Resenha Dos Livros O Livreiro De Cabul E Eu Sou O Livreiro De Cabul
Dissertações: Resenha Dos Livros O Livreiro De Cabul E Eu Sou O Livreiro De Cabul. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: tatiana.sousa.p • 14/2/2014 • 2.044 Palavras (9 Páginas) • 542 Visualizações
O Livreiro de Cabul
O Livro Livreiro de Cabul foi escrito pela jornalista norueguesa Åsne Seiesrtad. Na época o Afeganistão, pais onde se passa a maior parte da narrativa, acabara de sair da guerra contra os talebans. Ela foi acolhida na residência de um livreiro, que vivia com a segunda esposa, os filhos, a irmã e a mãe, após cobrir a guerra por três meses. Esse foi o espaço de tempo quando ela escreveu o livro
O livreiro de Cabul, agora já sabido Shah Mohammad Rais , por ela chamado no livro pelo codinome de Sultan ameaçara processar a jornalista, por acreditar que o livro por ela distribuído era injusto a respeito dele e sua família e não escondia realmente a identidade dos personagens. Ele contactou um editora norueguesa e conseguiu publicar um livro que mostrava sua versão dos fatos.
Nos propomos então a fazer uma analise dos dois livros a partir da filosofia do behaviorismo radical. Podemos entender já à primeira vista porque foi sugerida a analise dos mesmos em conjunto. Sabemos que cada ser é único, devido a uma história comportamental que não se repete, mesmo porque, dentre muitos outros fatores, os organismos ocupam distintos lugares no espaço e a simples disparidade os ângulos de visão criam contextos diferentes para cada ser. À influência da nossa história comportamental percebemos coisas de uma maneira dispare, porque os estímulos a que fomos condicionados responder não são os mesmos. É assim que a analise do comportamento explica o que chamamos leigamente de atenção, ou prestar atenção a algo em detrimento de outro. Entende-se que prestar atenção não é um comportamento, mas sim a percepção de um estimulo que é ambiente para um certo comportamento. Assim sendo diríamos que a jornalista norueguesa foi condicionada pelo meio onde ela vive a responder a estímulos de uma maneira que é completamente diferente à dos afegãos, ou seja, ela “atentava” para estímulos diferentes de acordo com sua história comportamental. Ao falarmos isso não queremos dizer que ela não fosse ativa neste processo, como diz Skinner “uma pessoa não é um espectador indiferente a absorver o mundo como uma esponja” (Sério & cols. 2002: 58).
Um exemplo de uma das cenas do Livreiro de Cabul evidencia com muita força como os estímulos do ambiente são percebidos de forma diferente por pessoas que foram expostas a contingências diversas. Seiesrtad descreve a visita das mulheres ao mercado para fazer compras. Vemos que na cultura afegã as mulheres tem que vestir uma burca que cobre o corpo todo e tem na altura do rosto uma tela pela qual as mulheres podem enxergar o exterior. Por causa disso é difícil identificar uma mulher bonita, mas pelo que foi descrito se vê que isso ainda pode ser feito. As mulheres têm especial cuidado com as partes que podem ser vistas. Seus sapatos são sempre muito bonitos e escolhidos com cuidado. Elas passam um batom vermelho que pode ser visto através da burca. Ou seja, os estímulos discriminativos para a maioria da população são diferentes em relação à cultura ocidental onde as mulheres são livres para mostrar seus corpos, mas eles podem servir como ocasião para o aparecimento de respostas, como um elogio, uma fixação de olhar etc., da mesma maneira que essas aparecem na nossa sociedade em relação às mulheres que se deixam ver.
A pessoa como já dissemos absorve o mundo de maneira idiossincrática por ter sido exposta a contingências de reforçamento únicas. Poderíamos dizer que por esses fatores, no mínimo, Seiesrtad não percebeu quais as contingências que mantinham o comportamento dos afegãos da maneira como ele era, não percebeu que eles estavam em uma realidade totalmente diferente que não poderia ser entendida pelos mesmos preceitos com os quais ela entendia e julgava a sua cultura, pois ela fora condicionada a perceber outros elementos. Skinner dizia podermos conhecer as contingências, descreve-las. É o que entendemos por regras. Essas regras são em muito responsáveis por estabelecer relação de dependência entre eventos ambientais e comportamentais descrita pela regra, porque elas tornam desnecessário que um pessoa sofra, em todas as situações, contingências descrita pela regra. Sofrer as conseqüências de não seguir uma regra só é importante algumas vezes para que a pessoa veja que é importante respeitá-las, para construir uma história de seguir instruções. Em certa medida regras são produtos de uma cultura e atingem a todos os indivíduos dentro deste meio. Vemos claramente que as regras da cultura afegã eram completamente diferentes das regras da cultura norueguesa, mas a jornalista julgou o comportamento dos afegãos tendo em vista as regras da sua cultura, esta que já está tão acostumada a achar-se superior aos costumes de diferentes partes do mundo. Por outro viés, podemos tentar explicar esse comportamento pensando que a escritora não percebeu as contingências que mantinham essas regras, tendo em vista os fatores já descritos, como a historia comportamental discrepante. Portanto, não pôde ver com clareza as variantes que mantinham o comportamento de respeito às regras, o que ela poderia fazer quando ela estava na Noruega. Assim sendo ela explicava as contingências tendo em vista as variaveis presentes em sua cultura. Essa situação pode ser exemplificada quando tomamos a critica de Shah Mohammad Rais. Em seu livro ele diz que a norueguesa não percebeu porque as muçulmanas não mais saiam de casa. Ele defende que isso era devido a guerra que acontecia nas ruas e com o final da guerra o fato das mulheres serem expostas a vários estímulos eliciadores de imagens ruins, que trouxessem sentimentos tristes devido a perda de vários familiares. Åsne por sua vez interpretava isso como fruto da proibição do patriarca, porque em sua sociedade era geralmente essa variável que mantinha o comportamento de enclausuramento domiciliar.
Outra situação exemplo dessa diferença entre perspectivas ocorre quando comparamos a visão de Seiesrtad com a de Shah Mohammad Rais a respeito do pagamento que se faz, na realidade Afegã, quando se quer casar com uma moça. A norueguesa entende esse pagamento como uma compra e o livreiro como uma ajuda financeira para os custos do casamento, que é caro, da mesma maneira que ele o é na sociedade ocidental.
A sociedade Afegã
Como já fora falado as regras são descrições de contingências e servem para que não precisemos nos expor à modelação pelas contingências para todos os comportamentos que emitimos. A partir das regras é possível transmitir praticas sociais de forma rápida entre dependentes. Isso acontece em todas as culturas. Na sociedade afegã não seria diferente e podemos perceber isso em varias partes do livro, já
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