Fichamento Modo de Vida dos Paulistas
Por: blantunes • 23/11/2018 • Resenha • 1.406 Palavras (6 Páginas) • 332 Visualizações
Modos de Vida dos Paulistas: identidades, famílias e espaços domésticos
SETUBAL, Maria Alice (coord.)
- A genta paulista e a vida Caipira
Muito se fala sobre a desmoralização do Caipira ao citar autores como Monteiro Lobato e Cornéliodo de Cultura e aprendizado, homogeneizados por uma visão elitista da época em que as riquezas não tinham adentrado ao interior paulista. Até que no século XIX com o aumento das áreas de plantio de cana houve espaço também no cultivo de outras culturas: o café e o algodão.
“No latifúndio e na cidade, ao Pires que em sua literatura abordam o morador do meio rural como alguém desprovis poucos, vai se introduzindo uma transformação em seu modo de vida e visão de mundo. Modifica-se o mobiliário, aprende-se a sentar em cadeiras, a utilizar um talher.” (SETUBAL, 2004, p. 39)
“Mais uma geração e os filho dos latifundiários vão estudam no Rio de Janeiro, em Coimbra ou na Bélgica. Voltam doutores ilustrados, com hábitos refinados e acham, se não engraçado, ao menos ridículo ser como eram [..] É o prenúncio do afastamento da cultura tradicional. Nasce um desejo de não pertencer a ela, mesmo fazendo parte. Para alguns importa ser moderno ou ao menos diferente.” (SETUBAL, 2004, p.39)
Apesar de uma suposta necessidade de modernização o “ser caipira” ainda permanece dentro das edificações externamente contemporâneas à época. Os costumes, as músicas e o jeito de falar, ainda são remanescentes da cultura dessa época que aos poucos dissolve-se na presença do imigrante italiano no cultivo de café. Com ele, a necessidade intrínseca de urbanização europeia; Os divertimentos giravam em torno das oportunidades oferecidas pela convivência, a venda do bairro e as festas religiosas.
Por fim a autora endossa o caipira dos dias de hoje, incluindo até mesmo a metrópole paulistana como parte integrante deste amontoado de informações linguísticas e culturais.
2. Famílias Paulistas, Famílias Plurais
“Dessa pequena síntese realizada até aqui, parece estar claro que a família paulista teve uma origem bem diversificada, quebrando a ordem hegemônica integradora dos valores e costumes, guardados pela Igreja e pelo Estado” (SETUBAL, 2004, p.52)
Neste compilado de Maria Alice Setubal aborda mais sobre a formação da família paulista, questões como matriarcado e patriarcado, discutindo de forma interessante a participação da mulher enquanto autonomia das atividades rurais ou a presença da mulher como um ser submisso porém independente nas suas atividades urbanas. Abrange no texto até a queda do café após meados do século XX.
3. A vida cotidiana dos paulistas: moradias, alimentação, indumentária
“ Paulistas costumam pensar que visitar “cidades históricas” é partir para as antigas localidades de Minas Gerais ou ainda ir a Parati, Salvador ou Olinda. Não suspeitam que as cidades paulistas fundadas na era do sertanismo, do tropeirismo e da abertura das fazendas de açúcar e café guardam testemunhos tão belos quanto ameaçados pela falta de reconhecimento dos que as herdaram ou construíram.” (SETUBAL, 2004, p. 94)
“Os inventários de Campinas das primeiras décadas do século XIX, quando a produção de café dava os primeiros passos, já indicam a presença de novidades no mobiliário das casas urbanas e rurais. Relógios de parede, serviços de cristal e louça de Macau, realejos, espelhos e ainda muitas mesas leves aos poucos substituíram os pesados bufetes de pés torneados e o restante do sóbrio e reduzido mobiliário das vilas paulistas do período sertanista” (SETUBAL, 2004, p. 131)
Dois outros importantes tipos de casas rurais vão se agregar ao território paulista, vindos de Minas Gerais: o sobrado de dos pavimentos plenos e o sobrado de meia -encosta. p. 132
As casas assobradadas deram permissão à planta para haver uma separação entre áreas de habitação e serviços domésticos daquelas vinculadas à produção, depósitos ou moradia de escravos domésticos [p.132]
“O outro tipo de sede rural atribuída aos mineiros, o de meia-encosta, esteve presente em diversas localidades do Oeste Paulista e também do Vale do Paraíba, já na época do café. Caracterizava-se basicamente por assentar em um declive, tendo apenas um andar pleno, o superior, enquanto o inferior tinha menores proporções, pois encaixava na encosta que suportava parte do piso superior. Um terreiro externo, chamado quadrado, era comum ao lado desse piso superior.” (SETUBAL, 2004, p. 133)
“Pela primeira vez, desde o início da colonização da América pelos portugueses, as elites paulistas puderam dispor, nas moradias, de luxo equivalente ou superior ao das residências das ricas famílias nordestinas ou do Rio de Janeiro” (SETUBAL, 2004, p. 146)
Com a chegada da ferrovia, foi possível ao grande cafeicultor latifundiário, ter conhecimento da vasta oferta de objetos manufaturados através de viagens frequentes à capital paulista, à Corte e a Europa. p. 146
“Tanto nas fazendas quanto nas moradas urbanas, as salas receberam móveis neoclássicos tardios, inspirados nas linhas napoleônicas e na produção alemã denominada Biedermeier, e sobretudo, a grande marca dos móveis de salão do século XIX: as cadeiras, poltronas e sofás de palhinha. Substituindo os duros assentos de sola ou os de damasco de seda carmim comuns no período colonial, os assentos e encostos de medalhão oval com as finas tiras de palha trançada tornavam os móveis mais leves, permitindo rearranjos para bailes ou flexibilizando a disposição para recepções mais amplas ou íntimas.” (SETUBAL, 2004, p.147)
[SALA]
Móveis de palhinha, inspirados em peças francesas, marcaram muito o interior paulista na época. “ A mobília da sala de visitas varia de conformidade com o maior ou menor luxo da casa, mas, o que se encontra em todas elas é um sofá, com assento de palhinha e três ou quatro cadeiras dispostas em alas rigorosamente paralelas que, partindo de cada extremidade da primeira peça, projetam-se em direção ao meio da sala. Quando há visitas, as senhoras sentam-se nos sofás e os cavalheiros nas cadeiras.” (SETUBAL, 2004, apud KIDDER 1839, p. 147)
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