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Resenha do filme Divertida Mente

Por:   •  10/10/2017  •  Resenha  •  1.996 Palavras (8 Páginas)  •  2.429 Visualizações

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Resenha do filme Divertida Mente

        

 Vitor Gomes dos Santos[1]*

Divertida Mente. Produção: Pixar Animation Studios. Estados Unidos: Walt Disney Pictures; 2015.

Divertida Mente

        Divertida Mente, é um filme de animação que teve colaboração do psicólogo Paul Ekman (especialista em emoções e leitura facial) que apresenta de forma simples e brilhante nossas emoções e sua fundamental relação perante nossas decisões e a construção de nossa personalidade, ao longo de situações cotidianas.

        Quanto ao enredo, ele se desenvolve em dois ângulos narrativos, o primeiro se passa na mente da personagem Riley, que é uma jovem de apenas 11 anos de idade, onde nos são apresentados cinco emoções fundamentais - Alegria, Tristeza, Nojinho, Medo e a Raiva – que comandam suas ações e tem papel decisivo na construção da personalidade da garota. Já o segundo ângulo narrativo se passa na interação de Riley com seus pais, seu comportamento e decisões perante uma nova realidade, que ocorre de forma muito súbita.

        Nos momentos iniciais do filme, vemos o nascimento da personagem e com ela suas primeiras emoções (Alegria e Tristeza) e o surgimento das restantes de acordo com o período de sua idade. Percebemos que o relacionamento com os pais, amizades, envolvimento com uma atividade esportiva e o reconhecimento do seu lar, moldam sua personalidade. Ao mesmo tempo em que ela vivencia novas situações uma emoção toma as rédeas, por exemplo, quando presenciamos o pai de Riley lhe oferecendo brócolis pela primeira vez, a emoção Nojinho age fazendo com que ela rejeite o alimento como mecanismo de defesa. Cada emoção tem sua importância na formação das memórias, pois cada memória varia de acordo com a emoção que sentimos em dado momento (memórias da menina são simbolizadas como esferas e com uma determinada cor que consiste na emoção sentida).

        As emoções são representadas como personagens também, portanto, vemos sua preocupação com o crescimento do sujeito. O filme sutilmente demonstra como as emoções tem fundamental importância na formação de nossa personalidade, pois quando vivenciamos determinada situação são elas que nos adaptam ao meio fazendo com que tomemos decisões sem levar muito tempo a aquele estímulo externo.

        Outro fator que desempenha fundamental importância para Riley são suas memórias centrais, representadas no filme como esferas que ficam no centro da base de comando, pois elas são momentos marcantes e que ajudam na formação do caráter de nossa personagem e que fazem a ligação e sustentam as ilhas da personalidade. Cada ilha dessas molda a formação moral, suas preferências, opiniões e como ela se enxerga perante o mundo.

        Após uma repentina mudança na vida da personagem, que consiste na saída de sua cidade natal (Minnesota) e o deslocamento para a cidade de São Francisco, percebemos que tão mudança abrupta gera inúmeros conflitos e incertezas em Riley. As emoções então entram em ação, principalmente a Alegria que parece comandar as outras emoções, elas fazem com que ela imagine seu novo lar e gere inúmeras expectativas sobre seu novo lá, sua nova escola e a nova cidade. Obviamente suas expectativas são frustradas com a nova realidade que ela deve se adaptar, mas mesmo assim a Alegria tenta de toda forma dar uma sensação de conforto para a jovem garota então que percebemos que a emoção Tristeza é cada vez mais isolada de suas funções.

        Todo o filme se passa na mente de uma jovem, que está em uma fase de importante desenvolvimento a pré-adolescência. È um momento de difíceis mudanças e também de conflitos internos onde nem sempre seus pais conseguem lidar com esta repentina transformação. Esta mudança em determinado período de nossa vida gera inúmeros questionamentos sobre nossa própria personalidade, a autoridade de nossos pais, nossas amizades, nossos gostos e gera muitos conflitos.

        Riley não teve tempo para assimilar tal mudança. Houve uma quebra no seu senso de identidade mesmo com as tentativas da Alegria em conciliar as novas situações presentes fazendo com que tudo parece bem. A cena que melhor evidencia todo o conflito interno da garota é a sua chegada à nova escola, é onde também percebemos que as emoções trabalham para causar uma boa impressão nos novos colegas. Contudo ela acaba por declarar todo o seu sofrimento e faz com que ela chore na frente de todos, isso graças à ação da personagem Tristeza que até então estava sendo suprimida. A cena em si mostra o quanto é importante para qualquer jovem está inserido em um grupo para que ele possa ter um senso de identidade, a psicóloga Rita Melissa Lepre demonstra isso em seu artigo:

        

... É exatamente essa crise e, conseqüente confusão, de identidade que fará com que o adolescente parta em busca de identificações, encontrando outros “iguais” e formando seus grupos. A necessidade de dividir suas angústias e padronizar suas atitudes e idéias faz do grupo um lugar privilegiado.

        

Este acontecimento é um ponto crucial tanto para a trama do filme como a Riley, a partir deste ponto há o surgimento de uma nova memória base, porém agora de cor azul o que representa que aquela memória é um acontecimento triste em sua vida. Há então um conflito em Tristeza e Alegria, pois esta ultima não quer nenhuma das antigas memórias bases sejam modificadas após um pequeno ambas acabam sendo expulsas da sala de controle e vão parar no grande labirinto das memórias de longo prazo. Ficam no comando apenas três emoções: Nojinho, Raiva e Medo. Após tal acontecimento há um desligamento das emoções com as ilhas da personalidade e isso acaba deixando Riley em um estado de constante instabilidade.

        Outro acontecimento muito emblemático é a cena posterior em que a garota almoça com seus pais, vemos a tentativa das três emoções restantes tentando comandar as ações da Riley, mas sem muito sucesso. Vemos também como os pais da jovem pensam, sua mãe tem em comando de seu ego a tristeza e seu pai tem no comando a raiva, porém, percebemos que em ambos as emoções se relacionam e que não apenas uma tenta tomar o controle. Percebemos aqui o grau de amadurecimento dos pais. Ao mesmo tempo percebemos certa falta de comunicação entre os pais e filha, principalmente em relação ao pai da garota que parece está alheio a alguns acontecimentos, de acordo com Jesús Palácios:

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