Rollo May
Trabalho Escolar: Rollo May. Pesquise 861.000+ trabalhos acadêmicosPor: kmilabs • 21/2/2015 • 3.298 Palavras (14 Páginas) • 451 Visualizações
Rollo May
Rollo May (1909-1994) nasceu em Ohio, cresceu em Michigan, faleceu na Califórnia. Graduou-se em artes, em 1930. Encantou-se com a arte clássica grega, decidindo ir à Grécia, logo ao término de seu bacharelado. Trabalhou na Grécia durante três anos. Em seguida, viajou para Viena e estudou um breve tempo com Alfred Adler, cuja influência marcou-o consideravelmente.
A visão trágica da Europa, de então, acerca da natureza humana impediu-o de aceitar um conceito mecânico de pessoa. Retornando aos Estados Unidos, a psicologia local lhe pareceu "ingênua e simplista". Tanto, que resolveu matricular-se no Seminário Teológico União de Nova Iorque. Aí realizou investigações aprofundadas sobre o significado da desesperação, do suicídio e da angústia, questões estas, um tanto, ignoradas pelos psicólogos de lá. Apostava na possibilidade de com estes estudos pudesse aprender sua contrapartida: o valor, a alegria e a intensidade da vida (1983). No Seminário tornou-se discípulo e grande amigo do teólogo protestante Paul Tillich, ligação esta que enriqueceu a vida, a obra e os escritos de ambos. Os pais de May se divorciaram durante seu curso no União, fato que o obrigou a interromper seus estudos e voltar para Michigan para cuidar dos assuntos de família. Durante este tempo, foi conselheiro estudantil em um colégio estatal de Michigan. Mais tarde, pôde regressar a Nova Iorque e concluir sua licenciatura em teologia, isto em 1938. Durante os seus últimos anos no Seminário escreveu seu primeiro livro, The Art of Counseling (A arte do aconselhamento psicológico). May trabalhou como ministro paroquial em Montclair, Nova Jersey, antes de retornar a Nova Iorque, e começar a dedicar-se aos estudos em psicanálise, no Instituto William Alanson White de Psiquiatria, Psicanálise e Psicologia. Inscreveu-se na Universidade Columbia, e recebeu seu primeiro doutorado em Psicologia Clínica.
Sua atividade de estudos e trabalho foi bruscamente interrompida quando adoeceu de tuberculose, em torno dos trinta anos de idade. Não havia, então, os medicamentos específicos para esta infecção. May ficou internado por três anos no Sanatório Saranac. Durante a sua doença, leu, entre outras obras, The problem of Anxiety (O problema da angústia) de Freud, e The Concept of Dread (O conceito de angústia) de Sören Kierkegaard. Ficou admirado com as formulações cuidadosas de Freud, mas convenceu-se que Kierkegaard "descrevia o que é experimentado de imediato pelos seres humanos em crise" (1969). A tuberculose em May ajudou-o a apreciar a importância do ponto de vista existencial. Seu livro, "The meaning of Anxienty" (O significado de ansiedade), de 1977, foi amplamente reconhecido como o primeiro escrito, nos Estados Unidos, a fomentar a união genuína entre a psicologia e a filosofia, e em demonstrar a importância dos valores para a psicologia.
A vida profissional de May foi muito produtiva. Exerceu a função de conselheiro para estudantes universitários no City College de Nova Iorque, desenvolveu a prática particular em psicanálise e terapia existencial, e tornou-se membro do instituto White. Lecionou na Escola Nova para a Investigação Social, nas Universidades de Nova Iorque, Harvard, Yale e Princeton. Escreveu uma grande quantidade de livros e artigos, e ganhou vários prêmios.
May reconhece com clareza que a ciência deriva de pressupostos filosóficos e que depende fundamentalmente deles. Crê que a razão pela qual não entendemos a verdade acerca de nós mesmos, não é por não termos acumulado dados suficientes, realizado experimentos corretos ou lido muitos livros, mas por "não termos o valor necessário". Os fatos científicos e as provas técnicas raramente nos ajudam a responder as perguntas que realmente importam. Temos que "arriscar-nos" (1953). Na psicoterapia May irá desempenhar o papel do "amigo implacável", insiste para que seus pacientes "lutem com as forças incapacitantes dentro deles para abrir caminho de novo para a vida" (Harris, 1969). Ele não tinha medo de arriscar-se a reintroduzir conceitos recusados com veemência pela maioria dos psicólogos, como, a intencionalidade, a vontade etc. Reintroduz estes conceitos porque acredita que são vitais para entender o que significa ser um ente humano na atualidade. Há uma nota profética em seus escritos, que lembra Erich Fromm, e seu pensamento, com freqüência, tem uma tonalidade teológica. Há quem diga que May partiu de onde Paul Tillich parou (Harrys, 1969). May reconhece que os grandes períodos na história não foram aqueles onde dominavam as preocupações psicológicas, mas nos quais prevaleciam as inquietudes filosóficas e religiosas (1983).
May não oferece uma série de hipóteses que possam ser comprovadas por procedimentos empíricos. Em seu lugar, nos dá um panorama filosófico do que significa ser uma pessoa no mundo atual. Expõem-se razões em apoio às suas afirmações, mas não servem como prova; cooperam como fragmentos de evidência a favor de uma certa descrição da realidade. Reduzir o entendimento da personalidade a termos científicos, causais e abstratos significa perder-se algo do conteúdo significativo e não se entender a realidade completa de um ser humano. May nos convida a examinar os supostos filosóficos do projeto científico de modo que se possa manter um diálogo criativo entre a ciência e a filosofia.
Grande parte dos psiquiatras, psicólogos e psicanalistas tende a ignorar o pensamento de May por não poderem tratá-lo como uma hipótese científica. Conceitos, como a intencionalidade, são quase impossíveis de se definir de maneira operacional e de se comprovar de forma empírica, contudo, os achados de uma prova empírica não estabelecem um suposto filosófico; pode ser que nem se relacionem de maneira significativa com este. Não obstante, a mesma vantagem da teoria de May, o fato de que tem suas raízes em uma concepção filosófica nova da vida humana, também pode ser seu maior inconveniente. May corre um grande risco de ser eliminado pelo psicologicamente estabelecido e ter pouco impacto na teorização da personalidade.
May assinalou, em 1967, que na segunda metade do século XX, o problema central a ser enfrentado seria um sentimento de impotência, uma "convicção penetrante de que o indivíduo não pode fazer algo efetivo frente aos enormes problemas culturais, sociais e econômicos". Os sentimentos de impotência são agravados pela ansiedade e pela perda dos valores tradicionais. Vejamos seus conceitos mais relevantes:
(1) Impotência
O problema da impotência é muito mais profundo que o fato de estarmos em uma época de incerteza e de agitação social.
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