Expedição Amazônia (1982-1983), De Jacques-Yves Cousteau: Produtos De Uma Cultura De mídia
Casos: Expedição Amazônia (1982-1983), De Jacques-Yves Cousteau: Produtos De Uma Cultura De mídia. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Lisihistoriadora • 21/4/2014 • 1.444 Palavras (6 Páginas) • 564 Visualizações
Abstract: The Mission Amazon (1982-1983), that documented the biodiversity of the Brazilian Amazon Region had produced discourses that combined preservation, conservation, and developmentalism. This mission was organized by the French diver Jacques Cousteau and his crew. The expedition took place in the final period of the last Brazilian military government, from 1964 to 1985, and represented the largest scientific mission in the region, reported in books, movies, and television with international scope. This undergraduate research work is in an intermediate phase, has sought to discuss the data of Mission Amazon through an environmental history point-of-view.
Keywords: Amazon Forest, Media, Jacques-Yves Cousteau.
completo
A expedição Amazônia (1982-1983), que documentou a biodiversidade da Amazônia Brasileira a partir de discursos que mesclavam de forma ambígua preservação, conservação, pastoral e desenvolvimento foi um projeto organizado pelo mergulhador francês Jacques Cousteau e sua equipe. A expedição ocorreu no período final do último regime militar que vigorou no Brasil, de 1964 a 1985, e representou a maior incursão cientifica já documentada na região, tendo gerado livros, filmes, reportagens de revistas e de televisão com abrangência internacional. Este trabalho de Iniciação Científica, em fase intermediária, tem buscado discutir os dados sobre a expedição Amazônia e sua relação com um país envolto pela ideia de desenvolvimentismo, mas que convivia tensamente com concepções conservacionistas sobre a Amazônia como bioma ameaçado. Até o momento, foram encontrados na revista Veja, discursos que indicam que a expedição, ao revelar “maravilhas” sobre o bioma amazônico, tais como espécies de animais marinhos, insetos, e plantas , gerou interpretações diversas, desde as que denunciavam a exploração predatória do bioma, até aquelas que buscavam conciliar desenvolvimento com preservação e mover a economia na Amazônia sem destruir a natureza
1 Introdução
Em Junho de 1982, o oceanógrafo francês Jacques-Yves Cousteau (com 72 anos de idade), mergulhador e pesquisador renomado da vida marinha chega à Amazônia brasileira para uma expedição que ele mesmo considerou um desafio para sua vida (Veja 9 jun. 1982). Cousteau empreenderia sua expedição a bordo do navio Calypso, acompanhado de outra embarcação dotada de laboratório de fotografia, um hidroavião e um caminhão anfíbio desenhado para a expedição.
A Expedição Amazônia (1982-1983) era composta, ainda, por quatro equipes que buscavam explorar a floresta amazônica, caracterizando a maior incursão científica documentada na região. Como resultados, a expedição gerou grande acervo de fotos, de vídeos, matérias de revistas e jornais com abrangência internacional, muitas reportagens que documentaram a biodiversidade da Amazônia, e discursos que mesclavam as ansiedades da década de 1980 com relação à temática ambiental em nível global, com o ideal desenvolvimentista do governo militar brasileiro.
A expedição ocorreu durante os últimos anos do regime militar que vigorou no Brasil (1964-1985). Naquele período, eram impostos projetos de desenvolvimento que tinham como base a predação da natureza, e o governo militar esforçava-se, a todo custo e orientado pela doutrina de segurança nacional e soberania, ocupar a Amazônia para “não entregá-la” a potências externas.
Para entender o desenvolvimentismo e como ele afetava a Amazônia, é necessário entender o ethos desenvolvimentista, que esteve muito bem talhado pelo governo brasileiro desde a conferência de Estocolmo, de 1972, sobre meio ambiente, capitaneada pela Organização das Nações Unidas (ONU). Warren Dean (1996) lembra que o Brasil, mesmo acuado naquela cúpula, sempre reagiu com arrogância frente aos problemas ambientais que enfrentava, tanto no que tange ao desflorestamento, quando à poluição urbana (DEAN, 1996, p.307).
A viagem de Cousteau ocorria, em certa medida, num momento de eco dessa arrogância, ainda que o país vivenciasse crises econômicas e que a preocupação ambiental ainda estivesse alicerçando suas estratégias no Brasil. É claro que é a partir dos anos 1980 que se começa a colocar em prática algumas ideias conservacionistas no país, porém é incoerente pensar em se preservar a Amazônia em um momento em que a industrialização imposta pelo regime militar era muito forte e influente.
Parece incoerente um governo com pensamento desenvolvimentista baseado na máxima exploração da natureza autorizar uma expedição científica em um ambiente que, no momento, não estaria sendo preservado e que era exemplo de “biodiversidade”. Porém, foi nesse contexto que a expedição de Jacques Cousteau entrou na Amazônia brasileira, financiada por vários países. Pensar em melhores condições sociais envolvendo preservação era um desafio entre o contexto de industrialização, porém havia nesse momento maiores possibilidades de justificar a presença de Jacques Cousteau na região.
A mídia utilizou produtos resultantes da expedição, tais como vídeos, filmes e matérias de revistas e jornais para adentrar no imaginário da população brasileira sobre a Amazônia como um bioma em ameaça. Esses produtos serviram para pensar em preservar, porém em uma era de industrialização e de máxima exploração do mundo natural considerado em termos desenvolvimentistas, isso não seria tão fácil. Nesse sentido, esta pesquisa de iniciação científica, em fase intermediária, busca discutir os dados resultantes da expedição Amazônia como um bioma em ameaça em relação à ideia desenvolvimentista e de máxima exploração da natureza.
2 Metodologia
A História Ambiental é uma área específica da História. Nessa perspectiva é cabível utilizar o ambiente não somente do ponto de vista humano e sim a relação entre ambos. Donald Worster ressalta que desde o século XIX, a sociedade adentrou uma “Era da Ecologia”. Haja vista que a preocupação com ecologia pode não ser tão recente, é necessário
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