Ciências Sociais
Tese: Ciências Sociais. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Risos • 18/3/2014 • Tese • 831 Palavras (4 Páginas) • 176 Visualizações
Etapa 2 – passo 1
A classe operária não chegou ao paraíso. Pelo menos não naquele início dos anos 70, época de revoluções proletárias pelo mundo. A experiência soviética, chinesa, cubana, oferecia uma fresta, para os milhões de trabalhadores vitimados pelo capitalismo, respirar. Hoje podemos enxergar as injustiças e incoerências do socialismo praticado, porém em 1971, quando o italiano Elio Petri filma "A Classe Operária Vai Ao Paraíso", havia esperança. Um operário padrão que desperta a ira dos colegas devido a sua alta produtividade, seu nome Lula, servindo de exemplo pela direção da empresa. Depois de sofrer um acidente de trabalho, rebela-se contra a fábrica em que trabalha e se aproxima de líderes estudantil radicais. O processo de engajamento político do operário é acompanhado de conflitos familiares, questionamentos sobre a vida de operário e pelos constante presença de sindicalistas e estudantes na porta da fábrica discursando para os trabalhadores.
O processo de trabalho não é a realização, mas a negação do homem. Aqui ele se sente objeto e não sujeito. O homem torna-se um apêndice das máquinas. O operário Lulu escraviza-se ao ritmo repetitivo das máquinas, esforçando-se para cumprir cotas de produção e superar os demais operários. Ele trabalha repetindo para si mentalmente o refrão: “uma peça, um rabo, uma peça, um rabo, uma peça, um rabo”, desviando para a atividade de trabalho o desejo sexual por uma colega de trabalho, pois o trabalho e uma atividade torturante que não tem significado em si, mas é necessário como meio de sobrevivência. O homem se desumaniza quando trabalha, pois torna-se máquina, animal de carga. O trabalho é sua tortura e não sua realização. O trabalhador se sente humano quando está fora do trabalho e não dentro dele. E no entanto, este “sentir-se humano” é um mero intervalo escapista no qual não são permitidas outras atividades criativas, nem sequer o sexo, pois o intervalo se destina apenas a repor as forças do animal-trabalhador para a jornada seguinte. O homem se aliena dos resultados do seu trabalho, dos objetos sob a forma de mercadoria, da materialidade circundante em geral. O operário Lulu Massa encontra-se em sua casa cercado de objetos sem utilidade e sem valor, que depois de adquiridos não podem ser consumidos nem sequer revendidos, que dirigem a sua vida e dos quais não pode sequer usufruir. O status de vida pequeno-burguesa ambicionado por sua companheira sacrifica até a convivência no ambiente do lar, tornado infernal por brigas constantes. Na civilização burguesa é mais importante conservar os objetos do que satisfazer os seres humanos. O sonho de consumo da classe média baixa, os impasses ideológicos dos trabalhadores, a falta de conscientização política, a alienação coletiva, sem contar que atualmente o maior afastador de trabalhadores é o surto psicótico, mencionado hoje como depressão ou estres. O incidente com Lulu é o ponto de partida para conflitos sindicais que culminam na demissão dele. Na condição de desempregado, Lulu encara a sua posição de indivíduo deformado pelo capital, vendedor de força de trabalho, consumidor de mercadorias, incapaz de corresponder à expectativa da família, dos companheiros de trabalho e do capital simultaneamente. Ele conscientiza-se da própria alienação, e paulatinamente se integra na atuação
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