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Uma visão do Bullying na abordagem Gestalt

Por:   •  4/5/2018  •  Trabalho acadêmico  •  2.213 Palavras (9 Páginas)  •  945 Visualizações

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Uma visão do bullying na abordagem Gestáltica

  1. A abordagem.

A Gestalt Terapia surgiu na década de 1950 desenvolvida principalmente por Frederick Perls, onde buscava explicações racionais e lógicas sobre o que acontece com o homem quando este está em desequilíbrio psicológico. Na Gestalt o terapeuta acredita na capacidade de autorregulação do homem e na capacidade de se organizar/atualizar de acordo com a sua necessidade. Acredita-se também na inexistência de cura, pois não acredita em doença, tendo o foco no indivíduo e não na patologia. Tendo foco no aqui e agora, nos remetendo as questões de figura e fundo, onde figura é aquilo trazido pelo indivíduo e fundo aquilo que é deixado em segundo plano. A teoria nos diz da possibilidade da figura ser como uma melodia, diferenciada de um fundo harmônico, assim, a figura é vista como uma imagem completa e o fundo sem limites e sem forma, onde seu objetivo é proporcionar um contexto de profundidade para a percepção de figura. Na Gestalt terapia existem dois tipos de regulação, a regulação organísmica que é física e emocional, ou seja, partindo de si mesmo e a regulação deverística que é social e emocional, ou seja, seguir aquilo que os outros determinam para o indivíduo.

Para Perls, a noção de organismo como um todo é central, tanto em relação ao funcionamento orgânico quanto à participação do organismo em seu meio para criar um campo único de atividades. A visão de homem da Gestalt é de um ser dotado de potencial em constante relação com o meio onde vive. Desta forma podemos dizer que o papel do terapeuta é funcionar como uma tela de projeção na qual o paciente vê seu próprio potencial ausente e a tarefa da terapia é a recuperação deste potencial do paciente, ajudando este a perceber como ele constantemente se interrompe, evita a conscientização, desempenha papéis e assim por diante.

  1. O bullying.

O Bullying é um termo utilizado para definir alguns atos de violência, podendo ser física e/ou psicológica, que causam um profundo sofrimento, afligindo desde crianças até adultos. É considerado, atualmente, um dos mais graves problemas a serem enfrentados em escolas. Tal ato de violência passou a ser foco de estudos no Brasil a partir da década de 1980, motivado pela preocupação com atos danosos tanto materiais quanto aos indivíduos.

O bullying compreende uma gama de violências, tais como atitudes agressivas propositais ou não realizadas de formas repetidas e sem motivação aparente, que causam dor, angústia e humilhação. É considerado um fator de risco para a violência institucional, social e para comportamentos antissociais individuais, também pode significar uma forma de afirmação de poder por parte de que pratica tais agressões. A vítima do bullying pode responder as agressões de forma passiva ou retribuindo a violência. Os danos causados pelo bullying afetam o indivíduo tanto em curto quanto em longo prazo, com consequências tanto físicas quanto emocionais, estes prejuízos motivam a depressão, ideação suicida, o suicídio propriamente dito, pensamentos de vingança, problemas severos com autoestima e autoimagem, dificuldade em relacionamentos interpessoais e em confiar no outro.

Neste contexto, no Brasil, foi promulgada a lei Nº 13.185, de 06 de Novembro de 2015, instituindo o Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), onde considera como Bullying “todo ato de violência física ou psicológica, intencional e repetitivo que ocorre sem motivação evidente, praticado por indivíduo ou grupo, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de intimidá-la ou agredi-la, causando dor e angústia à vítima, em uma relação de desequilíbrio de poder entre as partes envolvidas”. Tal lei tem como objetivo prevenir e combater o bullying, capacitar professores e equipes pedagógicas para lidar corretamente para a solução do problema, dar assistência psicológica, social e jurídica tanto para as vítimas quanto para os agressores, entre outros objetivos que visam dar fim a este ato de violência dando o correto suporte.

  1. O bullying na vida escolar em Gestalt Terapia

Hoje em dia, um assunto que é muito comum em nossa sociedade é o bullying. É por esta razão que muitas escolas os professores optaram por incluir em suas salas de aula certas atividades e técnicas educacionais, primeira emocionalmente sensibilizará as crianças para tentar evitar querer ter esse comportamento bullying com alguém, e, por outro lado aumento autoestima dos alunos para que eles tenham mais força na frente de um possível companheiro de bullying. São atividades simples, a maioria delas intimamente relacionadas à inteligência emocional, que ajudam os pequenos a compreender certos comportamentos que às vezes não compreendem nessas idades e sabem como lidar com seus sentimentos.

Muitas dessas atividades estão incluídas na chamada terapia Gestalt, cujo valor principal é promover o crescimento pessoal. Isso faz com que muitos especialistas falem sobre a Terapia Gestalt como o tratamento que serve agora e para sempre.

A Gestalt terapia é uma abordagem psicológica, e prima pela prática vivencial, não se limitando apenas a palavras pois estas podem muitas vezes esconder a expressão corporal, reduzindo o conteúdo a uma visão fragmentada e sedimentada da realidade. Desta forma, busca aproximar o sujeito das suas dimensões sensoriais e emocionais como parte integrante da realidade.

Uma das teorias filosóficas que dá sustentação à Gestalt terapia é o existencialismo a qual reflete sobre o homem e sua existência no mundo. Através dos estudos de Sartre, Kierkegaard, Heidegger e Buber. entende-se que “a existência precede a essência”, frase que Sartre introduziu o pensamento existencialista como um movimento para fora, exibir-se, mostrar-se é o viver que será uma tarefa árdua. Neste sentido, o homem é visto como um ser livre, e esta liberdade significa que a todo momento estamos escolhendo, e são as nossas escolhas que nos definirão e nos constituirão como pessoa.

Contudo, sempre há um preço, e este é a angústia, a incerteza na vida, muitas vezes configurada como o vazio, ela permeará a existência, e será propulsora do nosso estar no mundo, pois a liberdade de escolher angustia, nos põe em situações de ganhos, mas também de perdas, também significa responsabilizar-se pelo seu existir. Na Gestalt terapia, o existencialismo irá ser uma filosofia importante na concepção de homem, pois o propósito é ampliação da consciência de si e do mundo, para que possa responsabilizar-se por suas escolhas e viver de maneira plena.

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