Pesquisa Questão Social - RA - Recanto das Emas -DF

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Universidade de Brasília – UnB

Departamento de Serviço Social

Disciplina: Questão Social

Professora: Marlene Teixeira

Aluno(a)s:

Jéssica Silva 16/0126827

Isabela Polaro Santos Munhoz 16/0125707

Sheila da Silva Neres 16/0144957

Pesquisa Empírica sobre a RA XV -  RECANTO DAS EMAS

 A região administrativa Recanto das Emas (RA XV) foi criada em 28 de julho de 1993 pela Lei nº 510/93 e regulamentada pelo Decreto nº 15.046/93, para atender o programa de assentamento do Governo do Distrito Federal e erradicar, principalmente, as invasões localizadas na RA I – Brasília. O nome da RA originou-se da associação entre um sítio arqueológico existente nas redondezas, designado por “Recanto”, e o arbusto “canela-de-ema”, muito comum naquela área. Antigos moradores contavam que havia na região uma grande quantidade de emas – espécie própria do cerrado e, diante do processo de ocupação rural e urbana, esses animais foram ficando cada vez mais raros e algumas aves teriam sido doadas ao Jardim Zoológico de Brasília.

Inicialmente foram distribuídos 15.619 lotes, com previsão de 86 mil habitantes, mas em 2015 já contabiliza uma população de mais de 145 mil habitantes (PDAD 2015).

• A principal referência urbana é o monumento das emas, localizado na entrada do Recanto. A obra foi transformada em cartão postal da cidade.

De acordo com a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios – PDAD 2015

Recanto das Emas – RA XV

(Pesquisa realizada nos meses de janeiro a março de 2015 com amostra de 800 domicílios)

•A área urbana formal da RA Recanto das Emas é formado por 59 quadras residenciais, contando com 100% rede de água potável, 100% de rede de esgoto, 95% de iluminação e aproximadamente 99% de drenagem pluvial e asfalto.

• Domicílios urbanos estimados: 41.434

• População estimada 2015: 145.304

• Taxa Média Geométrica de Crescimento Anual –

TMGCA: 2,24% (em relação a 2013)

• Renda:

• Domiciliar média mensal: 2.747,59 (3,49 salários mínimos)

• Per capita R$ 803,92 (1,02 salários mínimos)

Pontos Principais

• Do total de habitantes, 49,07% estão na faixa etária de 25 a 59 anos. As crianças de zero a 14 anos representam 21,12% e os idosos 9,18%.

• Quanto ao nível de escolaridade, sobressai a categoria dos que possuem ensino fundamental incompleto com 38,48% e o ensino médio completo, 23,03%. Os que possuem superior completo e incompleto representam 5,52% e 5,16%, respectivamente.

• Do total dos alunos do Recanto das Emas, 78,35% estudam na própria Região Administrativa, 9,97% em Taguatinga e 5,72% no Plano Piloto.

• Os ocupados desempenham atividades predominantemente no Comércio, 28,57%, e nos Serviços Gerais, 26,25%. A Construção Civil representa 9,88%

• Entre os trabalhadores residentes na Região Administrativa Recanto das Emas, 30,73% trabalham na RA I Plano Piloto, 24,00% na própria RA e 9,72% em Taguatinga.

• Abastecimento de água, energia elétrica e coleta de lixo estão praticamente universalizados na região e o esgotamento sanitário atende 91,70% dos domicílios.

• Cerca de 55% dos domicílios possuem automóvel, sendo que em 20,63% os automóveis têm no máximo cinco anos de fabricação. Bicicleta é o segundo veículo com maior participação, 18,11% .

• A população ocupada utiliza, como meio de transporte para o trabalho, o ônibus,

64,72% e automóvel, 18,60% .

• A estrutura urbana conta com 24 escolas públicas, uma biblioteca pública com brinquedoteca, dois centros de saúde, um Núcleo de Inspeção de Saúde, e vários estabelecimentos bancários.

• O tipo de domicílio predominante é casa, mas há uma tendência a verticalização progressiva, como já ocorre em RAs vizinhas, como Samambaia, Riacho Fundo e Gama.  Predominância de casas e o pequeno percentual de apartamentos/quitinetesestúdio- ocupação muito horizontalizada com poucos edifícios em altura. Perfil tende a se alterar progressivamente, acompanhando tendência de verticalização que já ocorre em RAs vizinhas, como Samambaia, Riacho Fundo e Gama.

• Os principais eixos estruturadores do sistema viário são: a Avenida Vargem da Benção, Avenida Recanto das Emas e a Avenida Monjolo, que confluem para o terminal rodoviário, e ainda a Avenida Ponte Alta, menos extensa. Os poucos eixos de acesso à DF- 001 implicam em um número reduzido de conexões externas ao sistema viário do DF.

(Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios - PDAD2015 Recanto das Emas – RA XV)

Entrevistas com moradores/trabalhadores do Recanto das Emas:

• Queixas principais dos entrevistados:

Falta de lazer, Insegurança, Violência, Tráfico de drogas.

