O Trabalho Netto
Por: bebel1 • 16/4/2021 • Trabalho acadêmico • 471 Palavras (2 Páginas) • 158 Visualizações
O diálogo entre setores do Serviço Social e a tradição marxista se configura a partir da década de 60, e envolvendo diferentes segmentos profissionais (notadamente docentes) em algumas áreas capitalistas desenvolvidas (América do Norte, Europa Ocidental) e em muitas áreas capitalistas periféricas (com especial destaque para a América Latina), na intercorrência de três fenômenos: a crise do Serviço Social tradicional, a pressão exercida pelos movimentos revolucionários e a rebelião estudantil. A inépcia dos padrões profissionais consagrados pela tradição, bem como de suas referências ideais, em face de processos de precipitação e efervescência sociais emergentes deflagrou um movimento de politização que vinculou os outros dois fenômenos arrolados, redimensionando os influxos que provinham das correntes “críticas” das chamadas ciências sociais.
A partir da década de 60, o Serviço Social passa a dialogar com a tradição marxista, pautado por três acontecimentos: a crise do Serviço Social tradicional, a pressão dos movimentos revolucionários e a rebelião estudantil. Diante do contexto social e da ineficiência dos padrões profissionais tradicionais, desencadeou-se um movimento de politização que redimensionou as influências da crítica presente nas ciências sociais. Com base nesse cenário, pode-se observar uma aproximação de setores do Serviço Social à tradição marxista, que se deu através de exigências teóricas muito reduzidas e seletivas, determinada menos pela relevância da sua contribuição crítico-analítica do que pela sua vinculação a determinadas perspectivas prático-políticas e organizacional-partidárias. Essa aproximação não se consolidou com base nos clássicos da tradição marxista, mas a divulgações de terceiros e outros manuais com qualidade inferior e alvo de discussões. Percebe-se que, foi uma aproximação enviesada derivada do contexto político, do ecletismo teórico e da ausência e desconhecimento das fontes consideradas clássicas.
Nestas condições – e sem questionar o aspecto, na minha avaliação, positivo e progressista contido nesta aproximação -, não há por que estranhar o frágil saldo teórico-analítico que resta de um balanço cuidadoso deste processo. A riqueza e a complexidade do pensamento de Marx raramente tocaram as cordas do Serviço Social, substituída que foi a documentação primária da tradição marxista foi cancelada pelo recurso a uma só de suas correntes, dogmaticamente situada como a “autêntica”, ou diluída em “sínteses” cujo suporte é o ecletismo mais desabusado. No limite, o que resultou foi menos a incorporação de componentes teórico-metodológicos e crítico-analíticos do que um acervo de núcleos temáticos que, desvinculados da sua contextualidade, tenderam para o clichê e a palavra-de-ordem.
O que ocorreu, a meu juízo, foi uma aproximação enviesada de setores do Serviço Social à tradição marxista – um viés derivado dos constrangimentos políticos, do ecletismo teórico e do desconhecimento das fontes “clássicas”.
A pertinência à tradição marxista pode ser precisada segundo um triplo critério: o método crítico-dialético, a teoria do valor-trabalho e a perspectiva da revolução. A arquitetura teórica marxiana está fundada neste tripé – sem a presença simultânea destes três componentes, a sua construção teórica desaba.
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