Atps
Ensaio: Atps. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: janilson • 7/9/2013 • Ensaio • 430 Palavras (2 Páginas) • 157 Visualizações
A culpa dessa solidão a quem pertence? Ao destino ou a ela? Martinha crê, às vezes, que ao destino; às vezes, acusa-se a si própria. Nós podemos descobrir a verdade, indo com ela abrir a gaveta, a caixa, e na caixa a bolsa de veludo verde e velha, em que estão guardadas todas as suas lembranças amorosas. Agora que assistira ao casamento da outra, teve ideia de inventariar o passado. Contudo hesitou:
– Não, para que ver isto? É pior: deixemos recordações aborrecidas.
(Adaptação de: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/fs000197.pdf. Acesso em: 1º nov. 2012)
Question 1
Notas: 1
Assinale, de acordo com o texto, a alternativa que representa o que levou Martinha a acordar com a alma escura.
Escolher uma resposta.
a. A percepção de que já estava com idade avançada e ainda demoraria para morrer.
b. A certeza de que não foi nem seria tão bem-aventurada como previu sua família.
c. A consciência de sua solidão, reforçada pelo evento que participara no dia anterior.
d. A lembrança de estar quase só, pois seu marido se fora, restando apenas sua tia velha.
e. A possibilidade de que sua vitalidade, ainda que tivesse saúde, fosse abalada. Lá vão... Aqui pega a alma escura de Martinha. Lá vão quarenta e três anos — ou quarenta e cinco, segundo a tia; Martinha, porém, afirma que são quarenta e três. Adotemos este número. Para ti, moça de vinte anos, a diferença é nada; mas deixa-te ir aos quarenta, nas mesmas circunstâncias que ela, e verás se não te cerceias uns dois anos. E depois nada obsta que marches um pouco para trás. Quarenta e três, quarenta e dois, fazem tão pouca diferença...
Naturalmente a leitora espera que o marido de Martinha apareça, depois de ter lido os jornais ou enxugado do banho.
Mas é que não há marido, nem nada. Martinha é solteira, e daí vem a alma escura desta bela manhã clara e fresca, posterior à noite de bodas.
Só, tão só, provavelmente só até a morte; e Martinha morrerá tarde, porque é robusta como um trabalhador e sã como um pero. Não teve mais que a tia velha. Pai e mãe morreram, e cedo.
A culpa dessa solidão a quem pertence? Ao destino ou a ela? Martinha crê, às vezes, que ao destino; às vezes, acusa-se a si própria. Nós podemos descobrir a verdade, indo com ela abrir a gaveta, a caixa, e na caixa a bolsa de veludo verde e velha, em que estão guardadas todas as suas lembranças amorosas. Agora que assistira ao casamento da outra, teve ideia de inventariar o passado. Contudo hesitou:
– Não, para que ver isto? É pior: deixemos recordações aborrecidas.
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