TRANSEXUALISMO E IDENTIDADE SEXUADA
Monografias: TRANSEXUALISMO E IDENTIDADE SEXUADA. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: dinerluiz • 4/3/2014 • 2.440 Palavras (10 Páginas) • 362 Visualizações
Introdução
Gostaria de apresentar hoje para vocês minhas reflexões, algumas
conclusões mas sobretudo as questões, tanto teóricas quanto
clínicas, que venho me colocando ao longo desde caminho, por
vezes cheio de surpresas, que tenho percorrido, já fazem alguns
anos, junto a transexuais. O transexualismo apresenta-se, com
efeito, como a "solução" psíquica que interroga de modo mais
radical não somente os processos de identificação mas também a
noção de identidade sexual, colocando para psicanálise inúmeros
desafios teóricos e clínicos.
O estudo do transexualismo - que nos ajuda, e muito, a melhor
compreender os elementos presentes na construção da
psicossexualidade - nos obriga a repensar fundamentalmente as
bases da sexualidade em geral e, conseqüentemente, da
normalidade.
O sentimento de ser do outro sexo, que os transexuais afirmam
possuir, é provavelmente tão antigo como qualquer outra forma
de expressão da sexualidade (1). Da mitologia greco-romana ao
século XIX passando pelas mais variadas fontes literárias e
antropológicas, encontramos relatos de personagens que se
vestiam regularmente, ou até definitivamente, como membros do
outro sexo, se dizendo sentir como do outro sexo. Isto mostra a
extensão do fenômeno indicando, ao mesmo tempo, que aquilo
que hoje é conhecido e designado sob o termo de
"transexualismo" não é próprio nem a nossa cultura nem a nossa
época: o que é recente é a possibilidade de "mudar de sexo"
graças às novas técnicas cirúrgicas e a hormonoterapia.
A palavra Trans-sexualism foi utilizada pela primeira vez pelo Dr
D. O. Cauldwell em 1949 em um artigo intitulado Psychopathia
Transsexualis - termo inspirado provavelmente da célere
Psychopathia Sexualis de Krafft-Ebing - onde é apresentado um
relato clínico de uma menina que queria ser menino. Em 1953 a
palavra Transexualismo foi pronunciada pelo psiquiatra americano
Harry Benjamin (2), em uma conferência na Academia de
Medicina de Nova Iorque.
Na palavra "transexualismo" encontramos o prefixo "TRANS" que
parece indicar que se pode atravessar, passar através do corte da
sexuação. Nessa perspectiva, o transsexual seria alguém que
"viaja" através da sexualidade; que poderia estar de um lado ou
de outro, enfim que poderia, como no mito de Terésias, trocar de
lado. Entretanto, o transexual não se encontra nessa situação; na
verdade, ele não deixa um sexo pelo outro: ele "abandona" os
atributos de um sexo pelas aparências do outro sexo. Desta
forma, quando um sujeito ` eu desejo de mudar de sexo, ou diz
que já se submeteu a cirurgia corretiva, não podemos esquecer
que, na verdade, não se pode mudar de sexo: a "mudança" de
sexo deve ser compreendida como uma mudança de "fachada",
como uma nova aparência dada ao aspecto exterior do sujeito.
Artigo - Transexualismo e Identidade Sexuada http://www.ceccarelli.psc.br/artigos/portugues/html/transsexualismo.htm
1 de 6 24/07/2011 22:08
A primeira cirurgia de redesignação sexual oficialmente
comunicada aconteceu em 1952 na Dinamarca. A partir de então,
temos assistido à uma verdadeira "revolução cultural": tanto na
Europa, quanto nos EE.UU, o fenômeno transexual tem tomado
uma certa envergadura e, aos poucos, os transexuais têm sido
mais ouvidos em suas reivindicações: em alguns países europeus
as despesas médicas da cirurgia de redesignação sexual correm
por conta do governo; os transexuais ocupam diversas posições na
sociedade, participam de programas na televisão tipo "Esta é a
sua vida", são entrevistados, publicam suas bibliografias, obtém a
mudança de Estado Civil, etc. Tudo isto reflete um esboço de
reconhecimento social deste fenômeno ainda que um tal
reconhecimento coloque profundas questões éticas e jurídicas.
Evidentemente, seria um grave erro acreditar que a etiologia da
inadequação entre corpo anatômico e sentimento identidade
sexual seja a mesma para todos aqueles que se dizem
transexuais: a aparente semelhança entre os discursos manifestos
pode camuflar uma grande diversidade de discursos latentes,
senão recalcados, e falar do "transexual típico" é tão absurdo
quanto falar do "heterossexual típico" ou do "homossexual típico".
Existe uma
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