Resenha Crítica do Filme A Caça

UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP INSTITUTO DE CIÊNCIAS HUMANAS CURSO: PSICOLOGIA

Flávia Namie Sassaki Tajes - G286GJ4

Resenha Crítica do Filme “A Caça”

Resenha Crítica

Sorocaba 2023

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1 Resenha Crítica do Filme “A Caça”

O filme “A Caça” apresenta e enfatiza um olhar atento às problemáticas da sociedade atual, principalmente no quesito de como as pessoas podem facilmente acreditar em informações falsas por deixarem as crenças pessoais e o ponto de vista emocional falarem mais alto que a verdade por trás dos fatos. Ele retrata a acusação de abuso visto da ótica do suposto abusador, mas que, no fim, era apenas uma vítima da pressão social e da falha na coleta de informações (as pessoas deixaram ser levadas pelo emocional) para provar sua inocência.

Lucas é um homem divorciado, que perdeu a guarda de seu filho único, se diverte caçando com seus amigos e trabalha em uma creche para se sustentar. Nessa creche em que trabalhava, o personagem era respeitado e adorado tanto por seus colegas quanto pelas crianças, sendo uma delas uma menininha angelical, de cinco anos, chamada Klara. A garotinha sempre teve um grande carinho e adoração por seu professor, no entanto, isso muda drasticamente quando flagra seu irmão mais velho assistindo a um vídeo pornô e este diz “olha como o pau dele está ereto”. Klara, que já sentia e nutria uma afeição infantil pelo professor (um tipo de primeiro amor comum), acaba dando-lhe um beijo nos lábios enquanto brincavam (junto de outras crianças) na creche por puro impulso. Surpreso, Lucas conversa com ela e explica que isso não é o certo a se fazer, ainda mais na idade dela, o que acaba entristecendo e magoando a menina. Na atual sociedade em que os professores têm receio de se aproximarem demais dos alunos e o conceito de afeto está cada vez mais desorientado, o filme traz uma discussão sobre como os professores devem reagir para evitar problemas como esse, o que aparenta ser um grande dilema, visto que mesmo os maiores esforços podem ser capazes de atrair o pior dos casos.

Certo dia, durante uma conversa com a diretora, Klara deixa escapar uma frase que acaba dando a entender que a pequena sofreu algum tipo de abuso sexual por parte de seu professor. No entanto, a frase proferida por Klara foi que “ele também tem um pinto (. . . ) o dele estava ereto“. Comparando esta frase com a do irmão, é possível a compreensão de que a criança acabou reagindo a um ”amor não correspondido“ e misturando as informações que ouvira de seu irmão e apenas repetindo-as, sem ter a noção da gravidade daquilo que falava. Apesar de “não ser uma mentira” o que falava e ser tudo muito confuso, a pequena vingança infantil soou muito grave para os adultos e também destruiu profundamente a vida do pobre professor. Lucas passa por diversos episódios de humilhações e agressões dentro da cidade, além de ser injustamente julgado e isolado de todos, chegando a perder muitas coisas que lhe eram queridas.

Em uma atualidade em que houve um grande aumento de proteção aos vulneráveis (mulheres, crianças, idosos, LGBTQIA+, etc), de fato essa proteção trouxe muitos benefícios aos necessitados. No entanto, com o tempo, a alta valorização e a necessidade de proteção acabam, por vezes, chegando a exceder os limites, ao ponto de que as pessoas acabam por

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esquecer de ver as situações com mais igualdade, colocando os dois pontos de vista sobre um mesmo patamar. Além disso, há também a problemática de os adultos (apesar destes estarem em posição de guiar as crianças por terem maior conhecimento e noção de mundo e sociedade), ao ouvirem a pobre menina tentando contar o que (não) aconteceu de verdade, ao invés de tentarem investigar mais à fundo e confiarem um pouco mais no Lucas que eles conheciam, simplesmente deram continuação às mentiras. Isso afetou, não somente a vida de Lucas e de Klara, mas também a vida de todos aqueles que tinham envolvimento com os dois (o filho de Lucas, os pais de Klara, a creche, a cidade, entre muitos e muitos outros). Tal aspecto presente no filme mostra o quão real é a facilidade com que as falsas acusações (fake news) são recebidas por muitos, a escassez no número exames psicológicos e a rejeição/proibição da verba ao acusado. O problema com a reputação é que, por mais que tentem limpá-la depois, a fofoca deixa rastros que não podem ser apagados, pois o mal já foi feito.