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Por:   •  8/11/2013  •  3.127 Palavras (13 Páginas)  •  532 Visualizações

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1. A heterogeneidade da cultura brasileira

A formação histórica do povo brasileiro: as heranças indígena, portuguesa e africana

A miscigenação racial está na base da constituição do “povo brasileiro”. As manifestações culturais portuguesas, as nações indígenas e os diferentes povos africanos produziram uma cultura extremamente sincrética.

A partir da colonização no século XVI, até o Brasil Império, no século XIX, características regionais foram se delimitando, traçando o desenho do que seria a identidade nacional brasileira.

Podemos identificar três situações que influenciaram de maneira profunda a identidade no Brasil: a chegada dos portugueses, o genocídio de povos indígenas e a chegada dos africanos escravos.

No período da colonização, houve intensa mistura entre esses povos, o que iniciou a formação da cultura nacional acrescida mais tarde de influência de diversos imigrantes europeus, árabes etc. Nascendo, dessa forma, uma sociedade altamente miscigenada.

A marca mais nítida no processo de formação cultural brasileira é a presença de portugueses, de índios e de negros. Todos se olhavam com espanto, estranhando os hábitos uns dos outros reciprocamente.

Mas, apesar do estranhamento inicial, continuaram a se misturar, fazendo surgir uma nova população a qual pode ser verdadeiramente chamada de população brasileira. A influência desses povos reflete no nosso modo de vida até os dias de hoje nas mais diversas situações do dia a dia: religião, música, comida etc.

2. Contribuições culturais do Século XX: imigrantes externos, migrantes internos e a globalização

A influência dos imigrantes

Após a abolição, a imigração de povos europeus teve início, pois não havia mais a mão de obra escrava. Surge a necessidade de se contratar mão de obra barata para atender as demandas da lavoura.

Diferentemente do que havia ocorrido com os negros e com os índios, os imigrantes europeus puderam manter e divulgar sua cultura no Brasil sem nenhum tipo de impedimento. Os pequenos proprietários passaram a uma vida isolada em suas terras e, também por isso, mantinham seus costumes. Já aqueles com grandes fazendas e centros urbanos não demoraram a aprender os costumes da sociedade brasileira, assimilando aspectos do povo da terra e abandonando muitas de suas práticas culturais.

Não sofreram nenhum tipo de repressão.

Em virtude destes povos não terem sido reprimidos, abriu-se a possibilidade da imigração da Europa e de outras regiões do mundo marcar a cultura local em todos os aspectos. A culinária, religião, arquitetura, o cultivo do trigo e a criação de suínos, dentre outros.

Desse modo, observa-se a formação e a preservação de uma identidade cultural bastante plural devido às influências europeia, africana e indígena, favorecendo uma riqueza cultural bastante peculiar presente no nosso cotidiano.

3. A identidade nacional

A identidade nacional brasileira

O que é ser brasileiro? Dizer que a Nação brasileira existe fundada apenas nas dimensões geográficas ou jurídicas é muito simples. Ou simplesmente identificar um grupo de pessoas que vivam em determinada localidade com problemas comuns ainda é pouco. Mas parece que Nação e identidade nacional exigem algo mais.

Se a nacionalidade é uma identidade forjada na construção coletiva de símbolos comuns ao povo de determinada região, por mais que a cultura brasileira se assente na mistura étnica, podemos identificar sua construção.

Por exemplo, temos no romance O guarani, de José de Alencar, o mito de origem da nação brasileira. Os personagens Peri e Cecília representam o primeiro casal da nação brasílica. Peri, índio recém convertido ao cristianismo (1995, p. 268-279), e Cecília a portuguesa que assumiu os valores da nova terra (1995, p. 279-280). Outro aspecto importante na formação da nacionalidade presente na obra de Alencar trata-se da língua falada no Brasil. Embora o português fosse o idioma corrente, ele foi modificado pela natureza brasileira.

De acordo com Hall (2005), as identidades nacionais são formadas no cotidiano da sociedade, sendo práticas de representação.

Essa forma de posicionar-se diante da vida vai ao encontro do que afirma Freire (1991):

A partir das relações do homem com a realidade, resultantes de estar com ela e de estar nela, pelos atos de criação, recriação e decisão, vai ele dinamizando o seu mundo. Vai dominando a realidade. Vai humanizando-a. Vai acrescentando a ela algo de que ele mesmo é fazedor. Vai temporalizando os espaços geográficos. Faz cultura. [...] E, na medida em que cria, recria e decide, vão se conformando as épocas históricas. É também criando e decidindo que o homem deve participar destas épocas (FREIRE, 1991, p.43).

As pessoas frente à realidade tornam-se fazedores da própria história vivida. São importantes instrumentos na construção da identidade nacional porque dela participam.

No gibi “Especial Brasil 500 anos” (2000) aparece a figura de José Manuel dos Calotes, antepassado de Zé Carioca, um clandestino na esquadra de Cabral, que teria sido o verdadeiro descobridor do Brasil. Seria nosso antepassado, cujas características eram características que adquiriu: preguiçoso, trambiqueiro, aproveitador, malandro, caloteiro.

QUESTIONA-SE: como constituir uma “alma coletiva”, um “parentesco espiritual” se nos enxergamos desta maneira?

4.Relações étnico-raciais e a luta antirracista do movimento negro do Brasil

Observe a cena abaixo:

Por que uma pessoa deve ser carregada por outras? O que faz alguém ter o direito de submeter outras pessoas a sacrifícios e considerar isso normal?

Você já parou para pensar sobre o significado de raça, etnia, preconceito, discriminação, identidade? O que eles significam? Como são utilizados em nossa sociedade?

Pronto(a) para começar?

Vamos verificar o que diz a Dra. Nilma Lino Gomes, coordenadora geral do Programa Ações Afirmativas, na UFMG e do Nera (Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Relações Raciais e Ações Afirmativas):

Identidade - “A identidade não é algo inato. Ela se refere a um modo de ser no mundo e com os outros. É um fator importante na criação das redes de relações e de referências culturais dos grupos sociais” (GOMES,

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