• Jenherfon 21 anos, mora no Recanto desde criança. Trabalha em uma loja de materiais elétricos há 2 anos. “Não terminei a escola porque precisava ajudar em casa. Já trabalhei em Lava-Jato, padaria. Aqui é bom de morar, mas muito violento. Já fui assaltado tantas vezes que nem lembro mais, na rua e no trabalho. Não dou bobeira, mas esses moleques são rápidos. Aqui também não tem muita coisa pra fazer, quando tô de folga jogo bola no campinho novo que fizeram, mas antes era de terra. Agora tá bom. Queria também que tivesse um shopping.”

• Edilene, 35 anos, mora no recanto das emas a 10 anos, profissão manicure. Veio do nordeste, sozinha para trabalhar em casa de família e em busca de melhor condição de vida, escolheu o Recanto para morar por já ter alguns conhecidos que indicaram o lugar, hoje é casada, tem dois filhos e mora em uma casa que construiu com a ajuda do marido, que trabalha de serviços gerais no Plano Piloto. Ela trabalha como manicure em Águas Claras mas disse que no Recanto das Emas também tem muita oportunidade de emprego mas que prefere trabalhar em Águas Claras porque já tem clientes fixas de anos e o salário é maior. Ela relata que gosta de morar no Recanto das Emas pois é onde ela tem muitos amigos, mas que não se sente segura pra sair a noite, e se preocupa principalmente com os filhos, que não tem lazer e nem lugares para brincar, segundo ela há muito tráfico de drogas da região e ela teme por isso. Para a ela, por questão de segurança e falta de opção, a diversão nos fins de semana é sempre reuniões em casa de vizinhos. A entrevistada disse que o transporte para o Recanto não tem muitos problemas, relatou que sempre passa ônibus pra ela ir pra casa mas dependendo do horário, todos passam muito lotado, então ela acaba chegando em casa muito tarde. Edilene também diz que nunca vai ao Plano Piloto, pois segundo ela “não tem nada pra ela lá” e é muito longe. Para ela o Recanto e Taguatinga já suprem suas necessidades. Taguatinga é a cidade onde ela mais cita como um local onde ela vai parar lazer, já que a principal reclamação dela é falta disso. Os filhos estudam em escola pública perto de casa e vão e voltam andando pra casa.

• Rose, 25 anos, empregada doméstica. Rose veio da Bahia com o namorado, que é pedreiro para juntar dinheiro para casar e comprar uma casa, moram no recanto junto com a irmã do namorado. Ela reclama muito da cidade, por não poder andar na rua com medo de assalto, por ser de uma cidade do interior da Bahia, ela se diz não acostumada em não se sentir segura onde mora, ela diz que só fica em casa depois que chega do trabalho, porque na cidade não tem nada pra fazer e mesmo que tivesse não sairia, principalmente a noite que a rua fica até deserta. Ela relata que não conhece ninguém, além da cunhada e que sofre muito morando no Recanto da Emas, que seu sonho é voltar pra sua cidade na Bahia mas o marido quer casar e morar no DF, pois quer melhores condições de vida. Segundo ela, ela prefere as condições de vida do interior e que não moraria para sempre no Recanto das Emas, que é desorganizado e perigoso. Rose diz que vai ficar por lá, pois é mais barato para morar pois divide aluguel com a cunhada mas que quando for casar vai procurar outro lugar, mais tranquilo, para morar.

• Andrey, 20 anos.  Me disse que já foi assaltado 5 vezes e o policiamento é péssimo. Ele queria mais segurança e policias rondando pela cidade. Não tem nada de lazer também.

• Antonio, 56 anos. “Abri minha loja qui no Recanto tem 8 anos. Eu trabalhava na Ceilândia mas lá tava fraco e achei melhor vir pra cá porque o comércio tá crescendo. Aqui é bom, tem muita gente na rua. Mas perigosos demais, já fui assaltado 2 vezes. E não adianta chamar a polícia, quando chegam o cara tá longe. Uma delas o cara botou a arma na minha cabeça na véspera de natal. Quando vejo menor de bicicleta já fico com medo. Nem vendo mais antirrespingo porque eles ficavam de olho. Meus vizinhos todos já foram assaltados. Já cansei de reclamar também do esgoto que transborda aqui na rua, já fui até na tv e nada. Fica tudo fedendo, espanta os clientes.”

• Entrevista com a Assistente Social do CRAS foi desmarcada pela mesma. Estamos tentando uma nova data.

Referências:

Em: http://www.codeplan.df.gov.br/images/CODEPLAN/PDF/pesquisa_socioeconomica/pdad/2015/Apresentacao_PDAD_Recanto_das_Emas.pdf   Acesso em 24 de setembro de 2016

http://www.codeplan.df.gov.br/images/CODEPLAN/ODM/03.%20Recanto%20das%20Emas.pdf   Acesso em 23 de setembro de 2016

http://www.codeplan.df.gov.br/images/CODEPLAN/PDF/pesquisa_socioeconomica/DEURA/Estudo_Urbano_Ambiental-Recanto_das_Emas_2015.pdf Acesso em 23 de setembro de 2016