ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES INICIAIS POR MEIO DAS ENGENHOCAS DE SUCATA COMO ELEMENTOS DE MEDIAÇÃO

ESTRATÉGIAS DE ENSINO DA MATEMÁTICA NAS SÉRIES

INICIAIS POR MEIO DAS ENGENHOCAS DE SUCATA

COMO ELEMENTOS DE MEDIAÇÃO

Resumo :

Este relato de experiência ocorreu nos anos de 2010 e 2011, na Escola Classe Cachoeirinha, uma escola de zona rural da rede pública do Distrito Federal, pertencente à cidade de São Sebastião/DF. Esta instituição de ensino possui alunos das séries iniciais do ensino fundamental, cujo trabalho experimental foi realizado especificamente com as turmas dos 2º. e 3º. anos.

Professores e professoras regentes preocupados com os baixos rendimentos dos alunos, sugeriram a criação de um momento para o reforço escolar com grupos de alunos em dificuldades na aprendizagem da matemática. Para não recair em situações semelhantes às promovidas em sala de aula, ou seja, um ensino baseado no quadro e giz com teorias e exercícios tradicionais, surgiu a idéia de ensinar matemática por meio de material reciclado, de fácil aquisição dos alunos.

No olhar dos alunos a manipulação destes materiais reciclados, lembravam jogos e brincadeiras o que facilitou a compreensão e interpretação dos conteúdos ensinados. Essas novas ferramentas didáticas – as engenhocas de sucata – motivaram os alunos promovendo a aprendizagem da matemática.

Esta iniciativa também motivou novos olhares para uma Educação Ambiental, com a coleta de materiais reciclados, criou-se vínculos com o meio ambiente escolar e familiar, emergindo uma preocupação com a qualidade de vida presente e futura.

Palavras-chave: ferramentas didáticas , construção do conhecimento,

engenhocas de sucata.

Autor : Luiz Gonzaga Lapa Júnior

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I – Introdução

Desde o ano de 2009 a Escola Classe Cachoeirinha – escola da rede pública de ensino do Distrito Federal – é optante do programa Educação Integral, cujas atividades complementares são desenvolvidas no contra turno das atividades escolares.

No ano de 2010, o corpo docente, juntamente com a equipe gestora, propõe a criação de um espaço para o desenvolvimento de um reforço escolar em matemática para os discentes, visto haver um grande percentual de alunos com dificuldades no aprendizado deste componente. Atividade esta que tem como objetivo minimizar o déficit no aprendizado em matemática.

O grande desafio foi pensar em como ensinar a matemática escolar para esses alunos sem cometer os mesmos erros didáticos dos professores no tempo regular. Pensando em criar novas estratégias para ensinar matemática diferenciando das práticas do quotidiano em sala de aula, surgiram as “engenhocas de sucata” – ferramentas didáticas construídas artesanalmente com material reciclado.

II – Contexto da situação

A Escola Classe Cachoeirinha é uma instituição educacional da rede pública do Distrito Federal, ofertando as séries iniciais do ensino fundamental e situa-se na zona rural da cidade de São Sebastião/DF, cujos alunos são filhos de lavradores, caseiros, roceiros e sem terras da Região Agrícola de São Sebastião do Distrito Federal. Muitos desses alunos chegam às salas de aula sem a escolarização necessária para a etapa de ensino matriculado fortalecendo os baixos índices de aprendizagem e os altos índices de evasão escolar ou repetência.

A necessidade por esta atividade – reforço escolar em matemática – foi detectada pelos professores regentes devido aos baixos rendimentos apresentados pelos alunos no período letivo de 2010 e 2011, bem como pelos resultados insatisfatórios obtidos nas últimas avaliações educacionais internas e externas do Sistema de Ensino do Distrito Federal. Muitos alunos apresentavam dificuldades na compreensão, interpretação e nas operações básicas de aritmética.

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A Escola Classe Cachoeirinha não possui recursos financeiros suficientes para investir em materiais didáticos diversificados, portanto, a criação de materiais didáticos pedagógicos de forma artesanal se fez emergente e presente nos espaços e tempos da Educação Integral.

Estudos demonstram que trabalhar com materiais concretos é um modo de construir “realidades” na mente da criança. Weiss (1997) diz que “brincando, a criança desenvolve seu lado emocional e afetivo bem como algumas áreas do domínio cognitivo, tais como a capacidade de síntese, o jogo simbólico, etc”.

O mesmo autor explica o que seja “sucata”:

O brinquedo/sucata é assim denominado por tratar-se de um objeto construído artesanalmente, com diversos motivos, como madeira, lata, borracha, papelão, arame e outros recursos extraídos do cotidiano. É o resultado de um trabalho de transformação, de reaproveitamento. Assim como a própria colagem, ele surge da junção de materiais diversificados e, uma vez extraídos do seu contexto original, se transforma.” (WEISS, 1997, p. 38)

Estes alunos pertencem à uma comunidade de zona rural, e nem todos tinham consciência da necessidade em reciclar materiais, em reaproveitar “lixo” doméstico ou em reutilizar materiais tendo em vista a construção de relações ambientalmente justas com a natureza e entre eles próprios. O hábito em reciclar materiais visa construir “novas maneiras de os grupos sociais se relacionarem com o meio ambiente, surgindo preocupações com o futuro da vida e com a qualidade da existência das presentes e futuras gerações” (CARVALHO, 2011, p.51).

Com o olhar para uma prática de conscientização com os recursos naturais e o hábito com uma educação ambiental, as engenhocas de sucata se prestaram como exemplos possíveis na formação de um sujeito ecológico.

III – As Engenhocas de Sucata

Materiais didáticos pedagógicos construídos a partir de material reciclado, ou seja, sucata recolhida pelos alunos foram os objetos de pesquisa e construção deste relato de experiência. Para um melhor entendimento neste relato, recorro a Ferreira (2001, p.289) que cita o termo “engenhoca” como algum aparelho de fácil invenção.

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O reforço escolar em matemática ocorreu com o uso dessas engenhocas de sucata, construídas artesanalmente e que na visão do aluno funcionavam como atividade lúdica provocando interesse e despertando a curiosidade pelas descobertas. Por ser uma atividade complementar e diferenciada das atividades