AS QUESTÕES SOCIAIS EXPOSTAS NO FILME ANJOS DO SOL
Por: Aleane123 • 17/11/2022 • Trabalho acadêmico • 1.329 Palavras (6 Páginas) • 303 Visualizações
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Centro Universitário Internacional UNINTER
Curso: Bacharelado em Serviço Social
Disciplina: Enfrentamento das Manifestações da Questão Social
Nome do(s) aluno(s)/a(s): Aleane dos Santos Almeida. RU: 2648554
QUESTÕES SOCIAIS EXPOSTAS NO FILME ANJOS DO SOL
INTRODUÇÃO
O filme Anjos do Sol é o primeiro longa-metragem do cineasta brasileiro Rudi Lagemman e conta a história de Maria, uma menina de apenas 12 anos de idade, que é vendida pelos seus pais, indo parar na Amazônia, em um prostíbulo localizado em uma área de garimpo, onde vira escrava sexual. Essa história reflete situações vivenciadas por muitas crianças no Brasil.
Esse fato precisa ser amplamente debatido, tendo em vista ser um fator que fere a dignidade humana e a liberdade. Nesse contexto, o texto a seguir tem por objetivo promover uma reflexão acerca da pobreza demonstrada no filme, que constitui uma das expressões da questão social, que acaba por se refletir em diversos outros problemas sociais como o analfabetismo e o tráfico de pessoas para exploração sexual.
DESENVOLVIMENTO
Anjos do sol é um filme brasileiro que expõe a realidade sobre a exploração sexual comercial de crianças e adolescentes. A história do filme se passa no interior do nordeste Brasileiro, e Maria, uma menina de apenas 12 anos é a personagem principal. O filme é iniciado com a ida de um “padrinho”, assim chamado pelos pais da menina, indo até sua casa, um local muito pobre, onde ela vive com seus pais e irmãos.
Fica subentendido que esse “padrinho” vai, ano a ano, a essa casa, buscar crianças para vendê-las a prostíbulos e a pessoas com alto poder aquisitivo para exploração sexual. E assim, Maria é levada e vendida a uma mulher, que a repassa a um deputado, que a adquire para servir de “presente” de aniversário para seu filho que está completando 15 anos, devendo este perder sua virgindade numa noite de sexo com ela.
Diante da recusa de Maria, o deputado a estupra, para então seu filho, também fazer o mesmo. Em seguida ela é enviada a um prostíbulo localizado em Vila do Socorro, que fica próxima à Floresta Amazônica, região de garimpo do país, onde ela fica presa, juntamente com uma menina chamada Inês, que ela conheceu ao chegar na casa da primeira pessoa que a comprou. Ali elas são obrigadas a fazer sexo com todo tipo de homens que pagam à Saraiva (dono do lugar), o valor cobrado, em ouro.
Numa tentativa frustrada de fuga, na qual elas são ajudadas por uma jovem que lá trabalha há algum tempo, e que se encontra grávida, elas são reconduzidas ao prostíbulo, e como castigo por não apontar quem as ajudou a fugir, Saraiva, dirigindo um Jipe com Inês amarrada a ele, arrasta a mesma, dando voltas pelo lugarejo, até que ela morre. Ele se utiliza desta prática como forma de castigo, e também para amedrontar as outras meninas.
Sem conseguir se desvencilhar da situação em que se encontra, Maria continua por algum tempo na casa, sendo abusada todos os dias, até que resolve fugir novamente. Após passar muito medo, ela consegue pegar uma carona com um homem numa caminhonete na estrada, e segue pedindo carona até chegar ao Rio de Janeiro, onde, com dificuldades por não saber ler, apenas conhecer os números, telefona para Vera, uma cafetina para quem sua colega Inês já havia trabalhado.
Vera tenta “agencia-la” mesmo reconhecendo sua pouquíssima idade. E para esconder esse fato, lhe arruma roupas e peruca para que pareça mais velha. No entanto, no momento em que seria entregue a mais um homem, ela foge novamente, e pega carona com um caminhoneiro na estrada, indo para “qualquer lugar”.
A história de Maria é uma dentre as diversas histórias de meninas pobres, que ainda crianças são utilizadas por seus pais, que as vendem a pessoas que se utilizam delas para o comércio sexual. O filme retrata algumas importantes expressões da questão social a serem combatidas no Brasil, que é, além da pobreza extrema, a prostituição infantil e o analfabetismo, que são, muitas vezes, reflexos também da pobreza.
Segundo Balbino (2017, p. 12), o tráfico de seres humanos é impulsionado por “elementos como a pobreza, instabilidade econômica, política e social, preconceitos em relação a gênero e raça, guerras, globalização, leis deficientes, entre outros”. Ainda segundo a autora, essa conduta viola brutalmente a dignidade do ser humano e a sua liberdade, que é considerada inerente ao indivíduo, cabendo ao Estado o dever de protegê-lo.
Nesse sentido, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) mencionar ser a pobreza um fator determinante para esse crime, visto que a maioria esmagadora das vítimas possuem dificuldades financeiras, e estão inseridas em comunidades marginalizadas. Rocha (2003) define a pobreza como “um fenômeno complexo, podendo ser definido de forma genérica como a situação na qual as necessidades não são atendidas de forma adequada”. Ou seja, ela se configura quando não é possível atender as necessidades mínimas do indivíduo.
Segundo Osterne (2001), a pobreza, na sua dimensão relativa, é avaliada pelos indicadores de renda e emprego, mas não apenas dessa forma. Ela é também avaliada pela viabilidade de acesso a serviços sociais básicos com vistas à qualidade de vida, como saúde, educação, habitação, segurança, transporte, previdência social, dentre outros.
A esse respeito, Yazbek (2010) afirma que a pobreza é parte da experiência diária do trabalho dos assistentes sociais. É esse profissional que convive de perto com as classes subalternizadas da sociedade. Universo que é caracterizado pela opressão, exploração, pobreza, pelo desemprego, no qual a violência é crescente. É preciso ter em vista que a pobreza é expressão direta das relações extremamente desiguais existentes na sociedade, onde convivem acumulação e miséria (YAZBEK, 2010).
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