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Correlação do Filme estamira com a questão social

Por:   •  10/6/2018  •  Trabalho acadêmico  •  1.865 Palavras (8 Páginas)  •  1.113 Visualizações

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  1. INTRODUÇÃO

Esse trabalho tem por finalidade fazer uma leitura crítica, correlacionando o documentário “Estamira” com a Questão Social e suas múltiplas expressões, onde foi possível observar nesse documentário algumas dessas expressões, tais como: miséria, violência urbana, desemprego e segurança pública.

Segundo Marilda Yamamoto (Relações Sociais e Serviço Social no Brasil, pág. 77; ano 1983), podemos entender a Questão Social como as contradições de uma sociedade baseada na relação capital versos trabalho e todas as desigualdades geradas são advindas dessas contradições.

O documentário conta a história real de uma senhora de 63 anos chamada Estamira, que sofre de distúrbios mentais. Que ao longo de sua vida sofreu todas as mazelas, advindas do modo de produção Capitalista.

Visto que, a protagonista desse documentário por ter “atestado” de loucura é incapacitada para o trabalho, tira seu sustento e sobrevivência de forma muito precária e sub-humana, trabalhando há anos no aterro sanitário de Jardim Gramacho, um local que recebe toneladas de resíduos produzidos do Rio de Janeiro. Local esse que também apresenta abandono e ausência por parte da sociedade e do Estado. Assim, Estamira pode ser considerada um exemplo vivo do descaso do Estado para com seus cidadãos.

  1. DESENVOLVIMENTO

O documentário se passava em um aterro sanitário, conhecido como “lixão do Jardim Gramacho”. Foi chocante vê além da quantidade exorbitante de lixo existente nesse local, homens, mulheres e crianças misturados a esse lixo, sem nenhuma assistência, total desordem, abandono e tristeza. Até por que se formos fazer uma análise pelo modo de produção capitalista, quem é produtivo e quem consome não está nesse local e sim os considerados os “sobrantes”, os “invisíveis”, que podem ser descartados como lixos.

 Logo, foi possível perceber através do documentário “Estamira”, como a nossa sociedade é perversa ao ponto de excluir os indivíduos, de modo que os classificam e os separam em grupos minoritários desta sociedade, vetando sua participação plena como ser social que têm direitos e deveres, tornando-os assim “invisíveis”. E tem como ideia central a loucura e a miséria, mas se fazendo presente também o desemprego e a falta de habitação digna, que são frutos da Questão Social e de suas múltiplas expressões e das desigualdades sociais.  

Desemprego esse que se dá de forma daqueles indivíduos que não tem a oportunidade de vender a sua força de trabalho. Ou seja, assim como Estamira que é tida como louca e incapaz de trabalhar por conta de sua loucura; existem outros como ela, que ainda assim conseguem encontrar condições de sobrevivência nos restos de lixos recolhidos dia a dia no aterro sanitário do Jardim Gramacho. Portanto, são automaticamente excluídos pela sociedade e considerados como população sobrante, que consiste naquela população que não tem nenhuma utilidade enquanto mão de obra, logo não se tem a ideia de acumulação para o sistema capitalista.

Como já foi mencionando anteriormente a Estamira é tida como louca para os médicos que acompanham seu caso e para alguns de seus filhos, mas a meu ver ela conhece a realidade perfeitamente, pois, tem uma capacidade impressionante de explicar todos os fenômenos naturais e humanos, muito melhor do que nós que somos considerados “normais”. Logo, entendo que viver todos as mazelas que o sistema capitalista produz é automaticamente viver uma construção social de desumanidades feita pelo próprio homem.

Observo com isso quão precários se encontram os postos de saúde, pelo fato dela sofrer distúrbios mentais e sendo medicada única e exclusivamente com a intensão de sedá-la, acalma-la e controla-la, ao invés de compreendê-la e prestar assistência familiar que é o mais essencial, pois eles vivem sem condições fisiológicas básicas para sobreviver.

Entretanto, esse documentário nos faz revelações importantes sobre a sociedade em que vivemos, pois, a mesma atua em conjunto ao modo de produção Capitalista vigente no nosso país. É de relevância destacar que o mesmo produz um indivíduo alienado tornando-o superficial, mas condizente a maioria. Ou seja, o indivíduo se torna “normal” dentro dos parâmetros estabelecidos pelo sistema capitalista, entretanto o mesmo representa a classe dominante. Onde é importante ressaltar que a classe dominante estar em menor número de pessoas, mas o que determina a maioria neste sistema é a quantia monetária que se possui cada sujeito.

Estamira é uma pessoa muito questionadora, é contra a alienação do homem, fazendo crítica a uma suposta sociedade de controle que tem uma estrutura para calar as vozes dos rebeldes, que clamam por atenção da esfera política que é o Estado, o mesmo que diz fazer o bem comum.

Apesar de sua vida ser difícil e ter que encarar essa realidade com muitos problemas, ela se realiza ao indagar a população mostrando a verdadeira sociedade em que mora, totalmente desumana.

Tornando-se uma lição de vida para todos nós cidadãos que somos alienados pelo sistema, que tem por objetivo comprar a força de trabalho dos indivíduos e dar troca um salário que não os proporcionam suas necessidades básicas, e depois os descartam como um objeto insignificante.

  1. A ATUAÇÃO DO ESTADO NA PROTEÇÃO DO CIDADÃO

O Estado tem a função de estabelecer políticas que atendam às necessidades dos indivíduos em sociedade, assim como é decretado na própria Constituição Federal do Brasil, datada de 1988, traz em seu corpo normativo a função do Estado no estabelecimento do bem-estar social.

O Art. 3º quando trata dos objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:

  1.  Construir uma sociedade livre, justa e solidaria;
  2.  Garantir o desenvolvimento nacional;
  3.  Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais;
  4.  Promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. (BRASIL; 1988)

Este artigo descrever exatamente tudo o que Estamira denuncia na sua realidade, o não cumprimento de todos os seus direitos que são assegurados desde de 1988 pela Constituição, mas a ausência do Estado na garantia desses direitos e em favor das prioridades do sistema capitalista.

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