Breves Considerações a Respeito da Fenomenologia e do Método Fenomenológico
Por: Ludimyllam10 • 2/11/2015 • Resenha • 1.481 Palavras (6 Páginas) • 311 Visualizações
RESUMO: Breves Considerações a Respeito da Fenomenologia e do Método Fenomenológico
De origem grega a palavra fenomenologia é definida como uma reflexão sobre um fenômeno ou sobre aquilo que se mostra.
O termo foi usado pela primeira vez, na obra “Novo Organon” (1764) de autoria de Johann Heinrich Lambert (1728-1777).
Em 1770, Emanuel Kant (1724 – 1804), retoma o vocábulo fenomenologia para indicar a disciplina propedêutica que deveria preceder a metafísica.
Hegel (1770 – 1831) em 1807, chama de Fenomenologia do Espírito, a ciência que considera a sucessão de diferentes formas ou fenômenos da consciência até chegar ao saber absoluto. Para ele, representa a introdução ao sistema total da ciência: apresenta o devir do saber ou da ciência em geral.
Que no sentido hegeliano, a fenomenologia consiste na organização lógica dos fatos de maneira a tornar-se pensável. Uma vontade de reunir as experiências de vida, de conhecimento, de civilização e de encontrar ao mesmo tempo uma ordem espontânea, um sentido.
No início do século XX, com Edmund Husserl (1859- 1938) a fenomenologia se consolida como 1 linha de pensamento e um significado totalmente novo. Husserl define a fenomenologia como ciência dos fenômenos, sendo o fenômeno compreendido como tudo aquilo que é imediatamente dado em si mesmo à essência do homem. Um método de ver a essência do mundo e de tudo quanto nele existe. A fenomenologia é uma ciência eidética (que busca a compreensão da essência). Se ocupa da análise e interpretação dos fenômenos. É uma descrição daquilo que se mostra por si mesmo.
O fenômeno é considerado o objeto da investigação e a intuição o seu instrumento para buscar o conhecimento. A intuição só é possível devido à intencionalidade da consciência de algo, é a máxima da fenomenologia, segundo Husserl.
Fenômeno é, então, tudo que se manifesta, se desvela, se mostra à consciência do sujeito que o questiona.
A consciência e o objeto não são entidades isoladas, separadas na natureza, mas configuram-se, respectivamente a partir de sua correlação. A consciência é sempre consciência de alguma coisa e o objetivo é sempre objeto para a consciência.
A fenomenologia busca superar tendências empiristas e racionalistas, e eliminar essa separação da experiência e razão no processo de elaboração do conhecimento.
Para Husserl, na intencionalidade, não é possível nenhum tipo de conhecimento se o entendimento não se sente atraído por algo, concretamente um objeto.
É uma peculiaridade íntima de algumas vivências. É a tendência para algo. Ao contrário das ideias racionalistas, a fenomenologia considera que não há consciência pura, totalmente isolada do mundo, mas toda consciência é consciência de alguma coisa existente no mundo. Coloca-se, antes de toda crença e de todo juízo, para explorar simples e puramente o dado que está sendo questionado pelo sujeito.
A fenomenologia não explica o fenômeno a partir de conceitos prévios, de crenças ou de afirmações sobre o mesmo, aborda o fenômeno diretamente, tentando descrevê-lo e procurando captar sua essência. Estuda as essências, a essência. Estuda as essências, a essência da percepção, a essência da consciência.
A essência objetivada pela fenomenologia não é um conteúdo conceitual passível de definição, mas uma significação da essência existencial, não é opinião nem o que se pensa, mas aquilo que o sujeito está de fato vivenciando e compreendendo.
Edmundo Husserl, em sua intenção de transformar a filosofia em uma ciência de Rigor, criou o método fenomenológico, que seria usado para o desenvolvimento da ciência das essências. Mediante o método fenomenológico, opera-se uma série de reduções até alcançar o resíduo das coisas. Não existe um único método, mas sim uma atitude do ser humano diante de cada fenômeno a ser analisado.
O método fenomenológico pretende ser descritivo, com finalidade a descrição do fenômeno em si, tal como se apresenta, sem reduzi-lo a algo que não aparece. O sujeito e o abjeto são correlacionados, numa relação entre sujeito e objeto, um não pode existir sem o outro. O método fenomenológico é concentrado no ser humano, na experiência humana. É a compreensão do viver do próprio homem, que imprime sentidos ao mundo, ao ser capaz de intuir, tendo intencionalidades. O método fenomenológico apresenta consistência e legitimidade em estudos científicos que enfatizam a experiência vivida do homem.
O método fenomenológico trata de desentranhar o fenômeno, desvelar alem da aparência, porque os fenômenos não estão evidentes de imediato. Não se limitam a uma descrição passiva, consiste em pôr a descoberto os sentidos menos aparentes. A utilização do método fenomenológico implica uma mudança radical de atitude em relação à investigação cientifica, embora muito comentado, o método fenomenológico não vem sendo muito empregado na pesquisa social.
Para pôr em prática o método fenomenológico, é necessária uma atitude radical. A crença na realidade do mundo natural deve ser colocada entre parênteses por meio da chamada epoché fenomenológica. Epoché fenomenológica significa suspender diante do fenômeno, as crenças referentes ao mundo natural, abandonando os preconceitos e pressupostos. O pesquisador deve assumir uma atitude neutra, não no sentido de negar o mundo ou as experiências, mas sim, de refleti-los e questiona-los da maneira própria. Busca-se exclusivamente aquilo que se mostra, analisando o fenômeno na sua estrutura. Mediante a epoché, é possível à consciência fenomenológica ater-se ao dado, enquanto tal descrevê-lo em sua pureza. O dado, em fenomenologia husserliana, é o correlato da consciência intelectual. O dado não é o empírico. Não existem conteúdos da consciência. O dado é a consciência intencional perante o objeto. Realizando a epoché, o pesquisador procura estabelecer um contato direto com o fenômeno estudado.
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