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Medição pedagógica

Projeto de pesquisa: Medição pedagógica. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  21/10/2014  •  Projeto de pesquisa  •  2.540 Palavras (11 Páginas)  •  186 Visualizações

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Sumário:

1. As Feiras de Ciências de décadas passadas e a retomada atual. Características fundamentais e demandas atuais por novas diretrizes.

2. Novas diretrizes para as Feiras de Ciências escolares. A dimensão pedagógica; novos valores: aspectos afetivos, lúdicos, sociais, tecnológicos; o papel da realidade: convivência com a matéria e o tempo.

3. A proposta desenvolvida nas mostras de ciência e tecnologia do CEFET-MG: a quádrupla classificação de trabalhos apresentados (Didáticos, Construtivos, de Investigação e Softwares).

4. A proposta de J.Wellington: Saber que; Saber como; Saber porque. Possibilidades dessa classificação nas feiras escolares. O resgate da “ciência popular” e a utilização de novos recursos.

“Quando a razão se junta à natureza e se confunde com ela, forma-se a prática”.

R. Tagore

O pensamento em epígrafe, de Rabindranath Tagore, expressa, a nosso ver, uma das perspectivas fundamentais da realização das atividades do tipo das feiras de ciências, onde os alunos têm a oportunidade de desenvolver habilidades importantes decorrentes da conjunção entre essas duas dimensões básicas do conhecimento: a teoria (junto à razão) e a experimentação junto ao fenômeno real da natureza.

No Brasil, como sabemos, a dimensão prática do conhecimento tem permanecido, historicamente, em segundo plano. Este fato chega a ser uma característica geral da educação brasileira. A realização das feiras de ciências constitui, desse modo, uma contribuição importante para atenuar, e quem sabe ajudar a corrigir, essa lacuna lastimável.

Contudo, as feiras de ciências sofrem os riscos daquela tendência de menor valorização do aspecto experimental que deve estar contido na educação e no ensino das ciências, em geral. Daí a necessidade de ampararmos as feiras com uma orientação pedagógica que se torne cada dia mais consciente, mais refletida e melhor fundamentada. Daí a necessidade, a nosso ver, da realização de debates, encontros entre professores, cursos, estudos, que visem a instrumentalizar o professor e o sistema de ensino, em geral, com fundamentos conceituais crescentes, buscando a construção de novas metodologias que enriqueçam cada vez mais as feiras de ciências e os seus resultados junto às escolas e, principalmente, junto aos alunos.

As feiras de ciências foram estabelecidas formalmente no Brasil a partir da década de 60, quando da criação, pelo MEC, dos chamados Centros de Ensino de Ciências, em diversas capitais brasileiras, como o CECIMIG, em Belo Horizonte. Neste ano, esses Centros estão comemorando 30 anos de existência. Em Minas Gerais, o CECIMIG promoveu, em conjunto com a Secretaria Estadual de Educação, 16 (dezesseis) feiras estaduais de ciências, no período de 1969 a 1984.

Prevalecia, então, a concepção de um ensino de ciências com a ênfase no “processo de investigação científica”; o arquétipo básico era a imagem do “homem de ciência”. A questão crucial das feiras era “... possibilitar ao aluno a vivência do processo de investigação científica e a compreensão da sua importância... buscando-se contribuir para a formação do espírito científico do aluno” ( ). Com um forte empenho nessa direção, e com as dificuldades naturais de se realizar isto junto aos alunos e aos professores, acabou-se estereotipando-se os chamados “passos” ou “etapas” do propalado “método científico”, como: a observação do fenômeno, a formulação e o teste de hipóteses, a coleta, classificação e análise de dados e a conclusão da experiência. Nas feiras, os alunos pareciam, muitas vezes, treinados em “recitar” esses “passos” durante a exposição de seus trabalhos. Se a “preocupação com o processo” não aparecia explicitamente, ocorria apreensão por parte dos organizadores e dos avaliadores dos trabalhos (Op.Cit.1).

Contudo, a despeito de toda a ênfase e toda a tentativa voltada para a aplicação do método científico de investigação, a tendência natural dos alunos (apontada nos relatórios de avaliação das feiras) sempre se voltava para a “demonstração e valorização dos resultados do conhecimento científico”. Na época, eventualmente surgiam, entre professores envolvidos no processo, as questões: por que não poderia ser esta uma dimensão importante a ser considerada na orientação dos trabalhos dos alunos? Alunos que se dispusessem, por exemplo, a construir (reproduzir) um modelo de um motor elétrico, não poderiam ser incentivados a fazê-lo tendo como perspectiva o estudo e a apresentação para o público dos princípios científicos em que se baseia a referida construção? (Considerando que antes de “explicar para o público” os alunos teriam que primeiro entender o conteúdo do trabalho, teríamos aí um grande significado pedagógico para o trabalho realizado). Entretanto, essa dimensão não pôde ser considerada naqueles momentos.

Possivelmente, em decorrência da conjunção de diversos fatores e dificuldades, conceituais, históricas e de implementação, as feiras de ciências perderam ímpeto e chegaram a ser desativadas em diversas instâncias. As dúvidas sobre um ensino das ciências com a “ênfase no processo”, ao lado de um movimento em curso de reflexão crítica sobre o chamado “método científico” e o próprio saber científico, em suas relações com a produção tecnológica e os problemas ambientais e da sociedade, contribuíram, para retirar o apelo que existia oficial e explicitamente para justificar e sustentar a realização das feiras de ciências.

Entretanto, e podemos dizer felizmente, por volta do final da década passada e início da atual, podemos identificar uma retomada geral das feiras e exposições de ciências e tecnologia, mas desta vez com novos apelos e novas demandas.

Podemos identificar uma relação direta entre essa retomada das feiras de ciências com um movimento, de âmbito internacional, de incentivo a exposições, mostras, feiras e museus interativos de ciências e tecnologia que se define a partir desse momento. Esse movimento (no auge nos países chamados do 1º mundo e chegando gradativamente ao Brasil) acha-se ligado às propostas de incentivo às atividades dos tipos para-escolares e da denominada “educação informal”. Um dos fundamentos para esse movimento está ligado aos propósitos de se “educar o cidadão”, independentemente de ele estar ou não na escola, visando-se a aumentar a sua cultura (alfabetização) científica e tecnológica, necessária para uma vida mais proveitosa, mais consciente

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