HISTÓRIA CULTURAL E TREINAMENTO DA HISTÓRIA: USO JORNANTES NA CLASSE
Tese: HISTÓRIA CULTURAL E TREINAMENTO DA HISTÓRIA: USO JORNANTES NA CLASSE. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: Diazcavaleira • 16/5/2014 • Tese • 3.856 Palavras (16 Páginas) • 303 Visualizações
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HISTÓRIA CULTURAL E ENSINO DE HISTÓRIA: USOS DE
JORNAIS EM SALA DE AULA
Manuelle Araújo da Silva∗
João Ernani Furtado Filho (Orientador)∗∗
Os jornais estão longe de pertencer a um grupo homogêneo. Existem sempre
pontos díspares relativos a aspectos, implícitos ou não, entre os mais variados
periódicos. Assim, ao trabalhar com jornais, é preciso que se desfaça de qualquer
ingenuidade ao lidar com os seus frequentes discursos de objetividade e imparcialidade
no ato de “dar” a informação. Essa estratégia discursiva visa se aproximar da ideia de
transmissão da totalidade e se afastar da fragmentação e do processo seletivo, que há em
relação ao que se noticia e como se noticia.
Tendo em vista essas premissas, este trabalho busca refletir acerca das
possibilidades de abordagem de jornais como fontes historiográficas em sala de aula,
tendo como objeto de pesquisa o ensino de História e o uso da pesquisa nele. Em
relação aos aspectos metodológicos, foi importante investigar, em um primeiro
momento, como é feita essa recomendação de utilizações de jornais pelos “documentos
oficiais” da Educação, em suas orientações relativas ao ensino de História, como os
∗ Graduanda do curso de História pela Universidade Federal do Ceará.
∗∗ Professor efetivo, Adjunto III, do Departamento de História da Universidade Federal do Ceará (UFC).
VI Simpósio Nacional de História Cultural
Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Teresina-PI
ISBN: 978-85-98711-10-2
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Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), do terceiro e quarto ciclos do Ensino
Fundamental II, e o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), que se baseiam nos
princípios definidos pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei nº 9.394, de 20 de
dezembro de 1996). Já em um segundo momento, o objetivo foi investigar se essa
inserção de jornais nessa perspectiva é uma discussão presente em atuais livros
didáticos e, no caso de sê-lo, centrar-se no modo de abordagem empregado e na maneira
de utilização, objetivando interpretá-los em seus focos e opacidades. Para isso, foram
selecionadas duas coleções adotadas em escolas públicas e particulares de Fortaleza, do
6º ao 9º ano. São elas: “História, Sociedade e Cidadania”, que tem como autor Alfredo
Boulos Júnior1 e “História em Documento - Imagem e Texto”, de Joelza Ester
Domingues Rodrigues2. Além disso, é visado discutir problemáticas centrais ao tema,
direcionando os debates, por fim, para estudos de caso. Em suma, trata-se de mapear as
possibilidades de abordagem de jornais em sala de aula.
Como dito inicialmente, não se pode analisar os jornais na lógica da
naturalização, visto que eles não cobrem a realidade e que realizam um processo
seletivo. Vejamos os slogans dos seguintes jornais: Folha de São Paulo – “Um Jornal a
Serviço do Brasil”, Correio Brasiliense – “Você à frente de tudo” ou mesmo na
chamada de acesso ao portal de notícias on line do jornal O Globo – “A fonte de
informação mais completa do Brasil”. Observa-se, a partir da forma como o jornal se
anuncia, uma estratégia discursiva mais próxima da ideia de totalidade, da mitologia do
“dar” a notícia, em que os interesses mercadológicos estão camuflados.
Observemos também, uma breve explanação geral sobre os seguintes jornais:
O Globo e Brasil de Fato. O primeiro tem 87 anos desde a sua fundação, integra as
Organizações Globo, é de orientação conservadora e tem periodicidade diária. O
segundo foi criado em 2003 por movimentos populares, como o MST - Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra e a Via Campesina, sua orientação é de esquerda, no
sentido de que noticia os fatos sob o ponto de vista da necessidade de transformações
sociais no país, e tem periodicidade semanal.
1 Mestre em História Social pela USP, Doutor em Educação pela PUC-SP. Lecionou no ensino
fundamental da rede pública e particular e em cursinhos pré-vestibulares.
2 Bacharel em História pela FFLCH-USP, Licenciada em História pela Faculdade de Educação – USP,
Mestre em História Social pela PUC-SP.
VI Simpósio Nacional de História Cultural
Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar
Universidade Federal do Piauí – UFPI
Teresina-PI
ISBN: 978-85-98711-10-2
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Seguindo esse raciocínio, o Brasil de Fato não se detém a informar o público
acerca de notícias das ditas celebridades, por exemplo. Já o jornal O Globo dedica
várias
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