Resenha critica do filme "A Céu aberto"
Por: Danielle Cavalcanti • 10/7/2019 • Resenha • 528 Palavras (3 Páginas) • 894 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE PSICOLOGIA
GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA
DANIELLE CAVALCANTI DA SILVA
Psicopatologia: sofrimento psíquico
[pic 1]
MACEIÓ
2019
O documentário trás um pouco do dia a dia acerca da Escola de Educação Especial – Le Courtil, e o mesmo, pelo que pude perceber, é focado em crianças com autismo, suas linguagens, suas estruturas, dinâmicas e discussões para o tratamento/manejo desse espectro.
Senti-me um pouco confusa em relação ao documentário, pois o mesmo não nós trás um começo explicado e ao decorre é que o espectador vai percebendo do que se trata, vai percebendo que as crianças tem autismo, que aquele lugar é uma escola, onde lá existem profissionais que estão tentado fazer com que as crianças “entendam” sua condição e aprendam a viver com ela, a conviver com certas limitações, como prepará-las para viver com todas as outras sem que elas e eles se sintam invadidos pelas pessoas que estão ao redor e que irão fazer contato com elas e eles, um desafio e esforço muito grande tanto para os profissionais quanto para as crianças, esforços esses que ficam bem claros neste documentário, onde a condução dos profissionais é de dar limites já que as crianças não têm recursos para tal, vivendo numa espécie de “presente eterno” e com clara dificuldade em aprender a cuidar de si mesmas.
Mas o que nos faz identificar que há de estar presente o transtorno do espectro do autismo? Bom, geralmente ele é caracterizado por um conjunto de características específicas que afetam o desenvolvimento de diversas maneiras, causando comprometimentos principalmente na área de habilidades sociais tendo, na maioria dos casos, características como: sintomas, presença de doenças orgânicas, manifestação do isolamento, incapacidade de simbolizar a realidade e de se constituir como sujeito falante, desenvolvimento emocional, anormalidade física, entre outras, ainda assim, sendo bastante complicado seu diagnostico precoce.
O autismo, na orientação lacaniana, está articulado ao campo das psicoses. O sujeito psicótico é invadido pela presença do Outro e de seus objetos, e ele se protege dessa invasão de diferentes formas. Ele se protege como vimos no filme e explicado por alguns profissionais, sob a forma de passagem ao ato, ironia, distância, encapsulamento ou paralisia catatônica, exemplificado no documentário pela garota que tinha “tics” de se coçar e ficar fazendo barulhos de sexo imitando um orgasmo, pelo um outro menino que subjuga seu próprio corpo em busca de seu objeto a, por um outro que diz que ouve vozes em sua mente e falava sozinho em seu quarto, colocando assim seus fones para tentar não escutar essas vozes.
Por fim do documentário, pude perceber o porquê do difícil diagnostico do autismo, que, para muitos, já está sendo considerado como uma quarta estrutura para além das três conhecidas (neurose, psicose e perversão), seus sintomas são muitos diversos, apresentam em muitas fases da vida e de formas diferentes, mas o que puder perceber em todos os casos presentes no documentário é que o autismo está linguagem e isso é fato que Lacan já tinha nos dito, uma vez que o que lhe foge está tudo nesse campo, se protegendo da palavra do outro, como vimos no documentário, às vezes inventando uma “vida privada”, havendo um encapsulamento do autista que recusa o olhar.
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