A DEFICIÊNCIA FÍSICA E SEXUALIDADE
Por: Juliene Almeida • 5/11/2018 • Trabalho acadêmico • 1.672 Palavras (7 Páginas) • 124 Visualizações
CURSO DE SERVIÇO SOCIAL
DEFICIÊNCIA FÍSICA E SEXUALIDADE
DEFICIÊNCIA FÍSICA E SEXUALIDADE
Trabalho apresentado ao Curso de Serviço Social.
2018
1 INTRODUÇÃO
De acordo com dados do Censo de 2000, no Brasil 14,5% da população brasileira referiu ser portadora de algum tipo de deficiência, onde 53,58% desta população é do sexo feminino. Entre as pessoas com mais de 60 anos, 49,64% declararam ter alguma deficiência, e entre crianças até quatro anos essa cifra é de 2,26%. Tais dados apontam que o acúmulo dos anos de vida tem relação próxima com a aquisição de deficiências. (FIGUEIREDO, 2010)
A deficiência é algo que é manifestado de forma individual, ocorre em um indivíduo seja causado de forma congênita ou adquirida, porém é algo que se constitui socialmente, pois em cada contexto o mesmo terá características diferentes, isso por conta dos diferentes julgamentos sociais sobre o que as pessoas consideram “anormal” ou “deficiente.” O impacto da deficiência, não atinge somente uma pessoa, mas sim todos os membros familiares.
Diversos são os sentimentos que envolvem as pessoas, sendo os mais diante da deficiência, a negação e a revolta. Maia (2010) descreve três estágios importantes quando a pessoa é acometida por uma deficiência adquirida abruptamente: o primeiro estágio marca a passagem da saúde para doença, o que provoca a negação e a busca de outros médicos e diagnósticos.
O segundo ocorre quando o indivíduo entende o diagnóstico e reconhece as limitações impostas pela deficiência. É bastante comum nesse estágio sentimentos regressivos pela percepção da dependência, de raiva, que geralmente é expressa pela agressão às pessoas próximas e de negação, como forma de resistir à aceitação da situação, o que gera de forma mais intensa sentimentos tais como: culpa, ressentimento, desespero, tristeza e raiva. O último estágio é um período de restabelecimento quando o sujeito toma decisões e tenta viver com a maior autonomia possível uma vida satisfatória apesar da deficiência. (MAIA, 2010)
É nesse contexto que surge a questão da sexualidade, onde representa a expressão individual do desejo que se manifesta em diferentes contextos sociais; envolve as formas de sentir afeto e emoções e de viver as práticas sexuais e a expressão de valores construídos socialmente (ANDERSON, 2012)
Portanto, conforme foi exposto acima este trabalho tem por objetivo compreender um pouco mais acerca da deficiência física e a sexualidade, buscando analisar como as pessoas portadoras de algum tipo de deficiência, seja ela física ou intelectual, entendem o contexto da sexualidade e se estão tendo algum tipo de assistência profissional no que diz respeito a este tema tão pouco explorado.
2 DESENVOLVIMENTO
A sexualidade como um todo, independentemente das características físicas e psíquicas de um indivíduo, existe e se manifesta em todo ser humano. A excitação, a sensualidade, o desejo, a construção de gênero, os sentimentos de amor, as relações afetivas e sexuais, são expressões potencialmente existentes em todas as pessoas, inclusive nas deficientes. Ou seja, compreende-se a sexualidade, assim como a deficiência, como um fator socialmente construído. (MAIA; RIBEIRO, 2010).
O direito de expressar e praticar a sexualidade é tão necessário e importante quanto o direito à vida. No entanto, para expressá-la e praticá-la, com relação aos deficientes, há que se reconhecer particularidades e garantir condições que sejam necessárias para o bom desempenho da mesma (BRASIL, 2009).
Primeiramente será abordado o jovem portador de deficiência, onde é perceptível nessa idade a questão do risco e o sentimento de insegurança que nascem com bastante intensidade. A relação existente entre causa e efeito que existe na juventude é como uma ameaça constante, para o próprio individuo quanto para a sociedade e a necessidade de prevenção a sua exposição a determinados fatores fica ressaltada e intensificada quando a juventude em referência foge dos padrões de “normalidade”. (VIEIRA; ALVES, 2012)
Desta forma, busca-se tanto na família, quanto nos serviços de saúde e finalmente, na sociedade em geral, uma maneira para prevenir, disciplinar e controlar a juventude deficiente. Uma das metas principais da adolescência é a independência, ou seja, a mudança de vínculos infantis de relacionamento em outros mais maduros. Para os adolescentes com deficiência, a dependência física da mãe ou do responsável dificulta a independência emocional. Muitas vezes, a mãe é quem os ajuda nas necessidades básicas. Dessa forma, discordar dos pais torna-se ainda mais contraditório, doloroso e dificulta essa passagem de existir separado e de se transformar em pessoa única.
As dificuldades destes jovens em exercitar seus direitos e buscar sua autonomia através da inserção e participação social efetiva, inclui também o direito à sexualidade. O fator de risco ressaltado no caso destes jovens se retroalimenta do pressuposto de que o indivíduo portador de deficiência é um ser incompleto sexualmente sem possibilidades ou desejos afetivo-sexuais, que deve ser cuidado, disciplinado e protegido. (SOARES et al, 2010)
Nas últimas duas décadas observaram-se o aumento da quantidade e a diversificação de estudos relacionados à homossexualidade. Porém, segundo Duke (2012), a abordagem da experiência de pessoas lésbicas, gays, bissexuais e travestis (LGBT) com deficiência congénita e/ou adquirida, física e/ou sensorial torna-se complicada por conta do pouco número de estudos nesta área.
Até recentemente, a orientação sexual desta população foi ignorada ou assumida como inexistente, por conta da afirmação de que pessoas LGBT com deficiência não são sexualmente atraentes, desqualificando a possibilidade de estabelecerem um relacionamento homossexual satisfatório, não só devido
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