GEOGRAFIA DOS GRANDES ESPAÇOS MUNDIAIS
Por: Andresa Wendt • 2/1/2017 • Projeto de pesquisa • 17.102 Palavras (69 Páginas) • 718 Visualizações
[pic 1] UNIVERSIDADE DO PORTO
FACULDADE DE LETRAS
DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA
GEOGRAFIA DOS GRANDES ESPAÇOS MUNDIAIS
Docentes: Carlos Valdir de Meneses Bateira e Maria Helena Mesquita Pina
A DESINDUSTRIALIZAÇÃO BRASILEIRA
Da abertura comercial ao crescimento econômico chinês
Andresa Catarina Wendt[1]
RESUMO: Este trabalho trata sobre o processo de desindustrialização que vem acontecendo no Brasil. Pretende-se ilustrar um panorama geral das causas e efeitos desse processo, e como o processo de expansão chinesa no mercado internacional tem interferência, direita ou indireta, nesse. O trabalho analisa desde os acontecimentos de abertura comercial em 1990 até a contemporaneidade, ilustrando com casos concretos o processo de perda de importância que a indústria vem apresentando na soma do produto brasileira. Por fim, são mencionadas algumas estratégias, que conforme a visão do autor são importantes soluções para mitigar o retrocesso na pauta de produção brasileira.
Palavras-chave: Abertura Comercial, Desindustrialização, Brasil, Crescimento Chinês e Bens Primários.
PORTO
2016
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Distribuição da Corrente de Comércio do Brasil (%) entre 1998 e 2008.................14
Gráfico 2 – Crescimento de Alguns Países em PIB Real (%) de 2008 a 2011............................18
Gráfico 3 – PIB Nominal Brasileiro (milhares de milhões de dólares) em 2014.........................20
Gráfico 4 – Comparativo das Exportações Brasileiras para a China em Relação ao Resto do Mundo (milhões de dólares correntes) no período de 2000 – 2012.............................................22
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Coeficiente Importação/Produção brasileira de 1989 – 1998 ....................................10
Tabela 2 – Coeficiente Exportação/Produção brasileira de 1989 – 1998 ....................................11
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
5
2 DESINDUSTRIALIZAÇÃO: DA CONCEITUALIZAÇÃO AO DEBATE TEÓRICO
6
2.1 Abertura comercial brasileira
8
2.2 O caso concreto da indústria automobilística brasileira
11
2.3 Integração comercial
14
3 CRESCIMENTO CHINÊS E DEMANDA PRIMÁRIA
16
3.1 Inserção da China no mercado internacional
18
3.2 Comércio bilateral Brasil – China e seus impactos
20
4 REPRIMARIZAÇÃO DA PAUTA DE EXPORTAÇÃO
23
4.1 Impactos ambientais e sociais da especialização em commodities
24
5 PERSPECTIVA FUTURISTA ACERCA DO CASO BRASILEIRO
26
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
28
7 REFERÊNCIAS
29
ANEXO I - Fichas de leituras
1 INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, o cenário econômico brasileiro tem sido alvo de discussões acerca do processo de desindustrialização pelo qual o mesmo vem passando. Diversas correntes econômicas debatem o que realmente acontece com a indústria no Brasil. De um lado os economistas ortodoxos acreditam que não há relação direta entre taxa de câmbio e perda da importância relativa da indústria na geração total de emprego, sendo o fenômeno da desindustrialização resultante do processo de políticas macroeconômicas. Por outro lado, situam-se os economistas heterodoxos que acreditam que o investimento na indústria pesada é o fator essencial de crescimento da economia, e no Brasil o processo que acontece, é o processo da “doença holandesa” que direciona s setores econômicos a desindustrialização.
O processo de desindustrialização brasileira pode ser analisado a partir da política de abertura comercial brasileira, que propiciou a economia do país, um cenário de grande competição externa. Os produtos brasileiros foram colocados no mercado juntamente com produtos estrangeiros, o que impunha ao setor industrial uma necessidade de melhora da qualidade dos produtos. O caso da indústria automobilística tem destaque no que tange os impactos da abertura comercial no setor industriário, ilustrando os prós e contras da liberalização. Outra consequência da política liberalizante concerne no fato da integração comercial brasileira que se dá a nível regional e global. A globalização de fato está presente na integração pela qual o Brasil passa, e é representada através da integração comercial que o país possui majoritariamente com Ásia e países que integram o Mercosul. Esse intercâmbio permite maior dinamismo e benefício mútuo aos países participantes.
Outro ator importante nesse cenário é a China. Essa nação nos últimos anos vem intensificando seu crescimento de forma a tornar-se uma das maiores economias do mundo. Esta intensificou sua estratégia de desenvolvimento interno, por meio do fomento a tecnologia e a inovação, posicionando-se como um grande vetor no comércio internacional, tanto como exportadora – de bens de média e alta tecnologia – como de importadora – de commodities. O crescimento chinês e a expansão da exportação dos seus produtos manufaturados pressionaram para baixo o preço destes últimos no mercado internacional, fazendo com que seus produtos ganhassem mercado, bem como pressionou para cima o preço das commodities, devido a grande demanda por estas. A abundância de recursos naturais no território brasileiro, somado ao fato da alta no preço dos bens primários no mercado internacional, direcionou os setores econômicos do país para a especialização na produção de commodities[2], fator que representa a reprimarização da pauta exportadora brasileira. Todavia, há no processo de especialização em produtos da cadeia primária de produção, consequências de ordem econômica, ambiental e social.
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