Relação do filme "Estamira" com conceitos de saúde mental
Por: Beatriz Farrenberg • 1/5/2018 • Resenha • 337 Palavras (2 Páginas) • 663 Visualizações
“Estamira” é um filme documentário brasileiro de 2006 dirigido por Marcos Prado. Estamira é uma mulher de 63 anos que trabalhava no aterro sanitário Jardim Gramacho no Rio de Janeiro, que após vivenciar muito sofrimento foi diagnosticada com esquizofrenia. O documentário nos faz pensar na historicidade da loucura, numa sociedade fortemente marcada pela linguagem psiquiátrica, no desenvolvimento a partir de conceitos de normalidade e insanidade e o desprezo que se tem com os loucos.
O documentário transparece a vida ingrata que Estamira vivia no aterro a mais de 20 anos, embora tenha se identificado muito com o lixo. Marcada por um passado sofrido onde sofrera abuso sexual e fora forçada a se prostituir, sobrevieram de alucinações e melancolia. Ela foi diagnosticada com esquizofrenia: uma desestruturação psíquica que afeta a capacidade da pessoa de pensar, de sentir e de se comportar. Afetando, principalmente, sua capacidade de distinguir o real do imaginário. Indivíduos vistos como inaptos para a convivência social.
Em meio à ordem social a qual vivemos, para obter capital é preciso que o detentor dos meios de produção encontre um trabalhador livre que venda sua força de trabalho. Com isso, os indivíduos que não possuem a oportunidade de vender sua força de trabalho são excluídos dessa sociedade. Estamira é um desses indivíduos, foi diagnosticada como inapta e excluída do centro urbano para o abandonado pela sociedade, aterro de Gramacho. Estamira faz inúmeras criticas sobre questões da ordem social, indústria farmacêutica e até religiosidade demonstrando lucidez em seus discursos. Então, a análise psiquiátrica de que o doente mental não é capaz de produzir algo útil pra sociedade esta equivocada.
O documentário também mostra a precariedade dos postos de saúde e do desprezo com Estamira por ser doente mental e por ser catadora de lixo. Ela é medicada e controlada. Não tentam compreende-la e nem prestam assistência familiar. As políticas públicas praticadas pelo Estado são essenciais para abrandar as expressões da Questão Social, mas são ações conservadoras que não resolvem os problemas sociais e não dão acesso para todos a esses benefícios.
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