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Conceito Da Ciência

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Por:   •  30/9/2013  •  7.195 Palavras (29 Páginas)  •  550 Visualizações

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CIÊNCIA POLÍTICA 1. Conceito de Ciência — 2. Naturalistas versus idealistas (espiritualistas, historicistas e culturalistas) — 3. A Ciência Política e as dificuldades terminológicas — 4. Prisma filosófico — 5. Prisma sociológico — 6. Prisma jurídico — 7. Tendências contemporâneas para o tridimensionalismo.1. Conceito de Ciência De Aristóteles a Kant não se faz atenta discriminação entre osconceitos de ciência e filosofia. E quase se pode dizer que a separação conceitual pertence àidade moderna. Só se vai tornar consciente na medida em que aumentao hiato entre as posições metafísica e naturalista, por conseqüência dacrise havida nos estudos filosóficos, desde o Renascimento, quandoBacon e Aristóteles se definiam como pólos opostos da reflexãofilosófica. De um lado, a atitude escolástica, espiritualista, de raízes cristãs,aristotélicas e platônicas. De outro, o começo da atitude que seculariza o pensamentofilosófico em escolas recentes, as quais só chegam, no entanto, ao plenoamadurecimento de suas teses mais professadamenteantiespiritualistas depois da abertura de horizontes pela filosofiakantista. Com efeito, foi a filosofia crítica que, embora confessadamenteidealista, determinou, pela ambigüidade de interpretações a que deulugar, os impulsos e sugestões indispensáveis de onde saíramconcepções de todo opostas ao idealismo. A ciência, segundo Aristóteles, tinha por objeto os princípios e ascausas. Santo Tomás de Aquino, por sua vez, a definiu como assimilação

24. da mente dirigida ao conhecimento da coisa (Summa contra Gentiles, 1II, cap. 60). Viu Bacon na mesma a imagem da essência e Wolff declarou quepor ciência cumpre entender “o hábito de demonstrar assertos, isto é,de inferi-los, por conseqüência legítima, de princípios certos eimutáveis.” Tudo que possa ser objeto de certeza apodítica é ciência paraKant. A este conceito acrescentou outro, mais em voga, já de tododesembaraçado de implicação filosófica, e a que não haviam chegado,com máxima clareza, os seus predecessores. Com efeito, diz Kant nos Elementos Metafísicos das Ciências daNatureza que por ciência se há de tomar toda série de conhecimentossistematizados ou coordenados mediante princípios.1 Depois de Kant, com a ação intelectual dos positivistas eevolucionistas, torna-se cada vez mais preciso o conceito de ciência,ficando quase todos acordes em designá-la como o conhecimento dasrelações entre coisas, fatos ou fenômenos, quando ocorre identidade ousemelhança, diferença ou contraste, coexistência ou sucessão nessaordem de relações.2 A caracterização da ciência implica, segundo inumeráveis autores,a tomada de determinada ordem de fenômenos, em cuja pluralidade sebusca um princípio de unidade, investigando-se o processo evolutivo, ascausas, as circunstâncias, as regularidades observadas no campofenomenológico. Com Spencer baqueiam todas as vacilações e dificuldadesporventura ainda existentes. Sua fórmula de caracterização é das maisperfeitas, simples e nítidas que se conhecem. Há, segundo ele, três variantes do conhecimento: conhecimentoempírico ou vulgar, conhecimento não unificado; conhecimentocientífico, conhecimento parcialmente unificado e conhecimentofilosófico, conhecimento totalmente unificado. Com Littré a redução conceitual de Spencer acerca dos distintos

25. ramos do conhecimento reaparece na bela frase que os compêndiosusualmente reproduzem: “a ciência é a generalização da experiência, e afilosofia, a generalização da ciência”. As quatro ciências fundamentais que a inspiração positivista,evolucionista e pragmatista do século XIX aponta como classificaçãoinabalável seriam: a Físico-Química, que estuda os fenômenos do mundoinorgânico; a Biologia, que se ocupa dos fenômenos do mundo orgânico;a Psicologia, que abrange os fenômenos do mundo psíquico, e aSociologia, que trata dos fenômenos do mundo social. Separada a ciência da filosofia, sem graves atritos, aparecendo aprimeira como ordem de conhecimentos parcialmente unificados e asegunda como conhecimento completamente unificado dos fenômenosque servem de objeto a toda atividade cognoscitiva, resta saber se éponto pacífico a classificação das ciências daí resultante. Aqui temos outra vez o cisma entre espiritualistas e positivistas,pois ao lado da classificação de Comte — Pai do Positivismo — concorreoutra, não menos difundida, que é a classificação dos filósofosneokantistas, da escola de Baden. Segundo Comte, as ciências são abstratas e concretas. Asabstratas, na explicação de Stuart Mill, referida pelo professor JoaquimPimenta,3 são aquelas “que se ocupam das leis que governam os fatoselementares da natureza”, ao passo que as concretas, como ciênciastributárias, ou secundárias, se referem “a aspectos particulares dosfenômenos, por exemplo, a geologia, a mineralogia em relação à física eà química, a botânica e a zoologia, em relação à biologia, e assim pordiante”.4 No Curso de Filosofia Positiva as ciências abstratas sãoapresentadas de forma hierárquica, segundo a ordem de generalidade esimplicidade decrescente e a ordem da complexidade e especializaçãocrescente. As ciências, do modo como as dispôs Comte, vêm seriadas detal sorte que a ciência seguinte depende da antecedente, não sendoporém a recíproca verdadeira. À ordem lógica se acrescenta a ordemvalorativa, isto é, das ciências “inferiores” se passa às ciências

26. “superiores”, segundo o grau de importância humana progressiva.5 Aunidade das ciências do mundo com as ciências do homem é perfeita,figurando as últimas no grau mais elevado de “dignidade” doconhecimento, onde os fenômenos — fenômenos da sociedade — são,pelo seu máximo teor de complexidade, os mais difíceis de prever e osmais fáceis de modificar, obrigando o cientista verdadeiro ao estudoprévio das primeiras ciências da série, até que lhe permita o acesso aoramo mais nobre da ciência — a Sociologia, ciência da humanidade,Coroamento de toda a formação científica. As seis ciências fundamentais do Curso de Filosofia Positiva deComte são a Matemática, a Astronomia, a Física, a Química, a Biologiae a Sociologia. Por volta de 1850, acrescentou Comte uma sétimaciência fundamental — a Moral. Com respeito a esse prolongamento dasérie por Comte, escreve Laubier: “Tendo por objeto o estudo doindivíduo, como a Sociologia o da Humanidade, a Moral considera nohomem, não somente a inteligência e a atividade, como a Sociologia,mas também o sentimento. Desta sorte é a ciência mais complexa, aúnica completa, porquanto verdadeiramente concreta: considera seuobjeto, o indivíduo humano, em sua totalidade, ao passo que as demaisnão conservam senão certas propriedades dos seres com abstração dosdemais”.6 A ciência, tomada pela valoração positivista,

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