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A DIVERSIDADE DE FUNGOS EM ESPÉCIES NATIVAS E CULTIVADAS DE ORQUÍDEAS NO SUL DA BAHIA

Por:   •  11/9/2022  •  Artigo  •  4.213 Palavras (17 Páginas)  •  117 Visualizações

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        Fungos cultivados de orquídeas        

Agrotrópica 30(2): 101 - 108.  2018.

Centro de Pesquisas do Cacau, Ilhéus, Bahia, Brasil

DIVERSIDADE DE FUNGOS EM ESPÉCIES NATIVAS E CULTIVADAS DE ORQUÍDEAS NO SUL DA BAHIA

Cristiane D. dos Santos1,2*, Roberval O. da Silva1, Eliane L. Candeias1, Nadja S. Vitória3, Edna

Dora M. N. Luz4 e José Luiz Bezerra1,2

1Universidade Federal do Recôncavo da Bahia/ Centro de Ciências, Agrárias e Biológicas, Rua Rui Barbosa, 710, 44.380-000, Cruz das Almas, BA, Brasil. 2Universidade Estadual de Santa Cruz/Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais, Rodovia Ilhéus-Itabuna, km 16, 45662-900, Ilhéus, BA, Brasil. 3Universidade do Estado da Bahia/Departamento de Educação,  Rua do Gangorra, nº 503, 48.608-240, Bairro Alves de Souza, Paulo Afonso, BA, Brasil.

4Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC)/CEPEC, km 22 Rodovia Ilhéus/Itabuna,  45600-970, Itabuna, Bahia, Brasil.

*Autor para correspondência: agrocristiane@yahoo.com.br

As orquídeas são uma riqueza botânica singular pela grande diversidade e beleza de suas espécies muito apreciadas na floricultura. Apesar de rústicas são hospedeiras de muitos fungos, alguns deles patogênicos. Este trabalho teve como objetivos: estudar a diversidade dos fungos encontrados nas orquídeas silvestres e cultivadas do sul da Bahia e a quantificação dessas espécies fúngicas encontradas nas orquídeas estudadas de acordo com os locais, os gêneros botânicos e época do ano. Foram realizadas doze coletas em seis municípios diferentes, divididas nos períodos de maior e menor índice pluviométrico. O isolamento e a identificação foram feitos no Laboratório de Biodiversidade de Fungos da CEPLAC. Constatou-se maior abundância e diversidade de fungos no período de dezembro de 2010 a janeiro de 2011 do que no período de junho a setembro de 2011. Foram encontrados numerosos fungos patogênicos, endofíticos e sapróbios em orquídeas no Sul da Bahia, dos quais 12 são novos registros para a ciência quanto à distribuição geográfica e/ou ocorrência em novos hospedeiros. Um total de 24 espécies de fungos foi observado nos dois períodos de coleta.

Palavras-chave: Epifitismo, endofitismo, fungos, Orchidaceae

Diversity of fungi on wild and cultivated orchids in Southern Bahia. Orchids are considered a rich treasure to the world of botany due to its diversity and beauty which is prized by floriculture. Despite being considered relatively rustic they are hosts to many fungi includindg pathogenic species. The scope of this paper was: to study the diversity of fungi in wild and cultivated orchids in Southern Bahia, and the quantification of these fungal species found in orchids studied in relation to local, plant genera and time of the year. Twelve samples were collected in six different municipalities during periods of high and low rainfall. Isolations and identifications were made in the Laboratory of Fungal Biodiversity of CEPLAC, Ilhéus, Bahia, Brazil. Abundance and diversity of fungi were higher during December 2010 and January 2011.  Numerous pathogenic, endophytic and saprobic fungi were found in orchids in Southern Bahia, of which 12 are new records for science regarding the geographical distribution and / or occurrence in new hosts. A total of 24 fungal species were collected for the two periods of collection.

 Key words: Epiphytism, endophytism, fungi, Orchidaceae

Recebido para publicação em 21 de novembro de 2017.  Aceito em 31 de julho de 2018.                                                           101

DOI:10.21757/0103-3816.2018v30n2p101-108

Introdução

A família Orchidaceae tem aproximadamente 899 gêneros, mais de 27.000 espécies aceitos e 120.000 híbridos (The Plant List 2017). O Brasil possui 220 gêneros, sendo 27 endêmicos e 2475 espécies, das quais 1589 são endêmicas. É o país com maior diversidade e quantidade de orquídeas juntamente com a Colômbia e a Venezuela (Flora do Brasil 2020, 2018). O comércio dessas plantas anualmente gera em torno de 20 milhões de dólares (Moreira et al., 2007).

Apesar disso, existem poucos estudos científicos sobre a diversidade de fungos associados a essas plantas. As doenças causadas por fungos nas orquídeas representam um grande problema para os produtores e cultivadores dessas plantas e por isso tem recebido mais atenção no Brasil (Klein, 2008). Este estudo revela a ocorrência de fungos presentes em orquídeas no sul da Bahia incluindo espécies parasitas e patogênicas.

Metodologia

Área de coleta

As coletas foram realizadas no período de 17/12/ 2010 a 05/09/2011 em seis municípios (Itabuna, Ibicuí, Itororó, Ilhéus, Itapebí e Jussari) do sul da Bahia. Durante esse período foram feitas duas coletas em cada município, sendo a primeira realizada no período dezembro de 2010 a janeiro de 2011 e a segunda no período de julho de 2011 a setembro de 2011. As coletas foram realizadas em orquidário a céu aberto e sob árvores (Ilhéus); orquidário ripado e telado (Itapebí); orquidário improvisado sobre cobertura residencial (Itabuna); orquidários em quintais (Ibicuí, Itororó); árvores povoadas natural e artificialmente (Jussari). As coletas de Itapebí, Ilhéus, Itabuna e Jussari foram realizadas em área de Mata Atlântica enquanto que as de Itororó e de Ibicuí em área de transição entre Mata Atlântica e áreas caracterizadas por vegetação rasteira e capoeiras.

Isolamento

As plantas com sintomas e sinais de doenças foram levadas ao Laboratório de Biodiversidade de Fungos do Centro de Pesquisa do Cacau (CEPEC) da Comissão Executiva do Plano da Lavoura Cacaueira (CEPLAC), onde foram lavadas com sabão neutro em água corrente e em seguida foram cortadas em fragmentos de 5 milímetros. Os fragmentos com uma parte doente e a outra sadia foram desinfetados em álcool 70% por 2 minutos, hipoclorito de sódio a 1% por 2 minutos, lavados por 4 vezes em água destilada e esterilizada (ADE) e transferidos para placas de Petri com meio de batata-dextrose-agar (BDA). Após o aparecimento das colônias estas foram purificadas e identificadas quanto à espécie.

Identificação

As identificações genéricas e específicas foram feitas a partir de culturas puras dos fungos em meios BDA, em placas de Petri, com cinco a 30 dias de crescimento. A caracterização morfológica foi procedida através de observações das características macroscópicas das colônias e microscópicas das estruturas somáticas e reprodutivas. Com o auxílio de chaves taxonômicas existentes na literatura especializada chegou-se à identificação dos gêneros, enquanto que as espécies foram identificadas comparando-se as descrições específicas segundo: Arx & Muller (1954), Guba (1961), Muller & Arx (1962), Seifert et al. (2011).

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