Resenha Curso De Psicologia Psicologia, Políticas Públicas, Cultura E Meio Ambiente
Por: marielennnnn12 • 9/11/2023 • Resenha • 2.532 Palavras (11 Páginas) • 124 Visualizações
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CURSO DE PSICOLOGIA
PSICOLOGIA, POLÍTICAS PÚBLICAS, CULTURA E MEIO AMBIENTE
PROF.ª: ALANA ARAGÃO
MARIA HELENA RODRIGUES SILVA
RESENHA CRÍTICA: DOCUMENTÁRIO “O SAL DA TERRA”
SOBRAL (CE)
2023
INTRODUÇÃO
Em belas imagens que nos levam a uma grande reflexão sobre os nossos dias atuais, acompanhamos a vida do premiado fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado, 71 anos, no documentário O Sal da Terra (2014), que nos mostra com detalhes quais foram os caminhos percorridos pelo artista para a criação de seus grandes trabalhos. A presente obra fora dirigida pelo alemão Wim Wenders e pelo franco-brasileiro Juliano Salgado, o próprio filho do grande fotógrafo.
Através de suas imagens em preto e branco, somos atravessados pela tela e guiados à uma grande jornada pelos 4 cantos do mundo, os quais Sebastião Salgado mostra os lugares que se aventurou para construir suas obras, essas que tinham um propósito social de mostrar a realidade contemporânea por meio de cada imagem, buscando levar o espectador a uma reflexão, expondo, através da arte, os problemas sociais presentes na sociedade. Para constituir suas obras, passou por diversos momentos de superação pessoal, onde presenciou inúmeros momentos históricos que marcaram a sua vida.
No longa, acompanhamos os passos de Sebastião desde onde nasceu até os caminhos traçados para a construção de suas 5 obras: Outras Américas, (1977-1984); Sahel: the end of the road (1984-1985); Trabalhadores (1986-1991); Êxodos (1993-1999); Gênesis (2004-2013). Ao decorrer do filme, contamos com pequenas narrativas dos diretores Wenders e Juliano, mas em sua grande parte é narrada pelo próprio Sebastião e seus quadros que nos impactam fortemente.
DESENVOLVIMENTO
A obra inicia com as imagens tiradas na “Serra Pelada”, uma escavação de ouro em terras do Pará. Sebastião revela que a experiencia daquela realidade o fez sentir como se estivesse no início dos tempos, como na construção da Torre de Babel, quando milhares de pessoas trabalhavam incansavelmente em um verdadeiro formigueiro humano:
Serra Pelada, a mina de ouro do Brasil frente a mim. Quando cheguei às margens desta imensa cratera, percebi a sua beleza. Nunca havia visto nada parecido. Ali, vi passar diante de mim, em fração de segundos a história da humanidade, a história da construção das pirâmides, da Torre de Babel, as Minas do Rei Salmão. Aí dentro não se ouvia qualquer ruído de máquina, somente se ouvia o murmúrio de 50.000 pessoas enfiadas em um grande buraco. Conversas, ruídos, ruídos humanos mesclados com os toques manuais. Realmente me fez viajar ao princípio dos tempos. Quase podia escutar o murmúrio do ouro nestas almas.
Logo em outro momento, podemos vê-lo fotografando um povo Yali, na Cordilheira de Papua Ocidental, na Indonésia. Vemos sua interação com as crianças e o povo ali presente dançando e cantando, a sua relação de proximidade, estando atento aos detalhes daquela reunião, sendo como um deles.
Seguindo o filme, é apresentado como Salgado conhece sua parceira de vida, Lélia. Juntos participaram de movimentos políticos de esquerda na época da ditadura militar. Contudo, em 1969, precisaram se mudar para Paris, lugar onde Sebastião teve contato com sua primeira câmera. Ao lado de sua esposa, produziu pequenos trabalhos, até que investiram fortemente em algo maior, o seu primeiro projeto autônomo: “Outras Américas”. Com ele, Sebastião percorreu por 8 anos a América Latina, entre 1977 e 1984 com o objetivo de compreender as perspectivas de vida do ambiente e poder expressar a partir da fotografia aquela experiencia de diversidade cultural.
Findada a ditadura, Salgado retorna com sua família para sua terra natal, o Brasil, após 10 anos. Ao ver tudo diferente, instigou-se a conhecer seu país de origem mais profundamente e, assim, viajou por 6 meses pelo Nordeste. Encontrou um povo assolado pela mortalidade infantil e registrou tristes imagens do nosso próprio povo. Ali concebeu um olhar social crítico que o transformou. Parte, então, rumo ao seu projeto “Sahel: O Homem em Agonia”, que o levou para África, onde se associou ao Médico Sem Fronteiras. Pelos anos de 1984 a 1985, encontrou uma população que vivia a mártir, sofrendo e morrendo com a fome, doenças e guerras entre diferentes grupos étnicos. Uma dor provinda do descaso e desonestidade política:
Morrer aqui é como a vida do dia a dia. As pessoas se acostumam com a morte (...) cada pessoa que morre é uma parte do mundo que morre.
Passando pela Etiópia, Sudão e Mali, relata que vivenciou diversos casos de conflitos civis, onde muitas populações precisavam fugir de suas casas, mas avançavam em direção a morte, seja pela fome, sede, por aviões que passavam metralhando o povo no caminho e a seca.
Em seu terceiro trabalho, Salgado representou os homens e mulheres que construíram o mundo. Com a obra “Trabalhadores” ele viajou por 6 anos a quase 30 países, entre 1986 e 1991. Buscou apresentar as condições humanas através do trabalho, mostrando a humanidade desses trabalhadores. Em 1991, esteve em Kuait, levado pela curiosidade e desejo de poder registrar aquele “teatro”. Trouxe consigo as imagens surpreendentes das explosões dos poços de petróleo, as quais eram combatidas por um exército de bombeiros vindos do mundo inteiro. Revela que sua surdez teve início ali, pois o ruído das explosões era muito forte.
Em sua próxima obra, “Êxodo”, quis mostrar como eram os deslocamentos de populações incentivadas pela guerra, fome e condições de vida precárias que saiam de suas casas em busca de uma nova vida. Seu objetivo era mostrar mundialmente o dia a dia dos refugiados de diversos lugares, como “Índia, Vietnã, Filipinas, América Latina, Palestina e Iraque”. Relata, através das fotos, o genocídio que presenciou em Ruanda, sucedido de uma guerra civil. Em seus registros, vemos um caminho de cadáveres, como Salgado menciona: "150 quilômetros de cadáveres”. Um lugar afundado pela fome, doença e miséria da guerra. Sua rota durou de 1993 a 1999.
Dando continuidade, ele faz uma crítica sobre a raça humana:
Somos um animal muito feroz. Nós humanos somos um animal terrível. Seja na Europa, na África, na América Latina, em toda parte. Somos de uma violência extrema, de verdade. Nossa história é a história de guerras. É uma história sem fim, história da repressão, uma história louca.
No Congo, 1994, relata que via montanhas de mortos, “12 a 15.000 pessoas por dia”. Ao findar de todo o percurso, em 1999, releva que ficou doente e “não havia mais saída para a espécie humana”:
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