MOVIMENTO FEMINISTA E DISCUSSÃO DE GÊNERO

Wilma Maria da Silva Xavier

MOVIMENTO FEMINISTA E DISCUSSÃO DE GÊNERO

A principal pauta do movimento feminista ao fim do sec XX, perpetuava na busca por garantia de direitos igualitários entre homens e mulheres, sendo: trabalhar, liberdade sexual, jornada de trabalho com carga horária menor, dentre outros. Apesar de conquistados esses direitos, a mulher ainda sofre com a discriminação e a falta de reconhecimento na área profissional. Isso é evidente na enorme diferença entre salários de homens e mulheres que exercem o mesmo cargo.

No âmbito do trabalho é notável o desrespeito na qual as mulheres estão sujeitadas. Sendo atribuídas a todo momento a padrão de beleza, sensualidade dentre outras características atribuídas culturalmente à mulher, por uma sociedade totalmente conservadora e patriarcal na qual estamos inseridos. Por outro lado, ao homem é atribuído culturalmente apenas a características associada a inteligência, e a virilidade.

Bordieu (2010), afirma que o privilegio masculino perpetua entorno de sua virilidade afirmada. Portanto, “a virilidade é uma noção eminentemente relacional, construída diante dos outros homens e contra a feminilidade, por uma espécie de medo do feminino, e construída, primeiramente, dentro de si mesmo” (BOURDIEU, 2010, p. 67).

O movimento feminista teve grande êxito no Brasil, mas não significa que a opressões sofridas diariamente por mulheres tenham sido aniquiladas. É imprescindível a atuação do movimento feminista quando movimento social que atua, em busca de garantia de direitos e causas femininas, que visa romper com a pratica opressora contra mulheres.

No Brasil os estudos de gênero surgira a partir da problemática da “condição feminina”. Inicialmente acreditavam-se, que havia um problema específico da mulher, o qual devia ser pensado unicamente por elas, já que os homens as haviam silenciado e as reprimido durante um longo período de tempo. Segundo Grossi (2000), a discussão de gênero determina tudo que é social, cultural e historicamente definido e está em constante processo de ressignificação, em virtude das interações concretas entre indivíduos do sexo feminino e masculino. Nesse sentido, “a sexualidade é apenas uma das variáveis que configura a identidade de gênero, como os papéis de gênero e o significado social da reprodução” (GROSSI, 2000, p. 27).

1.1 CONCEITO DE GÊNERO

Gênero é um conceito utilizado para explicar os comportamentos de mulheres e homens em nossa sociedade. O termo gênero nos ajuda a compreender a maioria dos problemas e as dificuldades que as mulheres enfrentam desde os primórdios seja no âmbito profissional, na vida política, na família, na vida sexual e ou reprodutiva. Esses são alguns dos motivos pelo qual o movimento feminista discute a questão de gênero. Mas para entendermos o conceito de gênero, é preciso compreender as diferenças entre sexo e gênero. 

“A forma que a diferença sexual assume, nas diversas sociedades e culturas, e que determina os papéis e o status atribuídos a homens e mulheres e a identidade sexual das pessoas. Divisão dos discursos conforme os fins a que se propõem e os meios que empregam para tal^[1].”

1.1.1 Qual a diferença entre gênero e sexo?

Ao mencionarmos a palavra sexo, a primeira mensagem que nos vem á cabeça é sexo o ato, a carne, onde estamos nos referindo á aspectos físicos, biológicos de homem e mulher, aquelas diferenças visíveis em nossos corpos e, que não mudam radicalmente, porém se desenvolvem de acordo com, as fases de nossas vidas.

Os aspectos biológicos são fundamentais para discernir o sexo do gênero, pois, desde os primórdios da humanidade as mulheres têm vagina e os homens têm pênis, ao atingir certa idade as mulheres começam a menstruar e os homens a ter ejaculação; e somente com certa idade as mulheres e homens começam a desenvolver o corpo, a crescer seios, menstruar, ter pelos e que os pelos se distribuem de modo diferente nos corpos de mulheres e homens. No entanto a gravidez só acontece no corpo da mulher. Todas essas coisas são pré-determinadas pelo sexo.

O conceito de sexo explica as diferenças entre o homem e fêmea, ou melhor, dizendo, entre o macho e a fêmea da espécie humana. Vale ressaltar que os animais não têm gênero. O conceito de gênero se aplica somente às pessoas e às relações entre os seres humanos.  

 1.1.2 O que é gênero?

         É a partir dos comportamentos e do conhecimento das diferenças sexuais que a sociedade cria ideias sobre o que é um homem e o que é uma mulher, o que é masculino e o que é feminino, ou seja, essas são chamadas representações de gênero.  Através disso estabelecem as ideias de como devem ser a relação entre homem e mulher, a relação entre as mulheres e a relação entre os homens; ou seja, a sociedade cria as relações de gênero.

Contudo, o conceito de gênero impõe em nossa relação, isto é, nas nossas sociedades os estereótipos femininos e os masculinos nos quais são considerados opostos, porém complementares. Sendo assim, “gênero pautaria a percepção das diferenças entre os sexos, sendo construído significante a demarcar relações de poder.” (SCOTT, Joan 1990).

O movimento feminista, durante toda a sua existência, teve como referencial de luta o homem. Para a sociedade o masculino e feminino possuem valores diferentes, onde o que é considerado masculino possui mais valor. Desta forma, as relações de gênero produzem uma distribuição desigual de autoridade, de poder e de prestígio entre as pessoas de acordo com seu sexo. É por isso que se diz que as relações de gênero são relações de poder.  

1.1.3 As relações de gênero

Como vimos, as relações de gênero são construídas a partir das diferenças sexuais, portanto, não são naturais. São criações das sociedades. Sendo gênero uma construção social ele não se apresenta sempre do mesmo jeito em todas as épocas e lugares. Depende dos costumes de cada lugar e sociedade, da experiência cotidiana das pessoas deste lugar, variando de acordo com as leis, as religiões a maneira de organizar a vida familiar, a vida política de cada povo ao longo da história. As relações de gênero e as representações de gênero não variam apenas de um povo para outro.