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Por:   •  18/3/2015  •  5.975 Palavras (24 Páginas)  •  244 Visualizações

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A ESCOLA E A EXCLUSÃO

FRANÇOIS DUBET

École des Hautes Études en Sciences Sociales – Cadis

Université Victor Segalen 2 – Bordeaux

francois.dube@sociologie.u-bordeaux2.fr

Tradução: Neide Luzia de Rezende

RESUMO

Para abordar com serenidade as relações entre educação e exclusão importa primeiro distinguir

o que depende da exclusão social e de seus efeitos na escola, da exclusão escolar propriamente

dita. A situação atual é, sem dúvida, definida pelo reforço dos processos sociais de

exclusão com o aumento das desigualdades e do desemprego. Entretanto, o fenômeno mais

marcante e mais paradoxal é o desenvolvimento da exclusão escolar propriamente dita, como

conseqüência de uma vontade de interrogação inigualada. Quanto mais a escola intensifica o

seu raio de ação, mais ela exclui, apesar das políticas que visam a atenuar esse fenômeno.

Nesse contexto, a exclusão não é apenas uma categoria do sistema e dos processos globais,

é também uma das dimensões da experiência escolar dos alunos.

EDUCAÇÃO – PROCESSO DE INTERAÇÃO SOCIAL – EXCLUSÃO SOCIAL

ABSTRACT

SCHOOLS AND EXCLUSION. In order to treat in an unbiased way the relationship between

education and exclusion we first of all have to distinguish between what specifically concerns

social exclusion and its resulting effects on school life, and exclusion strictly speaking at school.

The present day situation is undoubtedly by the social process of exclusion being reinforced

by the rise in inequalities due to unemployment. However the most striking and paradoxical

phenomenon is the development of exclusion strictly speaking as a consequence of a

determined unprecedented questioning of schools. The more schools develop their

ascendancy the more they exclude, in spite of policies which try to attenuate the phenomenon.

In this context exclusion is not simply a category of the system and global processes, but also

one of the dimensions of pupils’ experience of schooling.

EDUCATION – INTERACTION PROCESS – SOCIAL EXCLUSION

Este artigo foi publicado originalmente em francês na revista Éducation et Sociétés, n.5, p.43-57,

2000/2001.

p. 29-45, julho/ 2003

30 Cadernos de Pesquisa, n. 119, julho/ 2003

O tema da escola e da exclusão não é dos mais simples quando evitamos facilidades

como a de nos restringir à indignação moral ou à longa descrição das dificuldades

encontradas pelos alunos excluídos da escola ou originários de meios já “excluídos”.

O tema, de fato, remete a toda uma série de problemas que é importante

distinguir se quisermos ver a questão de um modo um pouco mais claro e não ceder

à moda que busca explicar a exclusão por meio das idéias mais consolidadas sobre a

desigualdade das oportunidades escolares. Vários problemas serão aqui abordados.

• O primeiro deles é o lugar da escola numa estrutura social perpassada pelos

mecanismos de exclusão. É importante saber o que se refere à sociedade e

o que se refere à escola. Ou seja, qual é o lugar da escola numa estrutura

social que desenvolve processos de exclusão?

• O segundo tipo de problemas concerne à análise dos mecanismos propriamente

escolares que engendram uma segmentação escolar, determinante

na formação dos percursos de exclusão.

• Pode-se, por fim, evocar as conseqüências dessa mutação estrutural sobre a

natureza das próprias experiências escolares, a dos professores e a dos alunos.

Na verdade, esses três tipos de problemas se aliam na construção de um

objeto muitas vezes reduzido à simples descrição das dificuldades sociais e escolares

do público em “dificuldade”, que também é um público “difícil”.

DA EXCLUSÃO SOCIAL À EXCLUSÃO ESCOLAR:

Um processo duplo

Somos geralmente confrontados com duas retóricas ideológicas que pontuam

o debate sobre a escola e a exclusão.

Para uns, o desemprego e a precariedade dos jovens advêm da falta de adequação

entre formação e emprego. A escola produziria uma formação não adaptada

às necessidades da economia, produziria muitos diplomas de ensino geral e

também diplomas responsáveis por introduzir uma rigidez nociva ao acesso dos

jovens ao emprego. Geralmente, essa argumentação se baseia em algumas idéias

simples ou na idealização do modelo alemão de formação profissional. Repousa

também, às vezes, sobre um estranho silogismo que “demonstra”: já que todos os

jovens egressos das grandes escolas* ou dos cursos superiores têm um emprego,

* Escolas de nível superior de grande prestígio na França, cujo acesso é feito por exame vestibular

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