Concepções Espontâneas

FÍSICA

RESUMO : As concepções espontâneas, a resolução de problemas e a história da ciência numa sequência de conteúdos em mecânica.

Revista Brasileira de Ensino de Física, vol. 14 nº 4, 1992

A falta de preparo e a desmotivação do aluno, assim como, o elevado índice de reprovação, tornam-se motivo de constante preocupação pelos alunos e profissionais ligados as instituições de ensino superior do país, com matéria curricular de Física.

Quando conclui o 2º grau, cuja qualidade de ensino não é das melhores, o estudante que inicia sua vida acadêmica, encontra-se despreparado para as disciplinas básicas que lhe são oferecidas.

No primeiro tópico de Física, a Mecânica, é onde mais se acentuam esses problemas. Os livros não exploram corretamente o potencial, desvinculando o conhecimento proposto para a sala de aula.

Valiosas contribuições para que o ensino de ciências e da Física se processem eficientemente, são a história da Mecânica, a resolução de problemas em Física e as concepções alternativas dos estudantes, que frequentemente tem origem na necessidade que o aluno tem de estruturar explicações para compreender o mundo em que vive e com o qual participa em todas as suas esferas, sendo elas sensoriais, sociais ou culturais. Quase todos os alunos quando chegam ao nível universitário, já tem idéias pré-concebidas sobre os comportamentos e fenômenos materiais que observam diariamente. Se faz necessário enfrentar essas concepções alternativas como facilitadoras da aprendizagem e não como uma barreira à mesma, tentando identificá-las e desenvolver estratégias significativas facilitando assim, o processo de instrução.

A resolução de problemas não devem ser priorizados nas avaliações, sem que haja o devido questionamento teórico. Para que o aluno assimile o conhecimento científico, se faz necessário estimular suas idéias intuitivas, no entanto, antes de capacitar o mesmo a raciocinar cientificamente, é preciso despertá-lo sobre suas idéias não científicas.

O aluno, para ser aprovado acaba aceitando a referência didática proposta pelo professor, negligenciando assim, suas idéias intuitivas.

Conhecimentos matemáticos insuficientes e pouca compreensão dos temas abordados, são dois fatores responsáveis pela insatisfação na aprendizagem da Física.

A história da mecânica, no que se refere à relação força e movimento, não está sendo suficientemente explorada para que o aluno entenda melhor esta parte da Física. Tanto Aristóteles, que com suas concepções, desencadeou discussões, críticas e defesas, como Galileu, com seu extraordinário pensamento, passam quase despercebidos, deixando de propiciar ao aluno um referencial para repensar suas idéias.

O material instrucional, está dividido em três unidades: “Cinemática unidimensional”, “Força e movimento – de Thales a Galileu” e “As leis de Newton”, que são referência para o estudo da Física, contudo, vale salientar, que no caso da Cinemática, parece ilógico o aluno utilizar o conceito de forças em suas explicações, sem antes entender a dinâmica, ou seja, sem se preocupar com a análise de suas causas. Com relação às leis de Newton, os estudantes