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Resenha Filme "A Pele que Hábito"

Por:   •  20/9/2018  •  Resenha  •  817 Palavras (4 Páginas)  •  448 Visualizações

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  1. Sinopse do filme “A Pele que Habito”

Robert Ledgard é um conceituado cirurgião plástico, que vivia no “El Cigarral” com sua filha, Norma. Esta possuía problemas psicológicos causados pela trágica morte da mãe. A mãe de Norma teve um envolvimento amoroso e estava fugindo com o irmão de Robert quando o carro começou a pegar fogo. O irmão saiu ileso, mas a mulher teve o corpo quase inteiramente queimado. Robert a salvou e fez algumas cirurgias plásticas nela. Entretanto, ao ver sua imagem refletida na janela, ela se suicidou jogando-se da janela e caindo na frente de Norma.

Depois de um período de internação, o médico de Norma acreditava que ela já estivesse preparada para a reinserção no mundo real. Com essa premissa, Robert leva a filha a uma festa de casamento, onde Norma conhece o jovem Vicente. Eles vão até o jardim da mansão, onde Norma acaba sendo violentada pelo jovem. O ocorrido gera um grande trauma na menina, que passa a acreditar que seu pai a violentou, já que foi ele quem a encontrou desacordada. Assim, a condição de Norma piora e ela acaba se suicidando, pulando da janela de seu quarto assim como sua mãe.

Robert, após a festa de casamento, sequestra Vicente e elabora um plano para se vingar dele: transformá-lo em mulher (Vera).

  1.  Discussão do Filme

Robert, protagonista da trama, é um personagem sedutor e muito racional, incapaz de lidar com o luto e a sua impotência diante de suas perdas (mulher e filha). Este personagem é quase a personificação do Mecanismo de Defesa denominado negação. Ele nega a morte, por isso tem a necessidade de manter seus objetos de amor vivos e presentes.

Para vingar-se da perda de Norma e substituir sua esposa, Robert faz cirurgias em Vicente até que ele se pareça muito com sua antiga esposa (surgimento de Vera)

Durante a trama ele se esforça para manter seus objetos de amor vivos por egoísmo e incapacidade de perde-los – ele luta para salvar a vida da esposa, luta para que Norma supere seu trauma e luta para manter Vera consigo. Este ato de mantê-los é uma forma de Robert se proteger contra o reconhecimento de sua própria dor (luto), o que se liga as ideias de Melanie Klein sobre as diferenças entre luto normal e melancolia.

O filme apresenta impactos psíquicos de traumas. A impossibilidade do luto, o que resultou em uma relação perversa com a perda (caso de Robert). O que fez com que surgisse o desenvolvimento de um luto patológico.

Outro aspecto do filme que vale a pena ressaltar é a capacidade de sobrevivência (resiliência) da personagem Vicente/Vera, que mesmo após sofrer antas experiências traumáticas (vaginoplastia, tortura psicológica e aprisionamento) não se entregou para seu trauma e sua dor. Isso, de acordo com os temas psicanalíticos aprendidos em sala de aula, nos mostra a ação de sobrevivência do objeto bom como um fator fundamental para enfrentar a dor da perda e os impactos de traumas. Portanto, essa capacidade de resiliência demonstrada pela personagem pode ser compreendida como expressão do objeto bom internalizado (observado nos momentos de suplicio da personagem). A busca continua da mãe de Vicente por ele, foi algo que contribuiu para a continuação da personificação desse objeto bom, que foi mais uma das coisas que o manteve vivo e preservou sua integridade.

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