Invasões Barbaras
Por: Gleuda • 8/6/2015 • Relatório de pesquisa • 637 Palavras (3 Páginas) • 208 Visualizações
FILME: INVASÕES BARBARAS - 2003
O filme escolhido para análise foi “Invasões Bárbaras” de 2003, dirigido por Denys Arcand, que conta a história de Rémy, um professor universitário do Canadá, que tem câncer em estágio terminal.
A história apresenta várias contradições da sociedade capitalista, caracterizadas por mudanças significativas da pós-modernidade. E ainda a difícil relação familiar entre o protagonista, sua ex-esposa e os filhos.
Retrata conflitos de gerações diferentes. Como o próprio Rémy se define no filme, sendo socialista convicto, que lutou pela estatização do sistema de saúde, e ao ser internado num hospital público de condições precárias, com corredores superlotados, percebe que é vítima de seus ideais, vivendo na própria pele a decadência da assistência pública. Porém, mesmo diante destes conflitos, prefere permanecer fiel aos seus ideais e recusa transferência para um hospital nos Estados Unidos.
Seu filho, Sebastien, capitalista bem sucedido, entra em choque com o pai, pois sua visão do mundo é antagônica à dele. Ele caracteriza o capitalismo consumista e a invasão do cotidiano pela tecnologia, a necessidade de ter, mesmo que através do poder e do dinheiro. É um homem de sucesso, mas extremamente conservador, como seu pai o descreve.
Com recurso financeiro, Sebastien distribui dinheiro para conseguir proporcionar mais conforto ao pai. Suborna a diretora para conseguir um quarto individual, também o sindicato dos trabalhadores do hospital para estruturar o local. Paga ainda, um valor alto para a realização de um exame de precisão, suborna a visita de três ex-alunos do pai, para fingirem a falta do professor. Esse contexto nos mostra claramente a precarização do serviço público, a corrupção de administradores do sistema, e a falência do que teria que ser Estado de Bem Social.
O filme nos mostra o tempo todo, que Sebastien acha que com dinheiro pode conseguir tudo que quer.
Podemos identificar também, a exposição do ambiente da pós-modernidade e do surgimento do capitalismo tardio de consumo, dominado pela tecnologia da informação e comunicação. Claramente exemplificado através do trabalho de Sebastien, que necessita de computadores, internet e telefone, e mesmo longe do trabalho, utiliza esta tecnologia para continuar comandando os negócios. Essa identidade baseada no consumo faz com que seu pai o defina como um capitalista ambicioso e puritano.
Além do conflito de gerações. Podemos identificar as transformações de tempos históricos diferentes. Seja relacionado aos problemas sociais, o estranhamento entre as inovações tecnológicas de uma geração para outra, ou ainda, pelo papel central e regulador do dinheiro.
Enquanto o pai não consegue se adaptar às transformações ocorridas; o filho não tem a dimensão das relações humanas, preso às funções da tecnologia e do mercado financeiro. O filho precisa se tornar um ser melhor, no que diz respeito as relações sociais, e o pai entender a importância do dinheiro no mundo em que vivemos.
No momento em que Sebastien consegue reunir os amigos de seu pai, ele passa a entender melhor a história de vida dele.
Identificamos ainda, o relacionamento familiar cheio de ressentimentos e separações.
A desmistificação da igreja, uma vez que Rémy deixa claro seu descrédito na religião, em vários diálogos com a missionária que realiza visitas no hospital.
A falência da polícia no momento em que o filho parte para a compra de heroína numa forma de amenizar o sofrimento do pai, o que traz à tona a questão da discriminação das drogas e a corrupção da polícia local; bem como a questão da eutanásia que o filme aborda de uma maneira sensível e trás uma reflexão sobre o assunto: Qual o direito que temos e exercemos sobre nossa própria vida??
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