Laboratório de Pesquisa de Estágio
Por: LWST • 31/10/2018 • Pesquisas Acadêmicas • 1.988 Palavras (8 Páginas) • 147 Visualizações
Leticia da Silva
Disciplina de Laboratório de Produção Científica em Serviço Social
Reflexão dos Elementos Constitutivos da Inserção do Estagiário de Serviço Social em Processos de Trabalho.
Porto Alegre/RS
2016
SUMÁRIO
1. Elementos Constitutivos da Inserção do Estagiário de Serviço Social em Processos de Trabalho ----------------------------------------------------------------------- 3
Referências -------------------------------------------------------------------------------------- 8
1. Reflexão dos Elementos Constitutivos da Inserção do Estagiário de Serviço Social em Processos de Trabalho.
O Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) é uma unidade pública estatal responsável pela organização e oferta de serviços da proteção social básica do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) nas áreas de vulnerabilidade e risco social dos municípios.
Na região Leste da cidade de Porto Alegre localizam-se dois Centros de Referência de Assistência Social: O CRAS Básico localizado na Avenida Protásio Alves e o CRAS Leste Ampliado, localizado no Bairro Bom Jesus. O CRAS Leste Ampliado oferece os serviços de inclusão no Cadastro Único, trabalho socioeducativo, ProJovem Adolescente, Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV), ações do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), acompanhamento do Programa Bolsa Família (PBF) e Benefício de Prestação Continuada (BPC), inclusão produtiva e benefícios eventuais, com vistas à garantia dos direitos e desenvolvimento do protagonismo e fortalecimento dos vínculos familiares da comunidade que acessa seus serviços.
No campo de estágio podemos observar que a região Leste é um território de extrema vulnerabilidades, onde as mesmas são reflexo do impacto da realidade socioeconômica, cultural e contradições do território que as famílias estão inseridas. Essas expressões da questão social caracterizam-se pela grande concentração de vulnerabilidades e risco social, expressas através do analfabetismo, desemprego, precarização de habitação, uso e tráfico de substâncias psicoativas, negligência com crianças e idosos, violência, miserabilidade, baixa renda e ganhos obtidos através do trabalho informal.
A citação de Yazbek contempla o perfil das múltiplas expressões da Questão Social:
(...), os sem-teto, os sem-terra, o envelhecimento sem nenhuma qualidade, o desconforto da moradia precária e insalubre, a moradia nas ruas, a saúde débil, a droga, a Aids, a prostituição, a alimentação insuficiente, a fome, a fadiga, as humilhações, as punições, a resignação, a revolta, o fanatismo e a busca de explicações ‘mágicas’ da realidade vivida, a tensão, o medo, a sujeição, a violência e tantas outras situações que anunciam os limites da condição de vida humana dos pobres, dos excluídos e dos subalternizados em nossa sociedade (YAZBEK, 2001, pág. 22).
Durante atendimentos, nas entrevistas do Cadastro único e na aplicação do Projeto de Pesquisa foi percebido o elevado índice de evasão e infrequência escolar das crianças e adolescentes beneficiários do Programa Bolsa Família. No ano de 2015, mais de 600 crianças encontravam-se evadidas da escola, de acordo com o relatório de prestação de contas do Conselho Tutelar da região.
Tendo como base esses dados, é uma das atribuições do Assistente Social contatar as famílias desses sujeitos na tentativa de identificar os motivos da evasão escolar, com vistas de melhor compreender suas dificuldades, analisar a profundidade das suas vulnerabilidades e de articular estratégias junto a equipe técnica, para sensibilizar essas famílias da importância dos cumprimentos das condicionalidades e de dar-lhes o amparo social para fortalecimento e desenvolvimento de sua autonomia frente as demandas apresentadas.
Dessa forma, a relevância do projeto de intervenção vincula-se no dever do Estado em ofertar serviços à população, garantindo o acesso à educação e à saúde, com vistas a potencializar a garantia de direitos conforme previsto na Constituição Federal de 1988. E ainda, nesse contexto, conforme a Política Nacional de Assistência Social (PNAS) e a Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS), a família deve ser atendida na sua integralidade, superando as ações fragmentadas e segmentadas.
Através do Projeto de Intervenção intitulado ``A família em sua totalidade: ações para o enfrentamento das fragilidades sociais´´: vislumbrou-se a oportunidade de trabalhar com um grupo de famílias, com objetivo de sensibilizar e promover a conscientização dos pais e responsáveis sobre a importância de manterem seus filhos frequentes na escola. É importante destacar que a evasão escolar é uma expressão da questão social na contemporaneidade, e considerada pelo ECA como uma violação aos direitos da criança e do adolescente, nesse sentido um tema desafiador para ser trabalhado com as famílias.
O Projeto de Intervenção deu-se início em Setembro de 2015, onde foi realizada a filtragem da lista Sistema de Condicionalidades (SICON). Dessa forma, após essa etapa realizamos uma relação com os nomes, endereços e contatos das famílias pertencentes ao território do CRAS que encontravam-se em descumprimento das condicionalidades referentes à educação. Após realizada essa ação, entramos em contato telefônico para convidar as famílias para participarem do grupo. As famílias que não conseguimos contatar realizamos visitas domiciliares. Segundo Amaro, sobre a visita como técnica,
“O fato de realizar-se num locus privilegiado, o espaço vivido do sujeito e, no geral contar com a boa receptividade do visitado. O fato de acontecer no ambiente doméstico, no cenário do mundo vivido do sujeito, dispõe regras de convivialidade e relacionamento profissionais mais flexíveis e descontraídas do que as práticas do cenário institucional.
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