FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS
Por: KatiaFarias • 15/3/2017 • Artigo • 2.125 Palavras (9 Páginas) • 247 Visualizações
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS
Aline Souza, Regina Muniz e Kátia Farias.
“Não vai demorar que passemos adiante uma grande e bela ciência, que faz arte em defesa da vida.”
(Carlos chagas)
Resumo
O presente artigo objetiva a análise do documentário Homo Sapiens 1900, do diretor sueco Peter Cohen, e as consequências das teorias eugênicas e ideários nazistas de higienização e supremacia racial. O artigo faz ainda uma análise, à luz dos escritos de Lévi- Strauss e do historiador Sidney Aguilar Filho, acerca do racismo e exclusão das minorias no Brasil.
Abstract
This article aims to analyze the documentary Homo Sapiens 1900 written by the Swedish director Peter Cohen, and the consequences of Eugenic and Nazi ideologies of hygiene and racial supremacy. The article also analyzes, according to the writings of Lévi-Strauss and the historian Sidney Aguilar Filho, about the racism and exclusion of minorities in Brazil.
Palavras-chave: Eugenia. Etnocentrismo. Racismo no Brasil.
Introdução
O documentário Homo Sapiens 1900, do diretor sueco Peter Cohen lançado em 1998 nos revela através de fotos e arquivos, medidas adotadas na Europa em fins do século XIX e início do XX para higienizar a raça humana e estabelecer a supremacia de raças. Cohen é filho de um judeu alemão perseguido pelo regime nazista. Homo Sapiens 1900, considerado sua obra prima, retrata as prerrogativas que Adolf Hittler usava para legitimar a perseguição e morte de judeus e demais minorias que “ameaçavam” a supremacia e pureza da raça Ariana, com os preceitos da Eugenia e alicerçada nas teorias de Fancis Galton, o termo significa “bem nascido” e é aqui definida como eugenia positiva e eugenia negativa fundamentadas nos preceitos de Mendel e Lamark. A classificação em espécie feita no século XVIII por Carl von Linné em que dividia em subespécies de acordo com a cor da pele as “raças” reflete até os dias de hoje .
Eugenia Positiva como retrata Cohen, é a seleção de pessoas, bonitas, perfeitas e inteligentes para a reprodução de crianças saudáveis, de aparecia e intelecto perfeitos.
A Eugenia Negativa primava em proibir a reprodução de pessoas consideradas imperfeitas, degeneradas, cuja procriação causaria impureza e empobrecimento da raça.
Desenvolvimento
O documentário retrata detalhadamente o que foi proposto e o que feito para a Eugenia tornar-se uma ciência que não media esforços para alcançar a tão sonhada limpeza racial. Enfatiza ainda o regime político da Alemanha que colocou em prática os preceitos eugênicos e eurocêntricos com a imagem do perfeito homem ariano, justificando assim as atrocidades nazistas como o holocausto. Os alemães não eram os únicos que praticavam a eugenia, a União Soviética de Stálin embora não concordasse com a ideologia da Alemanha, ambos usavam um regime totalitário para praticar a eugenia como forma de higienizar a sua nação. Stálin idealizava o homem com o intelecto perfeito, a Alemanha nazista a beleza física, com intuito de criar um super-homem, ariano, viril, forte, atlético. A ciência era usada e corroborava os meios de eliminar os inaptos e indignos de ser esse ser perfeito, idealizado segundo o padrão racial e de beleza. Segundo o historiador Philipper Burrin em seu livro “Hitler e os Judeus” diz:
“[...] Solicitado por um casal que lhe pedia para autorizar a morte do filho incurável, Hitler respondeu favoravelmente. Decidiu então que o mesmo destino seria imposto sem apelação a todos os recém-nascidos portadores de deformações ou anormais. No dia 18 de agosto de 1939, uma circular do Ministério do Interior obrigava os médicos e parteiras do Reich a declarar as crianças que sofriam de uma deformidade. Reunidos em seções especiais, elas foram mortas pela injeção de drogas ou pela fome.”
A Eugenia negativa não parou por ai, Hitler ainda não satisfeito, criou novos mecanismos para alcançar à tão sonhada limpeza racial, medida essa que visava o extermínio das raças consideradas inferiores, como bem coloca Burrin:
“[...] Depois de algumas experiências, foi estabelecido um procedimento uniforme, que consistia em mandar que as vítimas se despissem ou despi-las e levá-las numa sala com falsas duchas onde elas seriam asfixiadas por monóxido de carbono. Os cadáveres eram queimados num forno crematório, depois que lhes eram arrancados todos os dentes de ouro. Um atestado de óbito era enviado às famílias após um processo de complicada camuflagem, a fim de evitar o anúncio simultâneo de inúmeros decessos numa mesma localidade. Em pouco menos de dois anos, a empresa fez mais de 70 mil vítimas.”
Acerca da divisão das raças e subespécies a revista eletrônica Brasil 247 (2012) afirma:
No século 18, o botânico sueco Carl von Linné criou o sistema de classificação dos seres vivos – ainda hoje utilizado – e estabeleceu o nome científico de Homo sapiens para a espécie humana. Mas, sem contrariar o pensamento dominante na época, dividiu a humanidade em subespécies de acordo com a cor da pele, o tipo físico e pretensos traços de caráter: os vermelhos americanos, “geniosos, despreocupados e livres”; os amarelos asiáticos, “severos e ambiciosos”; os negros africanos, “ardilosos e irrefletidos”; e os brancos europeus, “ativos, inteligentes e engenhosos”. Essa classificação da diversidade humana em “grandes raças” não só foi totalmente aceita como também serviu de base para classificações futuras, que alteravam a de Linné e oscilavam entre uma variedade que ia de três a 400 raças.
Há que se observar que nos dias de hoje o termo “raça” tem sido suprimida de forma sutil, derrubando antigos e enraizados conceitos. Sustentar a ideia de que a humanidade é composta por “raças” é legitimar discursos de ódio, exclusão e desigualdade.
No Brasil, país em que desde a sua formação a diversidade de povos é o alicerce do povo que somos hoje, índios, africanos, europeus compuseram as partes do grande mosaico que é a população brasileira atual. Não obstante, a ideologia eugênica e higienista nazista foi marcante na nossa história e em suas vítimas, segundo o historiador Sidney Aguilar Filho:
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