Consumidores de alimentos orgânicos: discursos, práticas e auto- atribuição de responsabilidade socioambiental.
Por: robertakpo • 14/12/2015 • Trabalho acadêmico • 1.063 Palavras (5 Páginas) • 373 Visualizações
Consumidores de alimentos orgânicos: discursos, práticas e auto-
atribuição de responsabilidade socioambiental.
O presente trabalho que tem por foco principal analisar e compreender o
que tem sido chamado de “ambientalização e politização do consumo”, ou seja,
a percepção e o uso das práticas de consumo como forma de materializar valores
e preocupações ambientais e sociais. A preocupação com os impactos ambientais
dos padrões e níveis de consumo ganhou força a partir da década de 90, a partir
de um deslocamento discursivo da questão ambiental, de uma preocupação com
os “problemas ambientais relacionados à produção” para uma preocupação com
os “problemas ambientais relacionados ao consumo, ambientalização e
politização da vida privada e a um maior protagonismo dos consumidores”.
Com isso temos, como consequência, a construção de uma nova
categoria – o “consumidor responsável” – que manifesta grande envolvimento
com a questão ambiental, se auto identifica como um ator social importante e se
auto atribui responsabilidades e deveres com relação à mesma.
A politização e ambientalização do consumo, através da auto-atribuição
de e da construção do “consumidor responsável”, será aqui examinada através
do engajamento no consumo de alimentos orgânicos. Esta escolha se deve à
significativa visibilidade política das escolhas alimentares, devido aos riscos
sociais, ambientais e para a saúde percebidos na produção e no consumo de
alimentos industrializados.
O foco aqui será justamente o consumo de alimentos orgânicos, uma das
práticas mais importante do Consumidor sustentável já que se preocupa com
riscos sociais e ambientais para a saúde causados pelo consumo dos produtos
industrializados. Não só a preocupação nutricional, sanitária, social e histórica,
além da dimensão ética, política, ideológica. Também traz benefícios aos
pequenos produtores locais o consumo desses produtos, ou seja, é algo que faz
bem a quem produz e a quem consome. A partir dessa ótica de procurar
consumidores com essa preocupação muitas empresas encontraram um novo
nicho de mercado.
O campo escolhido para o estudo foi à feira orgânica e cultural da Glória
no Rio de Janeiro, frequentada semanalmente do segundo semestre de 2007 ao
início de 2008. A pesquisa qualitativa foi realizada na forma de coleta de dados,
observação participante, conversas informais, entrevistas qualitativas
semiestruturadas e acompanhamento de alguns frequentadores da feira em suas
rotinas de compra semanal. A referida feira se mostra como uma forma de
conferir objetividade e valores, utopias, além de insatisfações e um desejo de
participação na esfera pública. Trata se de um espaço de sociabilidade
Até os anos 70 predominavam se os movimentos radicais-coletivistas a
partir dos anos 80 esses movimentos começaram a ser substituídos por ações
romântico-individualistas. Os indivíduos dessas ações não fazem parte de
nenhum movimento institucionalizado, porém, mesmo sem participar ativamente
estes consumidores adotam uma ação “heroica”. As pesquisas mostraram que
alguns destes consumidores não têm confiança nestas instuições, mas que veem
como consumidores uma oportunidade de protestar, se opor a logica do
dominante, desta forma tentar reivindicar por seus ideais.
Esses consumidores que se convencionou a chamar de “consumidores
cidadãos”, buscam uma forma de autonomização e politização da esfera privada,
essas ações nas ultimas quatro décadas são refletidas pela globalização, a
destradicionalização e a reflexibilidade social. Hoje o individuo ao decidir
efetuar uma compra tem como refletir todos os aspectos da compra e de como é
produzir o produto, com isso os indivíduos precisam se acostumar a refletir e
filtrar as informações sobre todos os aspectos rotineiros da vida cotidiana,
tomando decisão com base nessas reflexões e conhecimentos.
Todo esse novo senário nos trás os fenômenos da destradicionalização e
do desaparecimento da natureza, novas preocupações se juntam às politicas
emancipatórias tradicionais, dando origem à chamada politicas de vida, que se
preocupam com o engajamento de preocupações de como devemos viver, como
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