Precarização do Trabalho em Serviço Social
Por: Rafael Hormidas • 6/7/2015 • Trabalho acadêmico • 3.908 Palavras (16 Páginas) • 169 Visualizações
Precarização do Trabalho em Serviço Social
Autor: Rafael Hormidas
Partindo dos escritos de Engels (1896) contidos no texto : “Sobre o papel do Trabalho na transformação do macaco em homem” onde o autor faz uma discussão acerca do papel do Trabalho para o próprio homem, tomamos como assertiva a sua consideração ao afirmar que o Trabalho:“ é a condição básica e fundamental de toda a vida humana. E em tal grau que, até certo ponto, podemos afirmar que o trabalho criou o próprio homem”. (Engels 1876 apud Ricado Antunes: A dialética do Trabalho I, 2013 p. 13).
O trabalho é fundamental para a sociabilidade humana, todo processo de conhecimento e produção centra-se na evolução do trabalho, é o trabalho que funda a sociedade e nos separa de qualquer forma pré-humana. Neste sentido o trabalho torna-se o elemento central de toda a sociabilidade e evolução humana. Ao entendermos a centralidade do trabalho nas relações humanas e sociais podemos dimensionar todas a derivações que surgem daí, e a cada tempo e a seu modos as “evoluções” que surgem no próprio trabalho, no mundo do trabalho e nos desenhos da sociedade. Utilizaremos como pano de fundo para o resumo o trabalho inscrito na sociedade capitalista e que se desenvolve nos modos de organização e produção burguês.
Desde sua gênese o sistema Capitalista passou por diversas reestruturações, desde o modo produtivo as mais diversas formas de cumulação de capital pelas atribuições de valor à mercadorias. O sistema Capitalista só tomou tal proporção devido sua capacidade de reinvenção após suas consecutivas crises cíclicas, o que não aconteceu com o Feudalismo por exemplo. Essas diversas formas marcaram cada um a seu modo os estágios “vividos” pelo capitalismo.
Avançando das protoformas do sistema capitalista notamos que entre o século XVI e XVIII o sistema capitalista é marcado pelo extenso volume comercial, chamado também de capitalismo mercantilista no qual grupos de comerciantes e mercadores foram responsáveis pelo seu desenvolvimento e deu origem a uma nova classe. Segundo Netto e Braz ( 2006, p.170) a burguesia “afirma-se como classe que tem nas mãos o controle das principais atividades econômicas da época”. Após a mundialização do capital dada pela expansão marítima a burguesia ganha peso e suas ideias culminaram na revolução burguesa (tomada do poder de Estado). Após a afirmação da classe burguesa até a revolução industrial o sistema capitalista é conhecido como capitalismo concorrencial ou liberal, com o aumento de novos investimentos de capitais em meios de comercio e/ou produção. Após a revolução industrial o capitalismo entra em sua maior fase de expansão, os países que se industrializaram tiveram suas demografias aumentadas, a marcha campo cidade e expansão urbana, assim os países industrializados produziam manufaturas a partir de matérias primas (vindas de países não industrializados) e vendiam internamente e depois externamente. Com a cumulação de capital, o aumento dos mercados de consumo o sistema capitalista ganha envergadura, surgem grandes concentrações de capital que controlam grandes meios produtivos, os monopólios. Com o aparecimento dos monopólios e das práticas de cartel, truste etc. o capitalismo fica conhecido como capitalismo monopolista (fim do séc. XIX começo do séc. XX). Concomitante ao aparecimento dos monopólios surge os bancos (derivados das antigas “casas bancárias”), surgem com novo papel e formato, dando origem as instituições que conhecemos hoje.
Na sociedade industrializada, a invenção da máquina permitiu a produção em massa, e para além, a divisão social do trabalho e a definição da sociedade de classes como é hoje, além de proporcionar a expansão e hegemonia do sistema capitalista que se afirma até hoje como sistema (sistema financeiro e produtivo) dominante e coercitivo devido a sua mundialização (globalização) e a citada hegemonia.
Emile Durkheim um dos primeiros cientistas a analisar a sociedade pós industrial nos chamou atenção para a perca da consciência coletiva ( latente no modo de produção artesanal) e a passagem que a sociedade faz da Solidariedade Mecânica para Orgânica. Em termos crassos a Solidariedade Mecânica considera mais importante a consciência coletiva superior à consciência individual, suprimindo – por assim dizer – a personalidade do indivíduo. Ou seja, o indivíduo é uma coisa da sociedade e a consciência individual é uma simples dependência do tipo coletivo e todos os indivíduos são parecidos. Necessidade de um conjunto de crenças e sentimentos comuns a todos os membros mais ou menos organizado. A Solidariedade Orgânica é encontrada na sociedade que possui divisão de trabalho, mais desenvolvida se comparada à solidariedade mecânica; indivíduos diferentes, possibilidade de cada um possuir sua própria personalidade e esfera de ação, com a consciência coletiva deixando espaço para a consciência individual. A coesão resultante dessa solidariedade é mais forte. É dependente da sociedade, porque é dependente das partes que a compõem.
Assim a divisão social do trabalho cria consciências e indivíduos heterogêneos, os separando em classes ou grupos específicos. No caso a divisão mais latente e que condiciona os fatores da análise dialética na sociedade atual é a divisão entre burguesia e proletariado. A Divisão do trabalho social para Durkheim era uma forma de livrar a sociedade da anomia e aproximá-la de uma sociedade cujas funções sociais fossem o mais próximo possível das funções dos órgãos num organismo vivo, existindo assim uma solidariedade orgânica, sem que haja somente a repetição das consciências coletivas e sim um desenvolvimento maior do indivíduo em prol da sociedade. Pelas palavras de Durkheim: “É a esse estado de anomia que devem ser atribuídos, como mostraremos, os conflitos incessantemente renascentes e as desordens de todo tipo de que o mundo econômico nos dá o triste espetáculo. Porque, como nada contém as forças em presença e não lhes atribui limites que sejam obrigados a respeitar elas tendem a se desenvolver sem termos e acabem se entrechocando, para se reprimirem e se reduzirem mutuamente.(…) As paixões humanas só se detêm diante de uma força moral que elas respeitam. Se qualquer autoridade desse gênero inexiste, é a lei do mais forte que reina e. latente ou agudo, o estado de guerra é necessariamente crônico.” (DURKHEIM, VII: 2004).
Mas o que a história nos mostra e Marx vai chamar atenção nos seus escritos é justamente é que a divisão social do trabalho, que para além do controle da Anomia instituindo partes
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