença era proteger o marido de comentários maldosos, justificando com a sua doença estarem separados atualmente..

Em outro caso, uma jovem com dezenove anos, filha única, bem instruída e intelectualizada, se apresentava bastante irritada, insatisfeita, indecisa e deprimida, verificando que não conseguia mais caminhar livremente por ruas, desenvolveu um ritual inflexível para dormir. A jovem deveria tirar todos os relógios do quarto, colocar todos os vasos de flor em um único lugar para evitar que caíssem e quebrassem, além de arrumar o travesseiro para não encostar-se à cabeceira, posicionar devidamente um travesseiro em forma de diamante, sacodia a coberta até que todas as penas ficassem na parte inferior.

Constatou-se que os relógios assumiram o simbolismo do genital feminino por seus processos periódicos, assim como os vasos de flor também são símbolos sexuais. Quando criança caiu com um vaso de porcelana em mãos e se feriu, ao crescer desenvolveu a ideia de que não iria ter perda de sangue na noite de núpcias o que representava um repúdio à virgindade e ao primeiro coito, por isso sua precaução com os vasos não se quebrarem. Posteriormente, compreende que o travesseiro, uma mulher, não poderia encostar-se à cabeceira, ereto, um homem, objetivando assim separar homem e mulher, separando seus pais um do outro, não permitindo o acontecimento de relações sexuais. A coberta com todas as penas na parte inferior significava uma mulher gravida, pois temera que o coito entre seus pais resultasse em mais um filho, um rival. Já o travesseiro em forma de diamante representava o símbolo do genital feminino e sua cabeça ao deitar nele representava o masculino, assim ela própria representava o homem. Conclui-se que a jovem estava dominada por uma ligação erótica com o pai que remonta a sua infância e constitui assim um ritual objetivando uma fuga da realidade e evitando encarar o seu futuro. (FREUD, 1915-1916).

Freud (1916-1917) expõe interessantes implicações em relação aos casos expostos: Em ambos os casos as pacientes encontram-se alienadas de seu presente e futuro, permanecendo fixadas em seu passado e presas a sua doença para suportar o peso de suas vidas infelizes. No primeiro caso, a mulher mantinha o casamento com o marido por meio de seus sintomas, mesmo sendo jovem, tomou todas as medidas reais e mágicas para continuar fiel a ele, colocando-o em um pedestal. No segundo caso, a suspeita é de que a jovem ficou gravemente doente para não se casar e se afastar do pai, o qual estabeleceu uma ligação erótica anterior à puberdade.

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